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Vacas de alta produção são mais predispostas aos distúrbios causados pelo estresse?

POR JOÃO PAULO V. ALVES DOS SANTOS

COWTECH

EM 23/12/2003

5 MIN DE LEITURA

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Quando abordamos o tema produção de alimentos e manejo nutricional, o verão pode ser considerado vantajoso ou não, dependendo do sistema de produção de leite empregado numa fazenda (pasto ou confinamento) e do padrão racial dos animais. Para sistemas a pasto, a chegada do verão representa maior oferta de alimento, maiores lotações e maior produção de leite/área. No caso de sistemas confinados, este período muitas vezes se torna um "pesadelo", principalmente em rebanhos especializados.

Independentemente do sistema de produção, o excesso de calor e umidade são fatores que prejudicam a ingestão de matéria seca (MS). Desta forma, ocorre queda na produção de leite. Além disso, para animais em início de lactação, o balanço energético negativo torna-se ainda maior, aumentando também as chances de incidência de distúrbios metabólicos pós-parto. Por este motivo, o correto manejo do pasto torna-se fundamental para amenizar virtuais problemas referentes à qualidade da fibra fornecida para os animais (maior produtividade da pastagem com a menor % FDN possível), otimizando o consumo de alimento. Da mesma forma, em sistemas confinados, o emprego de maiores níveis de concentrado em detrimento ao volumoso na composição final de dietas deve ser encarado como alternativa para amenizar possível redução no consumo de MS. No entanto, não podemos deixar de mencionar que o uso de dietas altamente energéticas, ricas em carboidratos não fibrosos (%CNF) implicam em riscos como acidose ruminal e/ou laminite se cuidados com tamanho de partículas/efetividade de fibra não forem observados.

Uma questão que vem sendo debatida há muitos anos refere-se a necessidade de se explorar ao máximo o mérito genético dos animais em sistemas confinados. Desta forma, independentemente da necessidade de evitar possível queda no consumo (verão), dietas são formuladas com elevada participação de concentrado, submetendo rebanhos a maiores riscos. Em países avançados em pecuária de leite confinada, como os EUA por exemplo, tem sido muito debatida a questão da real necessidade de se explorar ao máximo o potencial das vacas em função de elevadas taxas de descarte e baixo tempo de permanência (vida útil) das mesmas no rebanho. Este artigo irá comentar resumidamente resultados de pesquisa envolvendo incidência de distúrbios e stress ambiental em animais de alta produção. A dúvida que paira no ar é: será que vacas altamente produtivas são mais propensas a distúrbios metabólicos e/ou stress advindo do ambiente em que vivem?

Seguindo um raciocínio até certo ponto lógico, podemos afirmar que um animal com maior potencial de produção é mais exigente que um animal menos produtivo, portanto, maior é a sua demanda por ingestão de MS e, conseqüentemente, maior será a pressão negativa do ambiente indesejável, comprometendo mais o seu desempenho. Pesquisas recentes e revisões bibliográficas, como a coordenada por John Fetrow da University of Minnesota College of Veterinary Medicine (EUA), revelaram que não existem argumentos convincentes de que a alta produção de leite/vaca tem causado maior incidência de distúrbios como cetose, metrite, retenção de placenta, deslocamento de abomaso, distocia, casos de cisto ovariano e baixa performance reprodutiva. Segundo o pesquisador acima, a correlação positiva pode ser constatada quando foram avaliados parâmetros como mastite (casos clínicos) e febre do leite. Quanto à questão de maior possibilidade de descarte de animais por enfermidades como mastite, seu levantamento apontou que animais de alta produção mesmo apresentando maior incidência da doença, tendem a permanecer por mais tempo no rebanho que animais de baixa produção, pois há uma maior insistência no tratamento destes animais (mais produtivos), aumentando os casos de cura.

2 vs 3 ordenhas

Num estudo realizado pelo Danish Institute of Agricultural Sciences (Dinamarca) um experimento foi delineado da seguinte maneira: dois grupos de animais de alta produção foram comparados, um grupo com animais submetidos a 2 ordenhas diárias e outro a 3 ordenhas alojadas em barracão tipo tie-stall. Foram avaliados padrões comportamentais como parâmetros para classificação de possível stress causado pelo grau de intensificação do manejo. Desta forma, a pesquisa partiu do pressuposto de que a condição dos animais submetidos a 3 ordenhas diárias fosse mais estressante que o grupo de 2 ordenhas. Segundo os dados da pesquisa, os animais submetidos a 3 ordenhas permaneceram a mesma quantidade de tempo deitados descansando que os animais ordenhados duas vezes aos dia.

dieta mais densa vs dieta menos densa

Nesta pesquisa, ainda foram comparados dados referentes a ingestão de diferentes dietas: uma dieta de alta produção (elevado teor de carboidratos não fibrosos) e uma dieta menos energética (menor produção), à vontade, para ambos os grupos. As vacas que receberam a dieta mais energética gastaram 92 minutos a menos por dia se alimentando em relação ao grupo de animais submetidos à dieta menos densa. Como conseqüência da ingestão mais rápida, permaneceram 71 minutos a mais ruminando, enquanto deitadas, e descansaram 148 minutos/dia a mais que os animais submetidos a dieta menos rica em energia.

produção de leite vs incidência de distúrbios

Uma pesquisa britânica, envolvendo 340 rebanhos, publicada no The Veterinary Record, avaliou taxas de distúrbios metabólicos pós-parto com produção de leite (potencial), não encontrando correlação positiva entre maior produção de leite e maior incidência dos mesmos. De acordo com a opinião de outros pesquisadores sobre o tema, como Jeffrey Rushen, especialista em comportamento animal do Agriculture and Agri-Food Canada (Canadá) a quantidade de leite produzida não pode ser associada a possíveis distúrbios no início de uma lactação, mas sim um conjunto de fatores associados ao manejo e ambiente em que vivem os animais.

Comentários do autor: este artigo teve como objetivo abordar a polêmica envolvendo o desafio de vacas com elevado potencial de produção. O risco de uma vaca "estourar" (na linguagem popular entre nutricionistas) em função de dietas densas não pode ser avaliado isoladamente. Devemos ter em mente que um rebanho é submetido a variados "pontos de pressão" em sistemas intensivos de exploração de leite. Não podemos esquecer que os resultados apresentados nas pesquisas acima podem não retratar as condições reais de uma propriedade. Proprietários, funcionários e consultores devem estar atentos aos pontos fortes e fracos envolvendo o manejo dos animais. Se o manejo nutricional de uma propriedade pode e é bem controlado (relações: volumoso:concentrado, qualidade da mistura da ração completa, tamanho de partículas xs efetividade de fibra), "apertar" uma dieta pode não ser problemático. Se as instalações da sala de espera, ordenha e velocidade da mesma são adequadas, a mudança de 2 para 3 ordenhas pode não ser um fator estressante aos animais. Desta forma, o poder de percepção da situação global de uma fazenda é que irá indicar o caminho a seguir. Em outras palavras, apoiado em dados de pesquisa, a conclusão que chegamos é de que, após checarmos os detalhes de cada situação não devemos hesitar em desafiá-las (vacas).

Fonte: Dairy Herd Management, outubro 2003.

JOÃO PAULO V. ALVES DOS SANTOS

Espaço para artigos e debates técnicos expostos por especialistas e equipe de consultores.

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