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Evite futuros problemas analisando as fezes de seus animais

POR JOÃO PAULO V. ALVES DOS SANTOS

COWTECH

EM 16/04/2003

5 MIN DE LEITURA

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Atualmente, com os avanços nos meios de comunicação, as informações técnicas, provenientes de diferentes partes do país e do mundo, estão chegando cada vez mais rapidamente aos produtores, seguindo a tendência mundial de um processo que todos nós conhecemos como globalização. Diante deste quadro, alguns cuidados devem ser tomados. Em outras palavras, é necessário que técnicos não somente venham a transmitir informação, mas também que os mesmos saibam para quem e como estão transmitindo a mesma.

Num país como o nosso, cuja mão de obra rural muitas vezes é menos qualificada, é necessário um acompanhamento mais freqüente das atividades da fazenda, principalmente sob o foco do manejo nutricional. Sabemos que o primeiro passo para que uma vaca possa exprimir todo o seu potencial de produção é o correto balanceamento de dietas. Sendo assim, com a aproximação do período de inverno e a promessa de baixas temperaturas nos meses mais frios do ano, muitos nutricionistas aproveitam para "aumentar a rotação dos motores"; ou seja, muitas formulações são substituídas por dietas com maior participação de concentrado, visando melhor desempenho.

Dietas ricas em concentrado, mesmo que formuladas corretamente, podem oferecer riscos aos animais, caso haja algum "deslize" no manejo (quantidade oferecida, homogeneidade da mistura). Por mais capacitada que seja a mão de obra e por "mais velho" que seja um funcionário ou equipe responsável pelo trato, erros e variações são inevitáveis, ao longo do ano, numa granja leiteira. A maneira de se controlar eventuais equívocos é bastante simples até certo ponto; basta que o produtor ou responsável pelo rebanho acompanhe diariamente o comportamento dos animais no cocho, monitorando também as fezes dos mesmos.

Quando animais estão sadios e com o rúmen em perfeito funcionamento (dietas bem balanceadas, com suprimento adequado de fibra), os mesmos permanecem boa parte do dia ruminando, gerando saliva que geralmente é suficiente para garantir um bom tamponamento ruminal (manutenção do pH), e conseqüente equilíbrio populacional das bactérias digestoras das diferentes frações alimentares (energia/proteína/fibra) otimizando, assim, a absorção dos nutrientes.

Em dietas com alta participação de concentrado (60 % na matéria seca-MS e 38 a 40% de carboidratos não fibrosos-CNF, também na matéria seca) é necessário atentarmos para o tamanho das partículas do alimento de modo que a fração fibra desta (dieta) venha a ser efetiva, ou seja, capaz de promover e estimular a ruminação. A maneira de avaliarmos se a distribuição do tamanho de partículas de uma dieta está adequada seria testando a mesma, através de um teste mundialmente conhecido (desenvolvido por pesquisadores da Universidade Estadual da Pensilvânia - EUA) como "Penn State Separator Particle Size", cujos detalhes são descritos em outro artigo do MilkPoint (clique aqui para ler o artigo).

Uma maneira prática, sem custo nenhum ou aparelho, de avaliarmos a qualidade da dieta oferecida, na propriedade, bem como a saúde do rúmen, seria através da observação, minuciosa, das fezes dos animais. Quando um rúmen está funcionando adequadamente, dificilmente encontramos (nas fezes) partículas superiores a 1,30 cm de comprimento. Amido, proteína e gordura podem ser digeridos no intestino delgado, entretanto, em dietas muito ricas em concentrado, uma parte do amido e da proteína, bem como da fibra digestível pode escapar da degradação no intestino delgado, passando diretamente para o intestino grosso. Neste compartimento do trato digestivo, tais componentes sofrem um processo fermentativo semelhante àquele que acontece no rúmen. Esta fermentação no intestino grosso promove a formação de ácidos orgânicos, gases e microorganismos. Tais ácidos promovem uma irritação da parede intestinal, causando diarréias pastosas e/ou espumosas, freqüentemente com formação de pequenas bolhas (basta passarmos a sola de nossos pés sobre as fezes para melhor visualizarmos tal fenômeno).

Num mesmo grupo de animais, é comum encontramos variações na consistência das fezes dos mesmos (cerca de 5% das vacas num determinado grupo de vacas). Caso venhamos a encontrar uma grande variação nas fezes de um lote consumindo uma mesma dieta (fezes quase firmes x diarréias), significa que estamos com problemas e que, possivelmente, alguns animais estejam desenvolvendo acidose. O passo seguinte seria direcionar nossa atenção para o cocho. Devemos avaliar o comportamento dos animais na hora do trato, verificando a homogeneidade na mistura da dieta (muitos tratoristas em fazendas com misturadores de ração total não promovem uma mistura eficiente por pouco tempo de funcionamento da tomada de força do trator) e a capacidade ou possível seleção de grãos na dieta. Quando vacas chegam ao cocho e mergulham a cabeça no alimento por um bom tempo, de um lado para o outro, nada mais estão fazendo do que selecionar o que estão ingerindo (busca de concentrado).

Teste das fezes - presença de resíduos de alimentos:

Para melhor avaliação das fezes, o produtor pode efetuar um teste simples e sem custo, na própria fazenda. A recomendação é que sejam coletadas pelo menos 6 diferentes amostras de montículos de esterco intactos (retirar amostras na instalação/local cujos animais permanecem a maior parte do tempo). Em pequenos potes, acondicionamos as fezes e, posteriormente, com o auxílio de uma frigideira velha, ou estrutura semelhante, lavamos com uma mangueira de baixa pressão (deixar apenas escorrer a água) as amostras.

Na frigideira (ou panela rasa) devemos procurar reter a maior quantidade de material possível. Posteriormente deixamos as amostras secarem para futura avaliação.

De uma maneira genérica, com auxílio de uma régua, podemos comparar os tamanhos de partículas de alimentos nas fezes, oriundos de uma boa ou má digestão, fornecendo, assim, meios para melhor diagnosticarmos problemas em nosso manejo.

Comentário do autor: em função da impossibilidade de monitoramento constante (dia-a-dia) da consultoria técnica nutricional em muitas fazendas, é importante e necessário que produtores e/ou responsáveis pelo manejo dos animais (gerentes) das propriedades saibam avaliar e diagnosticar, antecipadamente, possíveis problemas comuns que podem comprometer a saúde do rebanho (associação: acidose-laminite). Muitas vezes uma dieta é formulada adequadamente, porém aplicada incorretamente. Nestes casos, quem aponta erros, de maneira sintomática, são as vacas. Desta forma acompanha-las constantemente é sempre a melhor maneira de se evitar e prevenir futuros infortúnios.

Informações complementares sobre monitoramento de fezes em rebanhos podem ser obtidas em outro artigo já publicado no MilkPoint (clique aqui para ler o artigo)

Fonte: Hoard's Dairyman, novembro 2002

JOÃO PAULO V. ALVES DOS SANTOS

Espaço para artigos e debates técnicos expostos por especialistas e equipe de consultores.

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