A produtividade animal é afetada por inúmeros fatores e a sanidade está entre os de influência direta e intensa na produção e rentabilidade do rebanho. Dentre as várias doenças e parasitas que podem acometer os animais, o carrapato tem alta relevância, afetando desde bezerros até animais adultos.
O carrapato do bovino está distribuído em várias regiões do Brasil, com foco nas de clima tropical e temperado, uma vez que esses ambientes favorecem o desenvolvimento desses parasitas. Cada fêmea pode dar origem a três mil novos carrapatos, ficando, assim, fácil entender a rápida capacidade de infestação que o parasita possui e tornando clara a necessidade de aumentar a atenção para este problema.
Mas os prejuízos trazidos pelo carrapato bovino vão muito além de sua rápida proliferação, e seu hábito hematófago aumenta a lista de problemas. Dependendo do grau de infestação de carrapato nos bovinos, a perda sangue constante pode causar anemia e, em alguns casos, levar o animal a morte.
O carrapato pode ainda causar danos na carcaça do animal, trazendo prejuízo para a bovinocultura de corte ou para quem trabalha com o couro, depreciando o valor do animal. Além desses prejuízos causados pelas lesões, elas ainda podem ser uma porta de entrada para bactérias e moscas, podendo ocorrer miíases (bicheiras) que comprometem o conforto e o bem-estar animal.
Além de todos os prejuízos acima citados, o carrapato bovino é o vetor biológico de transmissão da tristeza parasitária bovina (TPB), sendo conhecida por um complexo de doenças causadas por protozoários do gênero Babesia spp. e pela Anaplasma spp.
O nome Tristeza Parasitária vem da aparência triste dos animais que são acometidos pela Babesiose e pela Anaplasmose. Ambas as doenças são transmitidas pelo carrapato Rhipicephalus microplus e a transmissão por moscas que se alimentam de sangue ocorre no caso da Anaplasmose.
Mesmo que muitos produtores subestimem as perdas produtivas que a TBP é capaz de trazer, ela provoca prejuízos à saúde animal e diminuição do desempenho, além da alta mortalidade em bezerros.
Em animais jovens a doença causa principalmente febre, icterícia e anemia. Algumas particularidades são apresentadas no caso da Babesiose, onde o animal infectado com Babesia bovis também pode apresentar sinais nervosos que contemplam desde agressividade à falta de coordenação motora. Além disso, os animais infectados com a Babesiose podem apresentar hemoglobinúria ou seja, urina escura (avermelhada ou cor de coca-cola).
Um quadro clínico mais agudo é percebido em animais adultos que contraem a doença. A infertilidade temporária e a diminuição da produção de leite são aspectos observados. Em vacas que estão prenhes, pode haver a ocorrência de abortos.
Alguns estudos apontam que os animais mais jovens apresentam maior resistência a doença. Presença de anticorpos colostrais, de soro e hemoglobina fetal, rápida resposta da imunidade celular entre outros fatores, dão aos animais mais novos uma capacidade melhor de lidar com a Tristeza Parasitária. Mas, embora os animais mais jovens possuam fatores que ajudam a prevenir a doença, altas taxas de mortalidade são observadas em bezerros, necessitando atenção dos produtores.
É geralmente no período da desmama ou pós desmama que ocorre a presença da doença, por ser um momento de mudanças nutricionais e uma categoria animal com maior suceptibilidade ao carrapato. Sendo importante neste momento realizar protocolos de tratamento preventivo e adotar manejos de acompanhamento clínicos dos animais
Monitorar os animais continuamente é importante para a detecção precoce da doença e, com isso, aumentar as chances de cura. O primeiro passo para o tratamento dos animais é a eliminação dos agentes causais, ou seja, os carrapatos.
Erradicar o carrapato em países que possuem o clima tropical é algo muito difícil, tendo em vista o ambiente favorável de proliferação do parasita. Conviver de forma equilibrada e associar métodos de controle, raças e cruzamentos resistentes, manejo de pastagens e protocolos preventivos, é um caminho para lidar com a situação e evitar a proliferação.
A alta incidência de problemas e prejuízos relacionados as doenças e danos decorrentes do carrapato torna necessária a atenção com cuidados relacionados ao parasita.