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Atenção especial com o manejo pré-parto pode evitar prejuízos

POR JOÃO PAULO V. ALVES DOS SANTOS

COWTECH

EM 28/02/2002

5 MIN DE LEITURA

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"Manejar o gado em lactação, não é problema. O difícil é criar o gado jovem e os animais secos, pois entram no custo de produção, sem gerar retorno financeiro". A frase acima, proferida por um produtor de leite praticamente resume e retrata a realidade e mentalidade de grande parte daqueles que vivem o dia a dia da pecuária leiteira. No presente artigo estaremos abordando quais são as vantagens de se investir em categorias que não estão produzindo, particularmente, animais secos no período de transição.

No momento atual, com uma política de baixos preços pagos pela indústria ao produtor de leite, é natural que o mesmo invista (quando pode) nos animais que estão produzindo, seja na dieta, instalações ou no aprimoramento do manejo desta categoria. Justamente em períodos de crise do setor que são originados os problemas futuros. É comum que o produtor "esqueça" a alimentação dos animais secos, dizendo que não pode investir nesta categoria por falta de capital, caso contrário o gado em lactação pode ser prejudicado, diminuindo a rentabilidade da propriedade. Neste momento "os dados são lançados" em relação a futuros problemas pós-parto, conhecidos como distúrbios metabólicos. Certamente se cada produtor contabilizar as perdas de produtividade em função da elevada incidência de distúrbios pós-parto como, acidose, laminite, cetose, deslocamento de abomaso, retenção de placenta, metrite e febre do leite, a conduta seria diferente quanto ao manejo de animais no período de transição.

Prejuízos

De acordo com pesquisa publicada no Journal of Dairy Science em 1997, cerca de 30% da produção perdida (litros) em função de casos de deslocamento de abomaso (DA) ocorre antes que o caso seja diagnosticado, ou seja, na forma subclínica. Um levantamento realizado por pesquisadores da Universidade de Cornell (EUA), precisou que o diagnóstico clínico de DA ocorre, geralmente, em animais com cerca de 20 dias em lactação, gerando uma perda de leite em torno de 165 litros/vaca, ou seja, uma média de 8,25 litros/vaca/dia. Os mesmos pesquisadores publicaram em março de 1999 uma pesquisa que avaliou mensalmente 2.604 vacas holandesas quanto ao impacto negativo na produção, causado por casos de cetose. Os resultados da pesquisa apontaram que as vacas que apresentaram cetose produziram, em média, 9 litros/vaca a menos (em 7 dias de avaliação), em relação aos animais que não apresentaram cetose.

Um grande problema envolvendo animais com distúrbios metabólicos pós-parto é que os mesmos estão correlacionados. Pesquisas apontam que vacas que apresentam febre do leite são seis vezes mais propensas a desenvolverem cetose em relação a vacas sadias. Um outro experimento também publicado no Journal of Dairy Science em 1998 avaliou a incidência dos sete distúrbios mais comuns no pós-parto (acidose, laminite, cetose, deslocamento de abomaso, retenção de placenta, metrite e febre do leite) e sua correlação com descarte de animais. De acordo com os resultados obtidos, durante os primeiros 30 dias de lactação, as vacas que apresentaram deslocamento de abomaso foram 2,3 vezes mais propensas a descarte em relação àquelas que não apresentaram o distúrbio. A tabela abaixo resume alguns dados obtidos neste experimento.



Os distúrbios metabólicos citados acima ocorreram entre o primeiro e trigésimo dia pós-parto. A taxa de risco refere-se a possibilidade de um animal acometido pelo distúrbio ser descartado em relação a um animal sadio.

A elevada incidência de distúrbios metabólicos pós-parto, além de causar danos diretos ao bolso do produtor, através da queda de produção de leite, conforme citado anteriormente, promove a perda indireta de capital, uma vez que pode vir a comprometer o desempenho reprodutivo do rebanho. Uma pesquisa publicada em 1990 no Journal of Veterinary Medicine, comparou o desempenho reprodutivo de animais que desenvolveram cetose em relação àqueles que não apresentaram a distúrbio. Os primeiros (positivos para cetose) apresentaram, em média, 100 dias em aberto e uma taxa de concepção no primeiro serviço de 40%, enquanto que os animais sadios desenvolveram uma média de 80 dias em aberto e 75% de concepção ao primeiro serviço. Um outro estudo, publicado também no Journal of Dairy Science, em 1996, avaliando o comprometimento da reprodução em função de problemas metabólicos pós-parto demonstrou que vacas com retenção de placenta apresentaram uma taxa de concepção 14% inferior a animais sadios e que vacas com metrite apontaram para uma taxa de concepção 15% inferior que vacas não acometidas.

Quais são os valores médios a serem considerados?

De acordo com o National Animal Health Monitoring System (NAHMS), num levantamento realizado em 1996, os valores médios dos distúrbios obtidos são demonstrados na tabela abaixo:



Segundo dados de pesquisa avaliando um rebanho de 100 animais com média de 9950 kg de leite/lactação, cada vaca que apresentou febre do leite produziu 4,7% a menos que vacas sadias nos primeiros 30 dias de lactação.

A tabela abaixo resume a % de perdas em função da incidência de distúrbios metabólicos:



A tabela acima permite avaliar perfeitamente o "peso" de cada distúrbio. Uma incidência de 6% de casos febre do leite no rebanho aponta para uma perda média de produção/vaca/dia nos primeiros 30 dias de lactação de 4,7%, ao passo que a incidência de apenas 3% de casos de deslocamento de abomaso no rebanho pode gerar uma perda média de 16% na produção de leite diária do animal recém-parido (para bovinos da raça holandesa).



Como maneira de estimar o gastos com distúrbios metabólicos, simulemos uma situação. Vamos supor que um rebanho seja composto por 100 vacas em lactação, com média diária de 25 kg/vaca a um preço/litro recebido de R$0,34, com a % de incidência apresentadas no quadro acima (padrão ideal):



Comentário MilkPoint: o tema distúrbios metabólicos pós-parto é constantemente debatido em palestras, entre diversos produtores e técnicos, uma vez que a menor incidência destes problemas no início da lactação está diretamente correlacionada com o correto manejo pré-parto, principalmente o nutricional, referente ao período de transição, alvo das maiores mudanças do último NRC Gado de Leite. De acordo com os dados resumidos neste artigo, podemos perceber que há uma grande gama de pesquisas envolvendo o assunto, de modo que esta última tabela conclusiva, reflete o quanto pode custar para o produtor a ausência de investimento ou adoção de correto manejo no período de transição. Vale a pena lembrar que este é um custo médio calculado através de dados de pesquisas norte-americanas, cuja pecuária e índices zootécnicos situam-se entre os mais eficientes do mundo, apresentando uma realidade de valores-padrão quanto a incidência de distúrbios, certamente incompatíveis com a média do Brasil. De qualquer forma, o produtor pode utilizar os conceitos e os dados da tabela acima apenas como referência e monitoramento de custos.

Fonte: Dairy Herd Management, agosto 2000.

JOÃO PAULO V. ALVES DOS SANTOS

Espaço para artigos e debates técnicos expostos por especialistas e equipe de consultores.

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