Para levar adiante as discussões acerca do processo de criação de projeto-piloto entre as entidades, cujo objetivo é reduzir o custo de produção e, ao mesmo tempo, aumentar a produtividade, a Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul esteve reunida com representantes da Lactalis. O encontro foi nesta semana, em Porto Alegre, e deu sequência às agendas entre as duas organizações, que iniciaram no dia 4.

A Comissão Estadual do Leite é a articulação da Fetag responsável por encaminhar as demandas dos produtores no RS. Conforme o presidente da Fetag, Carlos Joel da Silva, o objetivo é construir uma nova metodologia de trabalho entre os produtores e a indústria, para que seja o passo inicial de um novo ciclo da produção de leite no RS. Na avaliação do presidente, "o encontro de hoje foi positivo".

O encaminhamento fundamental, para a Fetag, é a elaboração de contrato com cláusulas que orientem - visando, também, a proteção - os dois agentes envolvidos: o produtor e a indústria. A Fetag defende que é importante o produtor conhecer o preço mínimo que ele vai receber das grandes empresas pelo litro do leite.

Esse nivelamento irá fornecer mais segurança ao produtor, segundo Carlos Joel. "Temos o entendimento de que precisamos avançar. O desafio é crescer como cadeia leiteira", diz. De acordo com o presidente da Fetag, a Lactalis é a maior receptora de leite do RS. A Federação segue com a agenda de encontros com outras empresas e, no dia 19, será a vez da Nestlé.

Para antes do Natal está prevista uma nova audiência com a gestão da Lactalis, ocasião na qual o diretor da Lactalis do Brasil, Guilherme Portela e a assessoria técnica da organização apresentarão aos gaúchos a avaliação da Lactalis sobre os pontos abordados na reunião. Enquanto isso, a assessoria técnica da Fetag também irá trabalhar no desenvolvimento do documento. "Temos que ter cuidado ao negociar, cuidado para não fazer as coisas com pressa. O contrato vai direcionar deveres e direitos para os dois lados", explica.

A reunião de ontem também abordou a redução do prazo de pagamento por parte da Lactalis, que atualmente ocorre no dia 15 de cada mês. A Fetag defende que os produtores devam receber até o 5° dia útil de cada mês. Sobre o questão, a representações seguem discutindo.

Entenda

As reuniões recentes foram agendadas por ocasião das últimas mobilizações dos agricultores familiares, no dia 24 de novembro, de forma simultânea na Lactalis, em Teutônia, e na Nestlé, na cidade de Palmeira das Missões. A cadeia leiteira gaúcha enfrenta problemas que afetam todo o estado. A Lactalis é uma empresa multinacional francesa que atua com produtos lácteos no mundo todo. A organização detém diversas marcas, entre elas Elegê e Batavo. Conforme dados institucionais, o Brasil é um dos 43 países em que a Lactalis está inserida.

As 15 indústrias da planta da empresa no Brasil geram cerca de sete mil empregos. Cinco unidades estão no Rio Grande do Sul. Três de Maio conta com duas delas, Ijuí, Santa Rosa e Teutônia com uma unidade cada. No RS são mais de 2,3 mil empregos diretos. O estado é responsável por 60% da captação de leite da empresa, o que justifica a urgência de um acordo entre as partes produtoras e a industrial. No RS, são produzidos queijo, leite, iogurte e leite condensado, além de creme de leite, requeijão, e manteiga. A matéria-prima é adquirida de aproximadamente oito mil produtores.

As informações são do O Informativo do Vale.