Saúde do solo é a capacidade contínua do solo de desempenhar diversas funções, desde o suporte para a produção de alimentos, fibras e combustíveis, a estocagem de carbono, habitat para a biodiversidade, a ciclagem de nutrientes, além da participação ativa na regulação do fluxo de água. A saúde do solo é um dos fatores chave na agricultura sustentável e regenerativa, assim como, deve ser o alicerce no combate as mudanças climáticas nas próximas décadas (CHERUBIN, SCHIEBELBEIN, 2022).
A produtividade na cadeia agropecuária depende diretamente da saúde solo, sendo essencial tanto para a produção vegetal como animal.
Em sistemas agropecuários, a saúde do solo pode ser definida como a capacidade em se manter equilibrado nos aspectos físicos, químicos e biológicos, fornecendo condições favoráveis para o crescimento das plantas. (CHERUBIN, SCHIEBELBEIN, 2022).
No Brasil, existem aproximadamente 13 ordens principais de solo e a grande maioria dos nossos solos tropicais e subtropicais são caracterizados de maneira geral como ácidos e intemperizados, com baixo teor de nutrientes, baixo pH, presença de alumínio tóxico e rápida perda de matéria orgânica (M.O.), esse último fator influencia diretamente na qualidade do solo. Ou seja, naturalmente, grande parte dos solos no país precisam ser remanejados para a melhoria dos aspectos químicos, físicos e principalmente biológicos.
Fonte: Embrapa Solos.
A relação solo-planta
Dentro dos sistemas agrícolas, existem algumas conexões entre os diversos componentes bióticos do sistema. Interações entre plantas e a microbiota do solo promovem resultados positivos na produtividade de lavouras por meio de uma relação benéfica para ambos.
As plantas possuem a capacidade de transformar a energia luminosa em biomassa que posteriormente é reciclada, degradada e decomposta pelos organismos do solo, promovendo uma retroalimentação do sistema. Além disso, as plantas facilitam a instauração de uma ampla diversidade de organismos, principalmente por meio da liberação de diversas substâncias para atraí-los, estabelecendo assim uma relação sinérgica na rizosfera (região de maior concentração de raízes da planta no solo). Esse processo não apenas eleva a produtividade da planta, mas também estrutura os diversos eventos que ocorrem no solo.
Qual a influência da saúde do solo na produtividade?
A influência na saúde do solo é bastante complexa, principalmente ao considerar os fatores de ordem biológica que depende de diversas interações no próprio sistema para que seja benéfica.
A biodiversidade do solo, que faz parte de diferentes comunidades, é responsável por vários processos essenciais, como a mineralização da matéria orgânica, liberando nutrientes favorecendo o ótimo desenvolvimento das plantas e aumentando a produtividade.
As comunidades biológicas compreendem fungos, vírus, protozoários e actinomycetos. Esses 5 grupos são responsáveis por diversos serviços ecossistêmicos como a fixação biológicas de nitrogênio, a solubilização de fósforo e potássio, a capacidade de atuar na biorregulação da comunidade do solo, ciclagem de nutrientes, degradação de poluentes, além de influenciar diretamente nas características físicas do solo.
O que favorece a saúde do solo?
Algumas práticas e sistemas conservacionistas favorecem a saúde do solo, auxiliando na manutenção dos aspectos biológicos, químicos e físicos. Sistemas de plantio direto, rotação de culturas, consorciação de culturas, integração lavoura-pecuária-floresta e preparo adequado do solo com curvas de nível são algumas dessas práticas. É importante pensar que, quanto mais complexo o sistema, melhor a microbiologia do solo e maior o fluxo de água e nutrientes.
Solos saudáveis têm a capacidade de armazenar grandes quantidades de carbono orgânico, ajudando a mitigar as mudanças climáticas. A adoção de práticas e implementação de sistemas que promovem a saúde do solo representam uma via essencial na transição da cadeia agropecuária para um modelo de produção mais sustentável.
Referências: CHERUBIN, M. R.; SCHIEBELBEIN, B. E. Saúde do solo: múltiplas perspectivas e percepções. 7 dez. 2022.