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Dos três meses de vida até a parição, que dieta fornecer?

POR JUNIO CESAR MARTINEZ

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 11/07/2007

6 MIN DE LEITURA

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De uma forma geral, a eficiência alimentar de novilhas leiteiras é relatada com muito baixa. Embora possa ser de várias e diferentes fontes, a origem dessa ineficiência está relacionada à grande proporção do alimento que é requerida para propósitos de mantença e sua relativa ineficiência de uso para crescimento. Assim, a proporção da energia líquida ingerida que é retida para crescimento é consideravelmente menor que a proporção que é gasta para mantença. Essa é a razão pela qual, ao formularmos uma dieta para novilhas no NRC, a quantidade absoluta de energia requerida para mantença é várias vezes maior que a energia requerida para crescimento.

Assim, é preciso saber se os investimentos feitos durante a cria e recria das fêmeas de reposição têm ou não potencial de gerar dividendos antes do início da lactação, bem como dividendos extras após a parição.

Reduzir o período de crescimento para diminuir a idade ao primeiro parto para 22 a 24 meses poderá encurtar o tempo não produtivo do animal. Isso pode ser conseguido aumentando o ganho de peso diário. Entretanto, o alto ganho de peso tem demonstrado ter impacto negativo no número de células parenquimáticas e na produção de leite de primíparas.

Diante dessa problemática, um estudo foi conduzido na Universidade do Estado da Pensilvânia, nos Estados Unidos. Utilizou-se 42 novilhas holandesas com peso a partir de 135 kg de peso vivo e 117 de idade. As dietas experimentais (alta forragem VS alto concentrado) foram formuladas para suprir a exigência de nutrientes para novilhas de 150 kg com ganho de 800 gramas/dia. A dieta com alta forragem continha 75% de forragem e 25% de concentrado, e a dieta de alto concentrado 75% de concentrado e 25% de forragem.

Essas dietas foram fornecidas durante 245 dias na forma de ração total dividida em duas vezes ao dia, período esse de crescimento alométrico da glândula mamária. Nesta fase, embora as dietas pudessem proporcionar ganhos de peso diferente, isso foi contornado controlando-se a quantidade fornecida de cada dieta. As dietas experimentais foram as apresentadas na Tabela 1.

Tabela 1. Formulação e composição dos tratamentos.


Premix: Ca, 0,57%; S, 15,75%; Cu, 40,716ppm; Fe, 10,204ppm; Mn, 122,450ppm; Zn, 122,450mg/kg.

As novilhas foram elegíveis para inseminação quando atingiram 350 kg e 13 meses de idade. Para manter a idade ao primeiro parto entre 22 e 24 meses, as novilhas que não apresentaram cio até 13,5 meses sofreram sincronização de cio.

Após a lactação as primíparas eram levadas para baias individuais tipo "tie-stall" com dimensões de 1,32 x 1,83 metros. Após aproximadamente um mês eram então levadas para um sistema "Free-stall" com outras vacas primíparas e passaram a receber BST a partir dos 63 dias de lactação.

Oito animais dos 42 originais não chegaram aos 150 dias de lactação. Quatro não conceberam após quatro inseminações (duas de cada tratamento), uma teve pneumonia (alto concentrado), uma teve complicações no parto (alta forragem) e uma morreu logo após o parto (alto concentrado).

O monitoramento do ganho de peso dos tratamentos está relatado na Tabela 2. Os resultados indicam que a mantença do ganho de peso pelo controle do acesso a comida foi eficiente, uma vez que o ganho de peso entre os tratamentos não foi diferente (0,828 kg/dia para alta forragem e 0,827 kg/dia para alto grão). O consumo médio de matéria seca foi de 5,96 e 5,32 kg/dia, para os tratamentos com alta forragem e alto grão, respectivamente, com conseqüente eficiência alimentar de 0,142 e 0,156; para o período de crescimento.

Tabela 2. Resposta ao crescimento até a puberdade de novilhas alimentadas com diferentes dietas.


Valor de P menor que 0,05 significa que existe diferença entre os tratamentos aplicados.

Um resultado interessante é o fato de que o regime alimentar controlado foi eficiente em manter todas as características dos animais conforme o desejado, exceto o desenvolvimento do rúmen, expressado em ganho diário (cm/dia) ou como expressão alométrica (Tabelas 2 e 3). Inicialmente os animais recebendo dietas com alta forragem tinham maior ganho diário no desenvolvimento do rúmen, mas elas foram ultrapassadas mais tarde pelos animais do tratamento com alto grão.

Tabela 3. Crescimento estrutural e alométrico de novilhas recebendo diferentes tipos de dietas e com ganho de peso similar.


Valor de P menor que 0,05 significa que existe diferença entre os tratamentos aplicados. PV=peso vivo.

As diferenças na digestibilidade das dietas suportam essas diferenças, uma vez que um rúmen maior é requerido para degradar uma maior quantidade de fibra e um intestino maior para absorver nutrientes a partir de um maior volume de alimento, característica essa que poderá permanecer quando o indivíduo chegar à maturidade. Por meio de equações, pode-se calcular o enchimento do intestino com base na concentração de FDN da forragem, nível de concentrado e peso vivo sem jejum. Com base nessas equações, o enchimento do intestino poderia ser 59,0 kg para o tratamento de alta forragem e 30,7 kg para o tratamento de alto concentrado.

Se o volume do trato digestivo é diferente entre tratamentos, mas o ganho de peso e características estruturais não diferem entre os grupos, então as diferenças observadas no tamanho do rúmen e intestino se devem a capacidade do animal em se adaptar a dieta, provando ser a composição das dietas a responsável pelas diferenças apresentadas.

A Tabela 4 apresenta a diferenças de peso na puberdade. As novilhas recebendo alto grão chegam mais novas e menos pesadas, entretanto, sem diferença estatística.

Tabela 4. Medidas reprodutivas tomadas antes da puberdade.


Valor de P menor que 0,05 significa que existe diferença entre os tratamentos aplicados.

O peso vivo médio a primeira parição foi de 548 kg e não teve diferença entre os tratamentos. Embora sem diferença estatística, as vacas do tratamento a base de forragem pariram 24 kg mais leve que as vacas alimentadas a base de concentrado. A produção de leite dos primeiros 150 dias de lactação estão demonstrados na Tabelas 5 e 6.

Tabela 5. Produção de leite até os 150 dias de lactação.


Valor de P menor que 0,10 pode ser interpretado como tendência, ou seja, os tratamentos comparados tenderam a apresentar diferença entre si.

Tabela 6. Estimativa da produção e composição do leite extrapolada para 305 dias de lactação.


Valor de P menor que 0,10 significa tendência para diferença entre os tratamentos, Valor de P menor que 0,05 significa que existe diferença entre os tratamentos.

Os animais alimentados com alto grão tiveram maior produção de leite corrigido para gordura e produção de gordura. De forma geral, a literatura relata produções numéricas superiores a favor de alimentação com alto concentrado.

Considerações finais

Com base nos dados apresentados, podemos observar que uma vez respeitados os ganhos de pesos recomendados para novilhas até a puberdade, as dietas podem ser tanto com alta forragem como com alto concentrado, uma vez que as características estruturais de crescimento são praticamente as mesmas para ambos os tipos de recria.

Entretanto, o sucesso no uso de dietas com alto concentrado se deve à alimentação controlada para evitar que a novilha engorde muito antes da puberdade. Uma vez recebendo a quantidade adequada de alimento, as novilhas terão alta eficiência de utilização e produtividade futura superior a dieta com alta forragem. Por outro lado, as dietas com alta forragem, desde que a quantidade de FDN não restrinja o consumo e não ocorra deficiência de nutrientes, é capaz de promover desenvolvimento e produção de leite equiparado aos animais recebendo alto concentrado nos primeiros 150 dias de lactação.

Portanto, respeitadas essas observações, a decisão de qual tipo de dieta utilizar para criar as futuras vacas leiteiras irá depender das reais condições de cada granja leiteira, do nível de produção desejado, sistema de produção (exploração de pastagens ou confinamento) e do custo da alimentação.

Fonte:

Journal of Dairy Science, 90:3388-3396.

JUNIO CESAR MARTINEZ

Doutor em Ciência Animal e Pastagens (ESALQ), Pós-Doutor pela UNESP e Universidade da California-EUA. Professor da UNEMAT.

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CARMEM DALILA CALDERON TRENTI

SÃO PAULO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 13/03/2008

Gostaria de informações sobre sementes de girassol na alimentação de bovinos de leite, vacas em lactação, secas e novilhas.
Se existe restrições, quais?

<b>Resposta do autor:</b>

Prezada Carmem.

Infelizmente não tenho muito conhecimento sobre o uso de semente de girassol na alimentação animal. Tenho alguma experiência com silagem de girassol.
Entretanto, pelos meus conhecimentos sobre a composição da semente de girassol posso afirmar que deve-se tomar cuidado ao incluí-la na dieta. O motivo para ser cuidadoso é devido ao seu alto teor de lipídio, cerca de 41,9%. Comparando com o caroço de algodão que tem cerca de 19,3% de lipídios na sua composição, e se nos atentarmos para o fato de que não podemos incluir mais do que 20% de caroço na dieta para não afetar o consumo, a percentagem de semente de girassol a ser incluída deve ser bem menor.

Sinceramente, não sei informar quanto de semente incluir na dieta, mas a quantidade deve ser baixa. Na minha opinião, pensando em composição bromatológica somente, não deve ser incluído mais do que 10% da dieta.
AMAURY RESENDE MANCILHA

ARAÇATUBA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 17/07/2007

Gostaria de saber se houve alguma diferença sobre a deposição de gordura no úbere dos animais.

Obrigado

<b>Resposta do autor:</b>

Olá Amaury.

O texto não faz referencia, mas acredito que não.
Abraços.

Junio Cesar Martinez
JEAN CLEBER ALVES MARTINS

ITUTINGA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 17/07/2007

Gostaria de saber sobre um concentrado a base de milho, uréia, levedura e bovigold, e se esta fórmula pode ser usada para novilhas.

O volumoso utilizado é de capim napier.

<b<Resposta do autor:</b>

Olá Jean,

Desde que devidamente balanceado, praticamente todo tipo de produto com potencialidades para nutrição animal pode ser utilizado.

Grande abraço.

Junio Cesar Martinez

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