As culturas de milho e de sorgo apresentam-se como as mais adaptadas ao processo de ensilagem, por sua facilidade de cultivo, alto rendimento e por possuírem características desejáveis à fermentação, tais como: adequado teor de matéria seca, baixo poder tampão e suficiente quantidade de carboidratos solúveis, o que exclui a necessidade de aplicação de aditivos para estimular a fermentação.
O sorgo contribui com 10 a 12% da área total cultivada para silagem no Brasil e se destaca, de modo geral, por apresentar produtividade de matéria seca (t MS/ha/ano) mais elevada que a do milho, principalmente em condições marginais de cultivo, como nas regiões de solos de baixa fertilidade natural e locais onde é freqüente a ocorrência de estiagens longas (Rocha Júnior et al., 2000).
Assim como a conservação do milho na forma de silagem, a ensilagem do sorgo é também muito divulgada e estudada. Porém, muitas divergências ocorrem quando da escolha do melhor tipo de sorgo para a ensilagem por parte de técnicos e produtores, os quais são classificados basicamente em quatro tipos:
- granífero;
- dupla aptidão (2 metros ou mais de altura);
- forrageiro com baixa produção de grãos (3 metros ou mais de altura);
- forrageiro para pastejo.
Dentre os apresentados, o granífero e o de dupla aptidão são os que melhor atendem às características desejáveis para a obtenção de uma boa silagem. O granífero por ter característica de produção de grãos perde em termos de produtividade, entretanto, possui todas as características para uma boa fermentação no silo. O denominado de dupla aptidão ou duplo propósito, devido a sua boa relação de grãos na matéria verde também pode ser uma opção, o qual permite boa fermentação no silo, ocasionando uma conservação com ótimo valor nutricional e nível de ingestão voluntária por parte dos animais. Este tipo de sorgo contém em torno de 80 a 85%, na média, do valor nutricional de uma boa silagem de milho.
No processo de ensilagem do sorgo, um grande problema reside na não trituração dos grãos (grãos muito pequenos), quando o equipamento não está bem regulado. Caso este grão não seja triturado, além de ocasionar problemas durante o processo fermentativo, estes também não são digeridos no trato digestivo dos ruminantes, devido as características da película protetora dos grãos e o elevado estado de maturação dos mesmos. Estas perdas podem superar valores de 40%. Para se evitar estes altos níveis, entre o que é fornecido e o que é consumido pelo animal, a correta regulagem da colhedora é fundamental para que a mesma possa quebrar o melhor possível a fração de grãos que é colhida.
Outro ponto que deve ser criteriosamente observado é o momento da colheita da forragem no campo. Para o início da ensilagem do sorgo, recomenda-se que este apresente entre 28 e 33% de MS, sendo que os grãos devam apresentar aspecto pastoso a farináceo. Esta característica é facilmente visualizada quando os grãos são facilmente perfurados com os dedos, com escorrimento branco viscoso até a mesma ação sem escorrimento. Ou ainda quando os grãos da panícula da parte inferior apresentar o estágio de farináceo-duro.
A terminação de animais ovinos em confinamento é uma opção viável quando há alimentos volumosos disponíveis a baixo custo, e/ou durante o período de entressafra. O confinamento com ovinos também tem sido recomendado por possibilitar menor mortalidade e menor custo com vermífugos, bem como maior ganho de peso, e principalmente, maior lucro final (Siqueira et al., 1993; Macedo et al., 2000).
Para o desempenho desejável dos animais confinados, há a necessidade de uma alimentação de boa qualidade. O uso de ensilagens para a alimentação de animais nos períodos de carência de pastagens, bem como para a engorda de animais tem se tornado prática comum entre os pecuaristas. O milho (Zea mays L.) é a espécie forrageira mais utilizada para esta finalidade. Entretanto, outras culturas, por se adaptarem as condições climáticas e de solo menos favoráveis, têm sido recomendadas, como o sorgo (Sorghum bicolor (L). Moench) e o girassol (Helianthus annus L.) (Almeida et al., 1995; Genro et al., 1995).
Cunha et al. (2001) trabalharam com cordeiros e cordeiras da raça Suffolk em confinamento, desmamados com 60 dias de idade e recebendo como fonte volumosa silagem de milho, silagem de sorgo ou feno de gramínea a vontade e mesma ração concentrada para todos os tratamentos constituída de milho triturado (50%), farelo de soja (19%), farelo de algodão (15%), farelo de trigo (13%), sal (1%), minerais (0,5%) e calcita (1,5%), sendo fornecida diariamente na base de 3,5% do peso vivo dos animais.
Tabela 1. Ganho de peso diário e idade ao abate de cordeiros e cordeiras da raça Suffolk. Cunha et al. (2001)
A Tabela 1 mostra que o tipo de alimento volumoso consumido pelos animais afetou o ganho diário de peso e a idade para alcançar o peso de abate. Os animais alimentados com silagem de milho e de sorgo apresentaram maiores ganhos diários de peso que os alimentados com feno, o que possibilitou seu abate com menor idade.
Com base na tabela acima, talvez o feno tenha causado má impressão, entretanto, não podemos desprezá-lo. Em rações de alto concentrado este volumoso é de fundamental importância para manutenção da saúde ruminal.
Em relação a silagem de milho comparada a com a silagem de sorgo pode-se observar pouca variação entre estes. Dessa forma, o uso da silagem de sorgo é viável na alimentação de ovinos. O cuidado deve ser tomado no momento do corte do sorgo, ou seja, a quebra de seus grãos. Outro fato que devemos levar em consideração para animais para o abate, principalmente ovinos que são precoces, é que, somente a utilização de silagem ou qualquer outra fonte volumosa não atende suas exigências nutricionais. O uso de ingredientes concentrados em proporções corretas com certeza é grande balizador para obtenção do lucro da atividade.