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Mercado de leite: nova era, velhos problemas

MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

EM 09/10/2007

9 MIN DE LEITURA

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O mês de setembro marcou a reviravolta do mercado de leite. De uma situação de alívio por preços mais altos, principalmente por parte de dois segmentos que normalmente têm margens muito reduzidas - o de leite UHT e o produtor - passamos a ver cada vez mais próxima a queda que, como em uma montanha russa, parece tão mais elevada quanto mais alto foi o pico.

O que exatamente vem acontecendo no mercado de lácteos? Embora seja difícil ter todas as peças à mão para poder fazer uma análise definitiva, arrisco-me aqui a dar a minha versão para o que ocorreu na produção e no mercado de leite neste ano. Também, aproveito para levantar algumas questões recorrentes no nosso mercado de lácteos e que, mais uma vez, se fazem presentes.

O ponto de partida é que, embora historicamente (se analisarmos os últimos 20 ou 30 anos) os preços desse primeiro semestre não tenham sido tão altos assim, o fato é que analisando a história recente do setor, os preços foram sem dúvida atrativos. Se analisarmos os ganhos de eficiência ao menos dos produtores mais tecnificados, conclui-se que os preços até setembro remuneraram bem - e muito bem. Tanto que preços de vacas e novilhas subiram muito e os leilões foram recordes.

Em um mercado onde não existe barreira de entrada, preços altos estimulam o aumento da produção. Isso está ocorrendo também no mercado mundial: uma das conseqüências dos preços elevados é o estímulo ao desenvolvimento da produção leiteira de países dormentes. Quem pode aumentar a produção, vai aumentar. Até os Estados Unidos, com um sistema tecnificado e com pouca margem de manobra, teve elevações interanuais de 3,6%. Além disso, à medida que os lácteos sobem de preço, há mais e mais efeito-substituição: os consumidores passam a procurar outros produtos mais econômicos. Em outras palavras, preços elevados são interessantes, mas até certo ponto, na medida em que não estimula novos entrantes e não afugenta o consumidor. Como disse Noel Coakley, presidente da Irish Dairy Board, "a cura para preços altos são...preços altos". É a velha oferta e demanda agindo. Portanto, com os preços verificados no primeiro semestre e, mais do que isso, com o clima de otimismo instalado por conta de novos investimentos no setor e pelo fato do leite passar a ser visto como um mercado atrativo, é natural que a oferta se eleve.

Assim, à medida que os preços foram se consolidando nas principais regiões produtoras, o leite possível de se aumentar foi aumentado, seja via pastagens de inverno no sul, seja via concentrado e BST, como nossos leitores sugeriram, nas demais regiões. O resultado foi que, nos últimos meses, a oferta cresceu sobre o mesmo período do ano passado. O gráfico 1 mostra os aumentos de junho para julho e de julho para agosto nos últimos 4 anos, de acordo com o Cepea/USP. Percebe-se que o fenômeno verificado no ano passado é distinto do que ocorreu nos últimos 4 anos: apesar da seca muito forte, o leite subiu bastante de volume.

Gráfico 1. Crescimento da oferta de leite entre junho e julho e julho e agosto nos últimos anos


Pode-se argumentar que havia pouco leite no mercado e que esse aumento, em época de entressafra, não foi significativo. Tudo bem, a disponibilidade de leite pode não ter sido fantástica, mas dados do IBGE, divulgados em final de setembro indicam bom crescimento da produção. No primeiro semestre desse ano, a produção formal foi 4,6% acima da produção de 2006, isso em um semestre que colheu os desestímulos do ano passado e do segundo semestre de 2005, ou seja, mesmo a situação estando longe do ótimo, o setor respondeu (gráfico 2). Nos últimos 6 anos, o aumento interanual só não foi maior do que os 13,8% de 2005 sobre 2004. Segundo o Cepea, a captação em agosto - mês de entressafra no sudeste e centro-oeste - foi a maior de um único mês, desde que o levantamento se iniciou.

Gráfico 2. Variação da captação formal de leite no primeiro semestre


Clique no gráfico para ampliá-lo.

Não se pode dizer, portanto, que não havia leite e que o aumento dos últimos meses tenha sido desprezível. O que explica então a escalada de preços no atacado e varejo, chegando ao produtor e gerando a expectativa mais favorável em muitos anos? De um lado, o crescimento econômico próximo dos 5%, algo com o qual não estamos acostumados a lidar. Esse crescimento foi ainda maior nos segmentos de baixa renda. Hoje, 1 em cada 4 brasileiros recebe Bolsa-Família. No Nordeste, 1 em cada 2 habitantes recebe a ajuda. Sem discutir os méritos e ir a fundo nessa questão, o fato é que esse dinheiro estimula o consumo de uma população que apresenta demanda reprimida por proteínas animais de alta qualidade, como os lácteos. De outro lado, havia e há o mercado internacional em alta histórica, puxando os preços do leite em pó e, com isso, forçando os demais segmentos a acompanhar os preços praticados.

O resultado disso foi um aumento considerável, ainda que abaixo das elevações verificadas no mercado internacional, para os preços dos lácteos no Brasil, que, como já comentado extensivamente no MilkPoint, foi assunto de mídia durante um bom período, inclusive colocando o produto como um dos vilões da inflação. Segundo a Abras (Associação Brasileira de Supermercados), os lácteos foram o destaque de janeiro a julho, com aumentos de vendas da ordem de 14,52% para o leite UHT, 9,59% para a mussarela e 9,55% para o leite em pó. As vendas gerais de alimentos foram 6,63% maiores, mostrando que os lácteos de fato subiram mais do que a média de todos os produtos.

Tivemos, então, uma situação inédita. Um aumento razoável de produção e preços bem acima da média histórica, com destaque para o leite UHT, o produto mais comoditizado do mercado. O sistema estava sendo ponto à prova: o consumidor se deparava com preços com os quais nunca vira e o produtor, depois de muito tempo, vislumbrou um cenário positivo. Nessa situação, seria pouco provável que novos aumentos de produção como os verificados nos últimos 2-3 meses não resultassem na tendência de queda. Ou que, lá na frente, não houvesse reação do consumidor. Em um primeiro momento, sofreram os produtos de valor agregado, mais supérfluos (no aperto, leva-se o leite e deixa-se o iogurte). Depois, o efeito chegou ao leite também.

Mas e as exportações, não podem servir de válvula de escape para os excessos? É bem verdade que hoje temos condições bem mais propícias para escoar produto do que há 5 anos, o que nos coloca em algum grau nivelados com o mercado internacional. Porém, nunca fomos testados para volumes elevados de excedentes: é preciso ter capacidade de secagem, empresas em condições de exportar, clientes no exterior. E isso não se faz de uma hora para outra. Talvez nossa capacidade atual de exportação não seja hoje maior do que 120.000 toneladas de leite em pó/ano, o que dá 1 bilhão de litros.Tirando Nestlé e Itambé, o que resta são volumes ainda modestos. Não há dúvida que isso vai mudar nos próximos anos, mas assim como a infra-estrutura para produção de cimento é limitada no país, tirando o sono do presidente Lula, a infra-estrutura para exportar grandes volumes de lácteos simplesmente ainda não existe hoje.

De qualquer forma, embora diante desse cenário interno fosse esperado algum ajuste, a magnitude deste reajuste no curto prazo assusta, refletindo, em última análise, os problemas crônicos dos quais padecemos:

• forte dependência do mercado de UHT, que é altamente concorrencial, tem capacidade ociosa, marcas em geral fracas e alta dependência do grande varejo como o único canal seguro de escoamento. O caminho para minimizar esses efeitos que aparecem sempre que existe algum sinal de sobre-oferta é a consolidação no setor, com menos empresas, com maior poder de barganha e mais informação de mercado (além de coibir definitivamente a fraude). Em outras palavras, a forma como o mercado de UHT está estruturado é um prato cheio para o grande varejo se esbaldar nesses momentos. Além disso, o comportamento oportunista de lado a lado (indústrias e varejo) sempre traz os dois lados da moeda: se, na escassez, o que vale é especular ao máximo, na sobra, passa a valer a lei do mais forte. Qualquer empresa que tente um comportamento diferente sairá perdendo. O resultado, para o setor, é a impresivibilidade de oferta e uma gangorra de preços que impede o planejamento por parte de todos.

• a meta do governo é segurar a inflação e sempre que determinados alimentos básicos se elevam, é assunto na imprensa. Vários leitores têm comentado que a água engarrafada e o refrigerante não sofrem esse tipo de policiamento do governo e da mídia, e têm razão: não sofrem mesmo. Mas também não são vistos como produtos essenciais, que não pode faltarna mesa dos consumidores, tanto que os programas governamentais de aquisição de leite são sempre aproveitados politicamente. Não há dúvida que o leite tem um valor menor do que deveria ter, se comparado com outros produtos. Mas o que quero dizer é que, enquanto nossa fonte de renda principal for o leite fluido, um produto tido como essencial, e não fizermos nada para melhorar a comunicação, sempre que subir de preço, o mundo chia. E, convenhamos, não é só o leite que carrega esse "fardo". Outro dia vi em telejornal um matéria sobre o aumento dos preços do frango...É possível reverter? Talvez, mas para isso é preciso que se invista, como muito bem colocou Paulo do Carmo Martins (clique aqui) em marketing e reforço da imagem do setor junto ao governo, a imprensa e, principalmente, ao consumidor. É um longo caminho e, enquanto não for trilhado, o consumidor vai sempre reclamar quando os preços subirem acima do que ele considera justo. Também - e aí é assunto para outro artigo - é necessário que se invista em inovação e agregação de valor, dependendo menos dos produtos mais comoditizados para geração de renda.

Tudo isso me remete à questão central: apesar da evolução na produção e, sem dúvida, dos avanços que a cadeia do leite vem tendo, falta-nos enfrentar problemas recorrentes cuja não-solução nos faz ficar ao sabor da oferta e demanda.

Acabei de retornar do World Dairy Summit, na Irlanda. Trata-se do principal evento do setor, em que líderes mundiais debateram os principais aspectos relativos à cadeia de produção de leite no mundo. A mensagem mais importante foi de que é necessário fazer a lição de casa, mesmo nos momentos de preços elevados.

Nas palavras de Andrew Ferrier, principal executivo da Fonterra, empresa que hoje exporta sozinha mais do que a Europa inteira: "Com os preços mais elevados, temos de fazer um esforço ainda maior para proteger nosso mercado. Temos que justificar os gastos maiores com lácteos por parte dos consumidores, principalmente nos países em desenvolvimento, que são os mercados mais promissores. Podemos manter o crescimento do mercado, desde que tenhamos uma ação global para defender os lácteos nesse momento".

Ferrier, assim como Richard Smith, CEO da DFA, maior cooperativa dos EUA, e Justin Sanders, CEO da Campina, na Holanda, enfatizaram a importância do setor ser mais ativo nesse momento. Todos mencionaram a importância estratégica da união de esforços em torno da Global Dairy Platform, www.globaldairyplatform.com, que reúne as principais empresas de lácteos do mundo com o intuito de integrar pesquisas científicas em estágio pré-comercial, além de esforços de promoção e questões de regulamentação governamental entre as regiões.

O mercado provavelmente terá novos momentos interessantes. Afinal, a conjuntura de médio prazo continua bastante favorável para os lácteos no mundo. A questão, no que se refere ao Brasil, é se vamos efetivamente aproveitar esses momentos para fazer o que precisa ser feito, ou se vamos, à semelhança da cigarra da fábula, ganhar o que for possível, sem pensar muito no amanhã.

MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

Engenheiro Agrônomo (ESALQ/USP), Mestre em Ciência Animal (ESALQ/USP), MBA Executivo Internacional (FIA/USP), diretor executivo da AgriPoint e coordenador do MilkPoint.

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CLAUDIO WERMELINGER DA FONSECA

NOVA FRIBURGO - RIO DE JANEIRO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 21/10/2007

Parabéns pelo artigo!

Produzir alimento neste país está se tornando cada dia mais difícil! Os políticos acham que o problema dos produtores se soluciona com empréstimos, que mesmo com juros baixos são impagáveis, e acham ainda que política agrícola é renegociar a dívida e fazer reforma agrária, enquanto que o mundo todo controla sua produção e protege seus produtores até mesmo com subsídios.

Mas, aqui no Brasil, nós ficamos à mercê do efeito motanha russa econômica, como por exemplo na produção de leite, onde o preço, apesar de ter tido um aumento significativo, não cobre os custos finais (incluindo depreciação e novos investimentos).

Constatamos que mesmo com as altas que o leite teve, ainda se encontra aquém de um valor que pague e conpense esta atividade tão exigente.
MANUEL RODRIGUEZ CARBALLAL

MINEIROS - GOIÁS - PESQUISA/ENSINO

EM 16/10/2007

Caro Marcelo,

Parabéns pela sua análise, fundamentada em dados e perspectivas mais reais (sem euforia). É claro que preço bom é sempre bem vindo, porém acompanhando a história do setor láteo (como outros do agronégócio) era esperada esta oscilação nos preços. Importante lembrar para o produtor que o % que ele consegue alterar no fator preço (fora da porteira) é infinitamente menor que o % de alteração nos fatores de produção como eficiência de mão-de-obra, eficiência de máquinas e equipamentos, manejo alimentar, alimentos alternativos, eficiência reprodutiva e principalmente descarte de animais, onde a resistência é ainda muito grande (estas devem ser buscadas constantemente).

É uma questão de foco, melhorar eficiência interna sem, no entanto, deixar de "brigar" por preço.
Ganha aquele que se mantém equilibrado, como sempre!
JOSÉ FERREIRA NORONHA

GOIÂNIA - GOIÁS

EM 16/10/2007

Caro Marcelo,

Parabéns pela excelente análise do mercado de leite e derivados. A repercussão positiva dos leitores vai além da qualidade da análise. Confirma, uma vez mais, a credibilidade que MilkPoint conquistou sob sua liderança.

Um grande abraço.

Noronha, J.F.

<b>Resposta do autor:</b>

Caro Prof. Noronha,

Muito obrigado pelos comentários. É sempre bom saber que estamos no caminho certo, ainda mais vindo de alguém com tanto conhecimento e experiência no setor e na economia leiteira.

Grande abraço,

Marcelo
AFRÂNIO OTÁVIO NOGUEIRA

OUTRO - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 15/10/2007

É, a euforia de recuperação da margem de lucro do produtor de leite durou pouco... Em agosto se achava que a coisa iria melhorar. Que pena... Até quando vai continuar uma margem de mais de 50% do preço final ser dos beneficiadores e atravessadores?
CARLOS ALBERTO DOS SANTOS

BORDA DA MATA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 15/10/2007

Parabéns pelo alerta aos produtores de leite. Nossa alegria está jogada ao leu...

Se fecharmos nossas fazendas e não produzirmos um litro de leite sequer, será que alguém vai nos defender? Infelizmente somos em maior numero e menores em mobilização. Com os campradores é o inverso.

O que é pior, muitos que não conhecem a realidade adentro da porteira da fazenda opinam sobre o setor e sao ouvidos. E nos produtores?

Somos e seremos eficientes, não recebemos subsídio, e quando o mercado necessita de nossa eficiência respondemos à altura.

Compradores, aproveitem por tirar de nós nossa paixão...

Carlos Alberto dos Santos. - Sitio Dobrada do Morcego.
Produtor de leite de vaca em Senador Jose Bento Minas Gerasi
MAURO PAIM BERALDO

PASSOS - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 12/10/2007

Quando fala-se que a classe produtora é muito mal organizada e desunida, eu até concordo. Mas tentar reunir todos os produtores para uma manifestação ou uma reunião em algum lugar , isto não passa de um sonho. Porque não vai acontecer nunca.

Isto porque não é tão facil como parar uma fábrica qualquer, os funcionários apenas não vão trabalhar, a fabrica não é deles. Para nós, produtores, é um pouco mais complicado. Nós precisamos é de bons representantes, me desculpe alguns que eu sei que trabalham bem, mas esta tarefa é deles.

Quando você tem um problema jurídico qualquer e não sabe como resolvê-lo você não contrata um bom advogado? E ele se encarrega de tudo. Que arrume representantes formados em dierito, economia ou administração, pessoas que têm muito conhecimento do assunto e não alguns fazendeiros que não têm conhecimento nenhum como eu vejo por ai, principalmente em presidência de cooperativas, sindicatos, etc.
L. AGUIAR

ARAXÁ - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 12/10/2007

Sr. Marcelo,

Os velhos problemas continuam sem que ninguém faça nada para resolvê-los. O produtor continua desorganizado e sem quem defenda seus interesses. Tentar explicar o motivo da queda dos preços do leite é impossível. O milho teve alta esse mês de 43% e farelo de soja 30% e o leite teve queda no preço de 20%. Não chove em Minas Gerais, o maior produtor de leite do país há noventa dias e a produção está em queda.

Na verdade, quem continua ditando os preços é o governo, para baixar a inflação e as multinacionais que controlam o mercado desde a coleta até a comercialização final do leite. Parece que a crise que se anuncia vai ser pior do que a que pensávamos que tinha acabado. Se muitos produtores abandonaram a atividade nos últimos anos, acredito que agora sairão muitos outros.

Quem fez investimentos altos acreditando que o leite seria o petróleo branco e outras besteiras mais, que mostravam um otimismo exagerado com o mercado ficaram numa situação muito delicada. Não dá pra acreditar em um governo que valoriza mais o combate à inflação do que os interesses de seus produtores.
Mesmo sabendo que está destruindo um setor muito importante na atividade agropecuária do pais, que dá emprego a milhares de trabalhadores brasileiros.
DOUGLAS DE MENDONÇA THOMPSON

URUGUAIANA - RIO GRANDE DO SUL - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 12/10/2007

Quero cumprimenta-lo por sua análise. Lamentavelmente a cadeia do leite é muito vunerável. Política macroeconômica baseada no controle da inflação não permitirá o equilíbrio financeiro de gestão. A politica de valorização da bioenergia indiscutivelmente já está afetendo o custo da alimentação. Somente a união de todos com mudanças e atitudes poderá estabilizar o setor.

Fraternal abraço,
Douglas de Mendonça Thompson
RICARDO JOSÉ BASTOS

OUTRO - RIO DE JANEIRO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 12/10/2007

Prezado Marcelo,

Parabéns pela consistência da sua análise, porém já vimos este filme várias vezes, e a choradeira é sempre a mesma.

Por que não atacamos diretamente o problema que afeta toda a cadeia produtiva, com a implantação imediata do programa de marketing da Láctea Brasil, o combate efetivo a fraude, o cumprimento da IN 51, o combate ao leite informal, etc.?

Na minha visão só falta atitude. Gostaria muinto de saber sua opinião.

Um forte abraço
Ricardo Bastos
Presidente da comissão da pecuaria de leite da FAERJ
EVERTON GONÇALVES BORGES

IBIÁ - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 12/10/2007

Parabens pelo excelente artigo. Tenho batalhado dia e noite em um trabalho motivacional tentando uma maior união de nossos produtores, pois só assim vejo como alternativa para enfrentar os demais fortes e organizados elos da cadeia do leite.

Não é possível aceitar que no auge de uma das maiores secas do Sudeste/Centro Oeste, quando as silagens e as canas estão praticamente acabando, e ou, já acabaram, os preços dos grãos em grande alta, em consequência alta elevação nos preços dos concentrados, deparamos com os diversos compradores de leite apregoando cada dia mais noticias de baixa no preço.

Em meu modo de ver, o concentrado deve ser o balizamento da produção. Quando o preço está bom aumentamos seu fornecimento, quando o preço está ruim, vamos incentivar os produtores em diminuir seu uso, diminuindo a produção e consequentemente eliminando as quedas dos preços.

O concentrado deve ser igual uma sanfona: o preço está bom abre, está ruim, fecha, até equilibrar sem matar os produtores.
EDUARDO FERREIRA PORTO

OUTRO - BAHIA - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 11/10/2007

Prezado Macelo,

Parabéns pela riqueza deste artigo. As informações e dados apresentados neste seu trabalho nos ajuda, e muito, a tomada de decisões.

Para que sejamos reconhecidos e respeitados com membros indispensáveis desta cadeia produtiva, precisamos nos organizar e profisionalizar.

Vou lhe contar uma histórinha; aqui na minha região, não se pergunta ao produtor por quanto ele vende o litro de leite, mas, quanto o comprador paga pelo seu leite.

Um forte abraço.

ALEX M. M. SÁ ANDRADE

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS

EM 11/10/2007

Parabéns pela sua análise, mas espero que os principais diretores de empresas de leite também vejam por esse lado, aproveitando a oportunidade que o mercado está dando para o crescimento e consumo maior do leite e seus derivados.

Com essa análise e mais alguns acertos, acho que teremos nos próximos anos boas notícias do mercado lácteo.

Obrigado,
Alex
SERGIO LUIZ BRANT DE CARVALHO

ATIBAIA - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 11/10/2007

Parabéns e obrigado, Marcelo, por mais essa aula sobre o setor. Parabéns também a todos os que se manifestaram acima, pois concordo com todos os assuntos explanados. Vou aproveitar o que disse o Sr. Aroldo Augusto Martins, "o produtor tem que deixar de lado o coração e administrar sua empresa de alimento. Acrescento, tem que administrar bem!!!

A sobrevivência do setor leiteiro deve-se fundamentalmente a respeitar a velha lei da oferta e procura. Somos, como produtores, a parte fundamental nesta cadeia e infelizmente por nossa culpa a mais fraca. Temos que reverter este dilema, que há anos nos aflinge. Como?

Primeiramente precisamos saber qual é a efetiva demanda de leite para os próximos 12 meses para podermos organizar nossa produção, pois todos sabem que leite não se faz do dia para a noite. Qual é o nosso ponto de equilíbrio de renda na atividade? Devemos acelerar tudo quando há uma tendência de alta? Acredito que não, temos que trabalhar para manter o mercado constante, sustentável, "na real" como dizem os adolecentes, tudo que for artificial se reverterá contra nos mesmos meses depois.

Com estes dados nas mãos e com a ganância controlada, planejaremos se vamos aumentar a produção ou não! Compensa produzirmos mais leite, mais despesas, para auferirmos uma renda menor por causa de preços menores. Acho que essa é a chave, "sustentabilidade com renda", e por outro lado como somos a parte da cadeia mais fraca, vamos nos organizar para sermos respeitados e procurar a nossa liderança no comando desta nave à deriva que é o mercado de leite.

Um abraço a todos.
AGENOR TEIXEIRA DE CARVALHO

ARAXÁ - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 10/10/2007

Olá Marcelo,

Parabéns pela matéria. Não concordo com sua previsão de "grande" baixa. Acredito que deveremos ter queda de produção em plena safra, devido à enorme alta do prêço da ração. Esse aumento de produção nos últimos 90 dias foi única e exclusivamente devido ao poder de troca de ração que estava de 1.0 kg de leite por 1.55 kg de ração. Hoje esta troca já está em torno de 1.0 kg de leite por 1.2 kg de ração, sem levar em conta a baixa prevista para o próximo pagamento.

Tem também outro fator que pesou no aumento da produção nos últimos meses, que foi o "oportunista" tirador de leite (não produtor), que só "tira" leite em época de alta. Esse já está "saindo de fininho" sem nem esperar a suposta baixa.

Acho que os produtores não merecem ser reféns do leite UHT e de supermercados que usam o leite como isca nas prateleiras no fundo de seus estabelecimentos, pois é um produto que todas as classes consomem. Ainda tem o "Governo" que não tem a mínima boa vontade em ajudar a aumentar as exportações, pois é o leitinho de cada dia que está ajudando a manter seus programas sociais eleitoreiros.

Ainda bem que hoje temos um "grande" aliado do produtor que são as indústrias que fizeram altos investimentos acreditando no mercado futuro.

Já falei isso aqui e continuo batendo na mesma tecla, é "lei da oferta e da procura", se está faltando leite no mundo teremos preços no mínimo razoáveis.

Sugiro aos verdadeiros produtores que procurem baixar custos e aumentar a produtividade e que fiquem firmes na atividade e vamos esqucer supermercados, tiradores de leite, governo e outros mais e, pagar para ver o que vai acontecer.

Vamos fazer nosso marketing, elogiando nosso produto em todas oportunidades que tivermos, pois pode ser o começo de uma conscientização de todos, da grande importância de um produto tão nobre e insubstituível para todos.

<b>Resposta do autor:</b>

Caro Agenor,

Obrigado pelos comentários.

É possível que não haja uma grande baixa. No caso do UHT, porém, a qual me referi no artigo, a baixa foi sim muito rápida e drástica, voltando aos valores mais baixos de safra. Certamente algum reflexo ao produtor terá, mas concordo que ela não será repassada plenamente. Também, talvez teremos um ajuste em um patamar intermediário, à medida que os custos de alimentação elevados impactem na oferta, como você colocou.

A relação com os preços externos, a meu ver, existe, mas não para volumes muito grandes de leite. Acho que estamos em um momento complicado, mas talvez exagerado em função da recente queda do UHT que, aliás, parece que começou a reagir na semana passada.

Um abraço,

Marcelo
CLEMENTE DA SILVA

CAMPINAS - SÃO PAULO

EM 10/10/2007

Olá Marcelo, ainda bem que você não está na boleia dessa velha carreta, não é? E eu pergunto: Quem se importa com isso? No mundo inteiro ocorrem fenômenos como esse que ocorreu com o leite brasileiro nesses últimos seis meses, mas lá fora toda a cadeia é mais organizada e há muito respeito sobre tudo em relação ao produtor e o consumidor final, oque não ocorre por aqui.

Num artigo recente eu comentava que a pecuária leiteira brasileira em termos de planejamento e organização era comparável a uma velha carreta sem freios, sem pneus, com sobrecarga e com o motor queimando óleo, e que naquele momento estaria rumo ao topo da ladeira. E agora, José? Nesse momento a carreta está ladeira abaixo e ganhando velocidade! O que fazer? Procurar um barranco seria uma saída para evitar o precipício e tentar salvar pelo menos umas caixinhas de "UHT".

Não adianta chorar, gente! Ou aprendemos agora ou nunca. Toda a cadeia do leite tem que se unir e buscar uma saída definitiva e séria para essa situação! Não é impossível reverter essa história. Estamos muito preocupados com um mercado lá longe, há mais de 25.000 kms e que o mundo inteiro está de olho nele, estamos investindo para tentar ganhar uma migalha daquele mercado e deixando um mercado latente aqui debaixo de nossos olhos.

Eu já comentei aqui também, que no dia em que tivermos um marketing forte voltado para o leite e seus derivados, e que cada brasileiro que não conhece os benefícios que o leite trás à saúde de todos, tomar consciência e começar a consumir um copo de leite e a comer uma fatia de queijo ou um copo de iogurte por dia e que os que já sabem dessas vantagens passarem a consumir mais, o Brasil passaria rapidamente a grande importador de leite novamente.

Podem ter certeza de uma coisa: é muito mais fácil conseguirmos isso, do que achar que estamos ganhando o mercado da China, porque lá está o mundo inteiro querendo entrar, e, com produtos muito superiores aos nossos, mesmo em se tratando de leite em pó. Isso é assunto para a mega Nestlé/ Fonterra.

A saída é, produzir com melhor qualidade, com menores custos, trabalhar em cima da produtividade seja no azevém, na mombaça, no tanzânia, com silo de milho ou no BST, mas baixar os custos de produção. Criar urgentemente um fundo para marketing e utilizá-lo em marketing eficiente e forte, são medidas que a médio prazo darão resultados muito mais estáveis do que ficar tentando ganhar essa briga de cachorro grande que se está travando lá fora.

Abraços,
Clemente.
GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 10/10/2007

Prezado Marcelo:

Interessante esta visão do mercado do leite. Todavia, não acredito que a tendência de baixa dos preços vá ser tão acentuada assim, porque o mercado já não aceita este tipo de situação, tão comum nos tempos de antanho. Basta se avizinhar o fim do período da seca que os laticínios despejam sobre o produtor o filme de terror das baixas de preço.

Todavia, sabemos nós que a demanda internacional encontra-se, ainda, muito aquecida, já que aquele mercado respira, atualmente, com ajuda de aparelhos e se não abastecido condignamente, entrará em falência múltipla.

Lado outro, a perda respeitável de campo para atender à febre da cana-de-açúcar (já não tão alta, apesar do vírus renitente), esmigalhou mercados produtores que eram verdadeiras promessas, como o Triângulo Mineiro, causando uma asfixia no sistema produtivo do Sudeste, que demorará a se recuperar e carregará, para sempre, grandes seqüelas.

Por tudo isso, a oferta de leite não será satisfatória a ponto de permitir que os laticínios possam acenar com valores muito ínfimos ao produtor - como sempre acontecia - sob pena de não viabilizarem seus próprios organismos. E a concorrência estará sempre a postos para angariar adeptos a seus preços.

Se o produtor souber negociar seu produto, ainda será vantajosa a atividade e os preços poderão continuar a remunerar, com mais dignidade, aquele que sua para produzir um alimento tão necessário e barato (mais em conta que uma garrafa de água mineral sem gás de 500 ml).

Parabéns e obrigado por mais este diamante de informação.

Um abraço,

GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO
FAZENDA SESMARIA - OLARIA - MG
MARCUS VINICIUS PIRES BISPO

BUENÓPOLIS - MINAS GERAIS - REVENDA DE PRODUTOS AGROPECUÁRIOS

EM 10/10/2007

Parabens Marcelo, otimo artigo, deixou as coisas muito claras, nos chamando a "tomar tipo". Quando vamos acordar? Quando, afinal, vamos nos dar o devido valor?

Devemos reagir de imediado, começemos hoje a cobrar nossas lideranças, sindicatos, cooperativas, federações, CNA, Leite Brasil, prefeitos, deputados, para que apresentem ao Brasil a importância econômica do setor. Que apareça um líder para nos guiar e tirar-nos desta paralisia, onde cada um assuma e cumpra seu papel.
EDVALSON DE SOUSA MARTINS

GOIÂNIA - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 10/10/2007

A minha preocupação maior é com o custo de produção: se apelarmos para a cana, o custo de produção também vai ser elevado, uma vez que a utilização de uréia eleva o custo final de produção. Se ficarmos com o sorgo, apesar dos custos, a produção melhora, mas o custo do financiamento é alto.

Era possível baratear a alimentação com os subprodutos do algodão, milho doce e de pamonha, citricos, levedos e outros derivados da indústria, mas estes estão cada vez mais difíceis, pois estão destinados ao confinamento de boi. Pelo que vejo, em minha região, é uma luta constante para sobreviver na atividade, mas muitos morrendo aos poucos, poucas perspectivas para a sobrevivência, custo de investimentos tecnológicos muito altos. Só Deus salva essa categoria.
AROLDO AUGUSTO MARTINS

EDEALINA - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 09/10/2007

Parabéns pelo artigo! Só tenho um adendo a fazer: o produtor tem que deixar de lado o coração e administrar sua empresa de alimento, enquanto isso não acontecer, os grandes sempres levarão vantagens no elo produtivo.

Abraço.
LUIZ BOMFIM TAVARES

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 09/10/2007

Marcelo,

Parabéns pela mensagem. Os preços até setembro foram bastante atraentes, outubro em Minas Gerais sinaliza queda entre R$ 0,10 a R$ 0,15. Em contrapartida os insumos subiram bastante (soja/milho) e não há sinais de redução nos preços, sinalizando queda nas margens.

Em MG estamos há mais de 90 dias sem chuvas, e em algumas regiões, produtores que melhoram a sua rentabilidade no período março/setembro, estão em queda livre para o prejuízo/equilíbrio. Os pastos estão secos, silagem acabando, pouca cana, ração em alta, o que fazemos? Será que o preço leite novamente vai reagir?

<b>Resposta do autor:</b>

Caro Luiz,

Obrigado pelos comentários. Acredito que suas colocações são corretas e isso pode refletir em menor aumento de produção. Porém, mesmo com preços mais baixos, os valores ainda são atrativos para produtores de baixo custo. Por isso, acho que deveremos ter um aumento da produção nos próximos 3 meses. Mas acho que os preços não cairão tanto. Talvez cheguemos em dezembro com os preços de julho.

Abraço,

Marcelo

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