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Teste de um sucedâneo na produção de vitelos

POR JOSÉ ROBERTO PERES

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 22/02/2002

5 MIN DE LEITURA

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O vitelo pode ser definido como um bezerro criado exclusivamente à base de leite. Sua carne é diferenciada e considera-se de boa qualidade aquela que possui coloração branca ou rosada resultante do controle do teor de ferro em sua dieta. Ela possui ainda uma textura muito delicada e é nutricionalmente atrativa por possuir pouca gordura.

A criação de vitelos foi a alternativa encontrada por alguns países de pecuária leiteira intensiva, de colocar os bezerros machos no mercado. Logicamente que esta colocação depende do hábito da população no consumo desta carne e de seu poder aquisitivo, já que se trata de uma carne mais cara. No Brasil, alguns produtores têm trabalhado no desenvolvimento de sistemas de criação adaptados às nossas condições e custos. O mercado ainda é restrito a restaurantes sofisticados, principalmente nas grandes capitais.

Na maioria dos sistemas de criação de vitelos o abate é feito quando o animal atinge 150-180 kg de peso vivo, normalmente entre 16 e 18 semanas de vida.

Na criação de vitelos, o custo final depende, principalmente, do gasto com alimentação, normalmente elevado, tendo em vista que o leite integral ou sucedâneos do leite, especialmente formulados para este fim, constituem-se na única fonte de alimento dos animais.

Ainda existem poucas informações científicas em nosso meio e os trabalhos normalmente utilizam leite integral, já que os sucedâneos especiais dificilmente são encontrados no mercado nacional. Em função disso, um experimento realizado em Rio das Flores - RJ por pesquisadores da PESAGRO avaliou um sucedâneo de leite importado, em comparação ao leite integral na criação de vitelos.

Foram utilizados 30 bezerros machos girolandos, com uma semana de idade. O leite integral ou sucedâneos foram os únicos alimentos fornecidos durante todo o período. Dois sucedâneos da marca Denkavit (Holanda) foram utilizados: o inicial (96% MS, 21,5% PB e 19,5% gordura) e o de terminação (96% MS, 22,0% PB e 22,6% gordura). Os tratamentos foram: I = leite integral; II = leite integral até 100 kg de peso vivo e, a partir daí, o aumento da quantidade de dieta líquida foi feito com sucedâneo de terminação adicionado ao leite, até o abate; III = leite integral até o 10o dia de vida e, a partir daí, sucedâneo inicial até atingir 100 kg de peso vivo, e sucedâneo de terminação dos 100 kg até o abate. O sucedâneo foi diluído em água na proporção de 180 gramas por litro de água. Foi feita adaptação com quantidades crescentes por 3 dias. Os animais com peso inicial até 40 kg receberam 4 litros de dieta líquida/dia, aqueles com peso superior receberam 6 l/dia até o 10o dia. A partir daí, a quantidade de dieta líquida foi equivalente a 13,5% do peso vivo do animal, ajustada a cada 14 dias. O abate foi feito quando os animais atingiram entre 150 e 190 kg de peso vivo.

A tabela 1 apresenta os resultados de todo o período experimental.

Dos resultados destaca-se o consumo de matéria seca significativamente menor (P=0,00055) para os animais que receberam leite integral em relação ao sucedâneo comercial (tratamento III). Os animais que receberam leite integral até 100 kg de PV, situaram-se numa posição intermediária (tratamento II).

Não houve diferença significativa para o ganho em peso médio diário entre os tratamentos, conseqüentemente, a conversão alimentar (kg de MS consumida / kg de ganho em peso; P=0,00021) e a eficiência (kg de ganho / kg MS consumida; P=0,00020) foram piores para o tratamento exclusivamente com sucedâneo. Não houve diferença significativa entre os tratamentos no que se refere ao rendimento de carcaça (P=0,21527), idade (P=0,06701) e peso dos animais ao abate, tendo este sido estabelecido, ao início do experimento, entre 150 e 190 kg.

Foi feita ainda uma análise estatística dividindo os resultados de 0 a 8 semanas e de 9 semanas até o abate, uma vez que parte dos animais só passou a receber o sucedâneo a partir de 100 kg de peso vivo. Os dados mostraram as mesmas tendências, quando comparados com o período total.

Tabela 1: Efeito dos tratamentos



Paralelamente ao desempenho dos animais foi avaliada a incidência de diarréia, comum neste tipo de criação, e que pode ser responsável por grandes perdas, uma vez que a margem de lucro é pequena. Segundo os autores, historicamente, os maiores problemas com a utilização de sucedâneos do leite têm sido: excesso de amido e fibra, tipo e incorporação inadequada da gordura e utilização de fontes protéicas de baixo aproveitamento ou que provocam distúrbios digestivos nos bezerros.

No presente ensaio, não houve diferença significativa (P>0,01) entre os tratamentos no que se refere ao número de dias com fezes fluídas e número de dias sob medicação. Como os problemas com diarréia normalmente ocorrem nos primeiros dias os autores afirmam que isto atesta a boa qualidade dos sucedâneos utilizados. É bom lembrar que foi feita uma triagem prévia dos animais (teste do glutaraldeído) na tentativa de eliminar os bezerros recebidos com baixa concentração de imunoglobulinas no momento do desembarque na fazenda.

Os autores concluem que, como não houve efeito dos tratamentos no ganho em peso, idade ao abate e incidência de diarréias, a principal diferença estaria no custo de produção, relacionado ao custo dos alimentos. No tratamento I, foram gastos, em média, 1412 litros de leite integral e no tratamento III, 222 kg de sucedâneo em pó, por animal, durante todo o período de criação. Sendo assim, seria economicamente interessante utilizar o sucedâneo se o preço de um quilo fosse até 6,4 vezes maior que o preço de um litro de leite integral. No presente experimento, os sucedâneos inicial e de terminação foram adquiridos respectivamente a R$ 2,42 e 2,16/kg. A estes preços, só seria vantajosa a substituição no caso do custo do leite ser superior a R$ 0,378, o que não é impossível, mas infelizmente também não é freqüente.

Um importante parâmetro de qualidade da carne de vitelo para o mercado é sua coloração, que é função do nível de hemoglobina no sangue dos animais. Embora o estudo não tenha avaliado este parâmetro, os autores afirmam que os exigentes restaurantes de cozinha internacional que adquiriram esta carne, não detectaram qualquer diferença entre os bezerros que receberam leite e/ou sucedâneo.

Comentário do autor: na maioria dos países onde é realizada, a criação de vitelos é feita à base de sucedâneos, especialmente formulados para esta finalidade. Nesses mercados, tanto o preço do sucedâneo normalmente é menor (por ser constituído à base de subprodutos locais, de origem láctea ou não), quanto o valor da carne é superior (maior poder aquisitivo e demanda). Este experimento mostra que, nas nossas condições, talvez este não seja o caso, o que é lamentável, pois o destino dos machos em rebanhos leiteiros (especialmente os de genética apurada) ainda é um problema a ser resolvido.

Fonte: Alves, P.A.M e Lizieire, R.S., 2001. Teste de um Sucedâneo na Produção de Vitelos. Revista Brasileira de Zootecnia 30(3):817-823.

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MANZANO

OUTRO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE GADO DE CORTE

EM 05/03/2002

Sou produtor de leite e gostaria de receber mais informações para eu poder começar um projeto na criação de vitelos. Desde instalações, manejo, assistência, mercado, etc...

Resposta MilkPoint: <i><font color="#006666">Sugiro que entre em contato com os pesquisadores da PESAGRO, no Rio de Janeiro. Um e-mail para contato é: mailto:eei@domain.com.br outro possível contato é o Dr. Oriel Fajardo Campos, pesquisador da Embrapa, se não me engano na unidade de Gado de Leite em Juiz de Fora, MG. Ele tem desenvolvido pesquisas nesse setor. Na realidade a Embrapa tem até mesmo uma circular técnica sobre "Produção de Vitelos" (Circular Técnica 42). Não conheço a circular e portanto não sei dizer se traz todas informações que deseja. Aconselho que se informe bem antes de iniciar o projeto pois a criação não é fácil e a colocação da carne (a preço compensador) é mais complicada ainda, pois o mercado é bastante exigente e ainda restrito. (José Roberto Peres)</i></font>

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