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A fragmentação do mercado de lácteos no Brasil

MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

EM 14/08/2014

3 MIN DE LEITURA

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O Brasil ainda tem um mercado altamente pulverizado no que se refere aos laticínios, e os dados indicam que está se pulverizando ainda mais (gráfico 1). De fato, os 12 maiores laticínios tinham em 1999 cerca de 48% do mercado inspecionado, valor que caiu para 34,6% em 2013.

Gráfico 1. Participação dos 12 maiores laticínios em % da captação formal (Adaptado da Leite Brasil, elaborado pelo MilkPoint)

É uma espécie de paradoxo, já que um dos mantras que se repete continuamente ao se mencionar setores baseado em commodities, é a necessidade das empresas ganhar escala de produção para reduzir custos e se manter competitivas.

No setor lácteo mundial, não é diferente. Na Nova Zelândia, a eficiência é sempre atrelada ao fato da mega-cooperativa Fonterra ter grandes fábricas e uma operação logística e fabril que resultam em custo reduzido; na Europa, assiste-se à criação de grandes empresas, como a FrieslandCampina, que domina a Holanda, e a Arla Foods, que é líder na Dinamarca e Suécia, sem falar na Lactalis que, ao incorporar a Parmalat, se tornou uma das 3 maiores do mundo no setor.

No âmbito das grandes empresas, muitas mudanças recentes e algumas com dificuldades, sendo o caso mais emblemático o da LBR, criada para ser a gigante do leite nacional e que, nesse momento, está em processo de venda de seus ativos.

De outro lado, nota-se o surgimento/crescimento de empresas regionais, que atuam em mercados específicos e, localmente, muitas vezes incomodam as grandes empresas do setor.

Será que ser grande é ruim no Brasil? Seria uma conclusão precipitada, baseada em um ou outro exemplo pontual. O mais sensato seria colocar que ser grande não é condição suficiente para ter sucesso, ou ainda que ser grande em um país continental como o Brasil apresenta desafios particulares. Ser grande sem uma estratégia correta, não resolve; ser grande sem otimização de fábricas; não resolve; ser grande sem gestão profissional, também não funciona; ser grande sem investimento em marcas e inovação, pode não gerar as vantagens esperadas.

Ainda, ser grande apresenta um desafio adicional em um mercado que é ainda muito pulverizado, e onde a líder de mercado tem menos de 10% da captação inspecionada, algo muito distinto de ter, por exemplo, 70% do mercado, como a Conaprole uruguaia, ou 85-90%, como a Fonterra neozelandesa. Por maior que seja, a grande empresa aqui acaba sendo um peixe pequeno em uma lagoa grande.

Empresas regionais, por sua vez, podem ter algumas vantagens interessantes. O primeiro ponto é a logística de captação: players regionais podem ter grande eficiência ao captar leite local, no entorno do município em que estão, não só pelo baixo custo de logística, mas por ter muitas vezes um papel dominante na coleta local.

Ao crescer, esses pequenos laticínios irão competir em território inimigo: terão de pagar mais por um leite vindo de mais longe, afinal terão de competir com outros como ele, ou mesmo com outros grandes, e muito provavelmente sofrerão retaliação.
No caso da venda, o mesmo ocorre. Empresas regionais, com volume menor, conseguem colocar seus produtos no entorno de suas cidades, onde desenvolvem um mercado e fortalecem marcas regionais a custo relativamente baixo.

Com o crescimento, terão de buscar outros mercados e depender cada vez mais das grandes redes, que sabem muito bem explorar seu poder de barganha.

Assim, o crescimento, embora possível, muitas vezes incorre em aumento de custos de captação e redução de preços de venda, uma equação que coloca desafios ao negócio. Quem souber passar por eles, por outro lado, pode chegar ao outro lado e se beneficiar da escala.

Ser grande, enfim, pode ser um bom negócio, mas não é fácil. De fato, ao contrário do que possa parecer em uma primeira análise, empresas regionais, de 50, 100, 200 mil litros/dia, podem florescer explorando as vantagens de ser um peixe relativamente grande numa lagoa pequena.

Isso ajudaria a explicar a desconcentração do mercado brasileiro além dos exemplos pontuais, fazendo com que ser uma grande empresa, apesar de potencialmente gerar ganhos de escala, possibilidade de desenvolvimento de novos produtos, maior capacidade de negociação e melhor gestão da oferta de leite, não necessariamente seja o único caminho possível quando se analisa o setor como um todo.

Lançamento: lançamos nessa semana o MilkPoint Mercado (www.milkpoint.com.br/mercado), serviço de monitoramento de mercado de lácteos, voltado ao mercado corporativo. Trata-se de uma plataforma exclusiva, acessada pela internet, com análises semanais de mercado, análise de fatos relevantes, banco de dados com gráficos e tabelas estatísticas, novidades obtidas em eventos internacionais, e indicadores essenciais de mercado. Esperamos que os laticínios, as associações de produtores e indústrias, as empresas de insumos para produção e indústria, governos e outros interessados vejam no serviço um instrumento importante para melhorar sua capacidade de tomada de decisão.
 

ARTIGO EXCLUSIVO | Este artigo é de uso exclusivo do MilkPoint, não sendo permitida sua cópia e/ou réplica sem prévia autorização do portal e do(s) autor(es) do artigo.

MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

Engenheiro Agrônomo (ESALQ/USP), Mestre em Ciência Animal (ESALQ/USP), MBA Executivo Internacional (FIA/USP), diretor executivo da AgriPoint e coordenador do MilkPoint.

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CARLOS HENRIQUE PASSOS

ARAGUAÍNA - TOCANTINS - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 19/08/2014

Entendo perfeitamente seus comentários, pois atuo em uma região fragmentada por várias indústrias pequenas, e vejo quão acirrada é a competição entre elas.
JOAO AURELIO

CARMÓPOLIS DE MINAS - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 19/08/2014

E verdade, em 20 anos de atividade nunca vi uma empresa que trabalha o leite em minha região dar o cano, só empresas de fora ou atravessadores que vendem para grandes empresas de foras deram o calote na minha região. E quando isto acontece simplesmente não tem a quem recorrer, você liga para celular do cara que comprou seu leite com mil promessas e ele simplesmente te diz "Sinto muito mais eu me desliguei da empresa" e mole
PAULO MAURICIO BASTO

CASCAVEL - PARANÁ - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 18/08/2014

O artigo toca em pontos importantes como a gestão!!! O caso da LBR é um exemplo perfeito de como dinheiro público foi jogado no ralo. A empresa em vez de crescer de forma estruturada adotou uma posição "arrogante" e saiu comprando tudo o que via pela frente sem nenhuma estratégia. Na captação, idem, em algumas bacias leiteiras  concorria com ela mesma de forma consciente. O resultado já sabemos. Crescer significa dar um passo firme de cada vez. E o Brasil oferece oportunidades para os pequenos, médios e grandes. Cada um no seu quadrado!!!
CELESTINO DOS SANTOS PANTALEÃO

CASA BRANCA - SÃO PAULO - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 16/08/2014

Bela matéria, esta sobre as industrias, parabéns.

Gostaria de expor minha opinião sobre este assunto; acredito que a falta de uma politica macro de produção do governo, em todos os setores, gera uma forte instabilidade, já que fabricas e estruturas  são construídas, sem que acha em muitos casos, estudos sobre a verdadeira viabilidade destas, não há planejamento de produção, logística e centros consumidores, temos que montar estratégia de negócios, não simplesmente montar conglomerados, que aumentam os custos , o que irá refletir sobre toda a cadeia leiteira. Fabricas e estábulos foram construídos e depois simplesmente fechados e abandonados, isto é dinheiro e esforço de um povo sendo jogado fora , o que custa muito caro para ser refeito em outro local ou reativação nos mesmos locais, e basta olharmos o que esta  acontecendo com outros produtos da agricultura (cana, laranja e outros), politicas macro não existem. Onde deve ser produzido? muito menos;. E assim o custo de produção fica cada vez mais alto, tornando setores altamente viáveis em setores quebrados. Infelizmente não tenho capacidade para trazer aqui soluções para este grande problema, mas acredito que existam cabeças com competência suficiente para resolvermos estes problemas. E ai sim poderá acontecer de grandes grupos se formarem em beneficio do setor leiteiro.
ROBERTO TRIGO PIRES DE MESQUITA

ITUPEVA - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE GADO DE CORTE

EM 16/08/2014

Análise oportuna e precisa, Marcelo, identificando pragmaticamente a diferença entre escala econômica e a grande escala. Congratulações
NELSON JESUS SABOIA RIBAS

GUARACI - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 15/08/2014

Muito bom Marcelo! Os ganhos de escala projetados pelos teóricos executivos engravatados em seus escritórios confortáveis, não se confirmam quando vão pro campo captar leite em linhas sinuosas e incremes, não se confirmam as vantagens competitivas das mega empresas globalizadas, quando essas esquecem dos produtores e priorizam compras  sptos de atravessadores. Enfim sua analise esta perfeita, parabéns!
PEDRO PORTO

VASSOURAS - RIO DE JANEIRO

EM 15/08/2014

O empresario brasileiro, so se atentara para a realidade, quando o Brasil ja tiver sido tomado pelas multinacionais do setor, que como a Neozelandesa, produz seu proprio leite e distriui, ja alconcando varias partes do Brasil, o que ate ontem era visto como impossivel de ser realizado, ou como a Nestle, que em nossa regiao, esta investindo no produtor rural, pois viu que sem leite de "qualidade" nao vai a lugar algum.

Simples assim! acabou a era de tirar leite de pedra!

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