Limites para o crescimento da produção de alimentos: onde começa a sustentabilidade |
MARCELO PEREIRA DE CARVALHO
Engenheiro Agrônomo (ESALQ/USP), Mestre em Ciência Animal (ESALQ/USP), MBA Executivo Internacional (FIA/USP), diretor executivo da AgriPoint e coordenador do MilkPoint.
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ROBERTO JANK JR.DESCALVADO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE EM 18/03/2009
Está ótimo e é muito pertinente o seu artigo Marcelo.
Minha modesta contribuição vem da experiência de 25 anos em confinamento de bovinos. Vimos no congresso sobre meio ambiente em que estivemos juntos na Escócia em 2007 a importância do melhor padrão de fermentação de dietas intensivas para bovinos, no que se refere à emissão de gases de efeito estufa, comparado ao de dietas exclusivas de pastagens. Também é muito claro o benefício de sistemas mais intensivos "por hectare" quanto aos bens finitos - terra e água - por litro produzido. Quero porém citar o enorme potencial que temos em sub-produtos da agroindústria nestas dietas. A polpa cítrica não serve para o ser humano, aves ou suínos, não compete com produção de grãos por ser um sub-produto do suco cítrico e é excelente fonte de energia para ruminantes. Da mesma forma cito o farelo de algodão, refinasil de milho, cevada, casca de soja e tantos outros ingredientes com os quais podemos equlibrar até 100% de uma dieta bovina sem qualquer interferência com a demanda agrícola destinada à alimentação do ser humano e muitas vezes sequer se prestam ao consumo de monogástricos. Desnecessário mencionar a enorme economia de áreas florestadas e água se nossa produção de leite fosse mais intensiva por hectare. A distância do consumidor também torna-se importante ítem neste aspecto: enquanto nos distanciamos dos grandes centros, o custo energético e ambiental do transporte ganha importância relativa. Cumprimento você pelo tema escolhido e apresento minha clara preferência pela intensificação da atividade à média distância do centro consumidor, principalmente se acompanhada por um sistema eficiente e inteligente de reuso dos efluentes. <b>Resposta do autor:</b> Olá Roberto, Obrigado pelo comentário, com certeza bastante pertinente. Esse tema vai crescer muito nos próximos anos; lá fora o assunto já é realidade, como vimos no evento em Edimburgo. Não vai mais ser possível desenvolver a atividade sem considerar as questões ambientais. Pelo que tenho acompanhado (e também não sou especialista nisso), a intensificação é a melhor maneira de reduzir as emissões de gases de efeito estufa por litro de leite. Nesse ponto, temos um enorme trunfo como país: nossa baixa produtividade permite uma melhoria na eficiência desse parâmetro, coisa que países com alta produtividade não conseguem. Basta a elevação da produtividade. Porém, há a questão do uso de recursos finitos, como é o caso dos fertilizantes. Assim, o outro lado da moeda da redução da emissão de gases de efeito estufa via intensificação é o uso crescente de recursos como o fósforo. Acredito que haverá o desenvolvimento de sistemas não tão intensivos, mas suficientemente produtivos, com uso racional de insumos. Sistemas silvopastoris seriam uma alternativa a ser desenvolvida, especialmente em áreas mais declivosas, não apropriadas para a agricultura e que apresentam a possibilidade de transformação de celulose em proteínas nobres, pouco competitindo com grãos. É difícil ainda saber que modelos serão dominantes, ainda estamos na fase de "várias verdades possíveis". Acho que estamos em um ponto de mudança; uma nova Revolução Verde virá, baseada na engenharia genética, na microbiologia, na reciclagem, etc. Abraço, Marcelo |
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CECILIA BERNARDITUCUNDUVA - RIO GRANDE DO SUL - CONSULTORIA/EXTENSÃO RURAL EM 17/03/2009
Que bom, Marcelo, que comece a discutir a sustentabilidade. Participo a 20 anos de grupos de trabalho que discutem intensamente a sustentabilidade. É um tema espinhoso e de difícil compreensão. Quero discordar somente da idéia de que a engenharia genética ou microbiologia vai trazer grandes resultados para um problema que precisa de um outro conceito de agricultura. Só um conjunto de técnicas pontuais não vai resolver. Prefiro tratar do quadro que a Embrapa desenvolve da integração da silvicultura junto com a pecuária de leite.
Entendo que em regiões quentes, de sol excessivo, como é o nosso caso do Brasil, desperdiçamos energia do sol para crescimento das plantas e prejudicamos os animais que ficam expostos neste sol escaldante o dia inteiro. Sugiro que o site dedique mais espaço para debater esta modalidade, a partir deste resumo exposto, e difundir entre os leitores. Na argentina há várias experiências desta modalidade. <b>Resposta do autor:</b> Olá Cecília, Obrigado pela mensagem e pelos comentários, que me permitem colocar melhor meu ponto de vista. Concordo com você que a engenharia genética não é a resposta. Acho, porém, que ela será um componente com algum grau de importância nessa questão, certamente não o principal, que deverá vir pela mudança conceitual que você mencionou. Um abraço, Marcelo |
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VARLON SANTOS PORTOCARIACICA - ESPÍRITO SANTO - PRODUÇÃO DE LEITE EM 15/03/2009
Muito bom Marcelo, bom saber que tudo que os ambientalistas vem dizendo (e ignorado há anos) vem sendo agora discutidos por países que até então só pensavam no crescimento a qualquer custo, mesmo no Brasil a maioria nunca pensou em sustentabilidade na produção, exemplo disto em uma matéria do Globo Rural (15/03) quando perguntado se o produtor acreditaria se a propriedade poderia valer mais caso tivesse cobertura florestal dentro da lei, ele respondeu "só tem valor se fosse para esse pessoal que vive abraçando árvores, para o produtor não tem valor". Que pena, ele não sabe que dependemos muito mais da floresta do que somos capazes de imaginar, mas... Valeu!
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MARCELLO DE MOURA CAMPOS FILHOCAMPINAS - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE EM 14/03/2009
Caro Marcelo,
Parabens por sua participação no workshop sobre sustentabilidade da produção leiteira, realizado na Austrália, e por seu artigo que nos leva ao cerne da questão relativa à produção de alimentos e preservação ambiental. É extremamente preocupante a população do planeta passar dos atuais 6 bilhões para 9 bilhões de habitantes nos próximos 30 anos, o que, mesmo desconsiderando aumento de consumo por melhoria de renda, exigirá um enorme esforço na produção de alimentos. Essa preocupação é agravada pela limitação de água, fósforo e nutrientes, fatores naturalmente envolvidos na produção intensiva de alimentos. Há quem diga que no sentido de preservação do meio ambiente deveria ser exigida licença ambiental para ter filhos. Naturalmente que isso seria muito radical, mas é preciso encarar com mais seriedade e responsabilidade a questão da limitação da natalidade, posto que o desenvolvimento de novas tecnologias para produção intensiva de alimentos, embora seja condição necessária, não é suficiente para preservar o futuro da vida na terra. Concordo com você que o Brasil tem uma situação mais favorável para lidar com a questão da necessidade de produzir alimentos de forma intensiva em equilibrio com a necessidade de preservação ambiental. Mas para que isso possa se concretizar penso que temos que: 1) Ter o enterndimento e incentivo dos elos mais fortes da cadeia produtiva, geralmente dominados por grandes empresas, em grande parte multinacionais, pois a produção agropecuária é o elo mais fraco e não tem como tomar essa iniciativa isoladamente; 2) vencer a falta de comprometimento da classe política e de nossos governantes com a necessidade de assegurar o equilibrio entre a necessidade de produção intensiva de alimentos e a necessidade de preservação ambiental; 3) vencer a desinformação, preconceitos, posições emocionais e ideológicas existentes nos vários segmentos da sociedade que não permitem o entendimento necessário para que possamos ter um caminho seguro para equilibrar e garantir a sustentabilidade das necessidades de produção intensiva de alimentos e preservação do meio ambiente. Espero que Deus ilumine a todos os envolvidos na solução dessa questão, para que as dificuldades sejam vencidas e que o futuro de nossos filhos e netos não fique comprometido pela fome e degradação do meio ambiente. Abraço Marcello de Moura Campos Filho |
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FLÁVIO AUGUSTO SOARES GRAÇARIO DE JANEIRO - RIO DE JANEIRO - PESQUISA/ENSINO EM 14/03/2009
Prezado Marcelo,
Você está certo. Nós brasileiros temos que enxergar as oportunidades frente às facilidades. Só a tecnologia aplicada de forma racional poderá elevar a nossa produtividade. O que observamos hoje no Brasil é um verdadeiro desperdício de recursos naturais. Flávio Graça Presidente da Associação de Buiatria do Estado do Rio de Janeiro |
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WALDIR JOSÉ CAMARA FURQUIMCORDISLÂNDIA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE EM 14/03/2009
Prezado Dr. Marcelo.
Parabens pelo editorial. Sem dúvida o produtor rural poderá contribuir em muito para o aumento da produtividade poupando o meio ambiente. A extenção rural poderá contribuir com maior intensidade. Precisamos produzir composto orgânico. Já o fiz bastante quando tentei produzir café orgânico. Caso alguem interesse poderei fornecer a metodologia utilizada. Um m³ de composto equivale aproximadamente 16 Kg de Sulfato de amônio, mais 8,6 Kg de Super Simples(p2O5), mais 2,4 Kg Cloreto de Potássio(KCl). Ressalte-se o efeito residual ou seja: material orgânico que fica enriquecendo o solo. Pretendo também captar e canalizar água de uma mina no mato para abastecer o gado na parte alta dos pastos, com uso de boia em todas os bebedouros. Com isto viabilizarei a formação de matas ciliares. Obviamente farei isto com a necessária aprovação das autoridades competentes. Obrigado. Waldir Furquim |
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RENATO CALIXTO SALIBABRASÍLIA - DISTRITO FEDERAL - PRODUÇÃO DE LEITE EM 13/03/2009
Marcelo, gostaria de dizer que o maior problema que enfrentamos há muito tempo é que a maioria das propriedades não usa ou não sabe como usar a tecnologia hoje já existente e que poderia aproveitar com muito mais eficiência e eficácia os recursos de todas as especies, seja mineral, vegetal, etc. Temos a tecnologia através da Embrapa, Emater e demais órgãos de pesquisa desse pais, mas sempre faltam técnicos que transmitam esses conhecimentos aos micro, pequenos, médios e por que não dizer a alguns grandes produtores.
Precisamos urgentemente transferir essas tecnologias disponíveis aos produtores e com certeza já teríamos uma economia fantástica dos recursos que cada vez estão mais escassos. |
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L. FERREIRA DE AGUIARPATROCÍNIO - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE EM 12/03/2009
Parabéns Sr. Marcelo.
Esse editorial é brilhante e deixa tudo bem esclarecido. É muito bom saber que países grandes produtores reconheçam a importância do Brasil no contexto mundial. Pena que nossos governantes atuais não deem o mesmo valor ao agronegócio brasileiro, e faz tanto terrorismo financiando invasões de propriedades produtivas, dando apoio financeiro a grupos autointitulados movimentos sociais. O agronegócio brasileiro tem demonstrado muito dinamismo e competência, mesmo sendo o país o segundo em desenvolvimento mais afetado pela atual crise mundial, com a contração do PIB e insistência em continuar sendo o paraíso dos banqueiros (a agiotagem oficial), com as taxas de juros mais altas do mundo. Temos visto no campo muita coragem e vontade de trabalhar. O Brasil tem tudo para ser o maior produtor mundial de alimentos sem destruir a natureza. Enquanto preservamos mais de sessenta por cento de nossas florestas, países da Europa destruíram noventa e nove por cento. Isso nos deixa em grande vantagem, porque podemos aumentar muito nossa produção preservando nossos recursos naturais. Para isso basta investir em tecnologia. Nossos índices de produção são muito menores que de outros países. Nossa produção por hectare, não só na produção de leite e carne, mas também em todo setor agrícola, é muito menor que o de outros países. Basta ter uma política agrícola com crédito e garantia de preços que recuperando pastagens degradadas conseguiremos aumentar nossa produção, sem desmatar um hectare a mais. Quanto à questão de animais serem responsáveis pela emissão de gases de efeito estufa, pode ser facilmente resolvido com o aumento da produtividade por animal e por hectare, com uso da engenharia genética no melhoramento animal e de pastagens, e a desmistificação do consumo de alimentos transgênicos. O maior problema será a Índia, onde a vaca é um animal sagrado e tem o maior rebanho bovino do mundo. Quanto à questão dos fertilizantes acho que será um problema para as futuras gerações. Existem grandes jazidas não exploradas no município de Patrocínio-MG, Araxá e Patos de Minas e também em outras regiões. Os benefícios das leguminosas são muito pouco conhecidos. O aproveitamento do esterco de gado pelas suas dificuldades e falta de máquinas próprias, é muito pequeno em quase todas as propriedades. Falta conhecimento e cabe ao governo incentivar e difundir novas tecnologias, como foi feito na década de setenta, quando houve uma verdadeira revolução com a difusão de tecnologia, que tornou viável a produção de alimento nas regiões de cerrado. Plagiando alguém por ai, acho que chega de marola: estamos precisando de menos conversa e mais ação. Lucas F. Aguiar |
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ERNANI PAULINO DO LAGOVIÇOSA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO EM 11/03/2009
Parábens Marcelo!
É muito oportuno e inadiável que se acenda esta discussão entre todos relacionados à cadeia do leite. Gostaria que desse continuidade ao tema. Achei muito interesante todos aspectos apontados, inclusive o conceito de "descasamento ou desligamento (decoupling, delinking), sinalizado como a quebra do vínculo entre crescimento econômico e uso dos recursos". Grande abraço, Ernani |
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AFONSO VOLTANJALES - SÃO PAULO - CONSULTORIA/EXTENSÃO RURAL EM 10/03/2009
Excelente o artigo. Parabéns. Somente a pesquisa científica poderá encontrar as respostas necessárias sobre como utilizar correta e eficientemente os recursos necessários para a sustentabilidade da produção agropecuária, mas a partir daí, a sociedade é que deverá estabelecer, sem discussões e paixões extremadas, aquilo que deverá ser produzido para atender as suas demandas alimentares e de bem estar.
Será muito interessante acompanhar as discussões sobre a correta utilização dos finitos fertilizantes: alimentos ou energia "renovável"? |
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LUIZ PITOMBOSÃO PAULO - SÃO PAULO - MÍDIA ESPECIALIZADA/IMPRENSA EM 10/03/2009
É isso aí Marcelo!
É preciso, e possível, crescer mais desperdiçando menos. Como somos, em geral, grandes esbanjadores de tudo, a produção nacional pode aprender mais e avançar muito! Só não se pode é bobear, não assimilar os novos paradigmas que já estão aí movimentando produtores, empresas e países. Um abraço e continue antenado! Luiz Pitombo |
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HELVECIO OLIVEIRABELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO EM 10/03/2009
Parabéns Marcelo por representar nosso País, fato que demonstra a visibilidade do MilkPoint, um mérito de vocês. Aliás nosso Brasil visto por todos, pouco visto por nossos governantes que acabam de lançar relatório mostrando o fiasco do PAC; por enquanto só aumento de gastos públicos.
Gosto sobretudo do cunho realista ao qual você volta no fim de sua abordagem. Isso espelha uma postura que todos envolvidos nessa cadeia querem ver. Quanto às soluções, você mesmo diz que muita água tem de rolar ainda, mas sempre é tempo de despertar. Forte abraço, Helvécio. |
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