A mastite é considerada a principal doença que afeta rebanhos leiteiros em todo o mundo. É uma enfermidade com diversos fatores, podendo ser desencadeada por causas físicas, químicas, fisiológicas e, principalmente, infecciosas.
Diversos são os microrganismos que podem causar a mastite, entre eles vírus, fungos e algas, mas, de longe, as bactérias são a causa mais importante. Quanto à manifestação da doença, a mastite pode ser classificada como clínica ou subclínica.
Na primeira, o animal apresenta sinais clínicos como alteração no aspecto do leite, grumos, vermelhidão, inchaço, dor ao toque, febre. Já na mastite subclínica o aspecto do leite e o úbere ficam normais, porém o aumento da contagem de Células somáticas no leite (CCS), devido à infecção, levam à diminuição da produção.
A alta prevalência de mastite nos rebanhos causa perdas econômicas significativas. Por isso, é muito importante identificar rapidamente os animais doentes, para que eles sejam tratados ou mesmo descartados (quando for o caso). Assim, pode-se evitar maiores perdas econômicas e a transmissão para outros animais. Para isso, é necessário que se estabeleça uma rotina frequente de detecção da doença.
Um teste simples e prático, que deve ser realizado em todas as ordenhas, é o teste da caneca de fundo preto. Este teste consiste em esguichar os primeiros jatos de todos os tetos em um recipiente de fundo preto, sendo possível observar se há alguma alteração no leite, o qual é um importante indicativo de mastite clínica. Além disso, deve-se inspecionar o úbere e os tetos do animal, a procura dos sinais clínicos de inflamação já mencionados anteriormente.
Já para mastite subclínica, normalmente se utilizam testes que indiquem o aumento da CCS no leite do animal infectado. A observação do aumento da CCS do taque é um forte indicativo de mastite no rebanho, contudo é necessária uma investigação individual para saber quais são os “animais problema”.
Um dos testes com essa finalidade, e que pode ser incluído na rotina da fazenda, é o California Mastitis Test (CMT). Ele consiste em esguichar em uma “raquete” própria uma certa quantidade de leite dos quatro tetos e adicionar uma substância específica (facilmente encontrada em lojas agropecuárias). O leite misturado com o líquido das vacas positivas ficará gelatinoso. De acordo com a quantidade e o aspecto do gel formado, será possível classificar o grau da infecção. Contudo, esse teste possui grande subjetividade, sendo um fator importante que a mesma pessoa realize o teste em diferentes momentos e em todos os animais em lactação, dessa forma consegue-se criar um histórico, identificando os animais crônicos.
Outra opção para identificação de mastite subclínica, é enviar o leite de todos os animais em lactação para análise de CCS individual em laboratório especializado, sendo valores acima de 200 mil cél./mL considerados como animais com mastite.
Para identificação do agente causador da mastite, podemos realizar a cultura microbiológica. Este procedimento auxilia muito na realização do tratamento adequado, contudo normalmente é realizado apenas nos animais já identificados como doentes em um dos testes anteriormente mencionados.
O isolamento do microrganismo se dá por meio da coleta de leite e análise em laboratório especializado ou na própria fazenda, quando esta possui uma estrutura que permite o diagnóstico.
Outra estratégia para monitoramento do rebanho é realizar a cultura microbiológica dos animais próximos à época de secagem, visto que este é um período crítico para o desenvolvimento e agravamento de mastites, o que compromete grandemente a próxima lactação. Esta rotina auxilia, inclusive, na adoção de estratégia como a secagem seletiva dos animais ou na escolha da melhor opção de tratamento no período seco.