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Seleção do trabalhador na bovinocultura para atuar no manejo racional

POR MARCELO SIMÃO DA ROSA

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 20/04/2010

5 MIN DE LEITURA

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O trabalhador é o ponto-chave para a moderna produção animal. Ele visa o desenvolvimento consistente de práticas que caracterizam o manejo racional, o manejo com o conhecimento. Sob este ponto de vista, são trabalhados não só o bem-estar e produtividade de animais, mas também a satisfação no emprego e o bem-estar humano.

De maneira geral, seu objetivo é desenvolver o bem-estar na fazenda, ou seja, visa uma propriedade ideal, onde todos desenvolvem atividades com responsabilidade e amabilidade de forma duradoura, com reflexos diretos nos índices zootécnicos e rentabilidade. Para conseguirmos oportunizar o emprego para este tipo de trabalhador, devemos elaborar um processo seletivo.

Durante toda a nossa vida, passamos por diversos processos seletivos: concepção do óvulo que nos deu a vida; do ambiente que enfrentamos diariamente após o nascimento; nos estudos, em seus diversos níveis; na vida profissional, ao entrarmos na atividade e durante toda a atividade. Você está lendo este texto, porque passou por um processo de seleção que o oportunizou a leitura, o conhecimento.

Toda a empresa, em qualquer ramo, que busca a produtividade associada à lucratividade desenvolve um processo seletivo de seus funcionários. Para que realmente consigamos implantar o manejo racional em nossas propriedades, precisamos desenvolver um processo seletivo de nossos funcionários. Este processo seletivo deverá ser digno de confiança para o requerente, mantido em sigilo as informações dos requerentes e eficiente em termos de custo/benefício do processo.

Para desenvolvermos esta seleção, necessitamos descrever quais são as principais características que buscamos no trabalhador da bovinocultura:

-conhecimento geral dos requerimentos nutricionais, climáticos, social e de saúde dos animais.
-experiência prática no cuidado e manutenção dos animais.
-habilidade para poder identificar alguns desvios no comportamento, saúde ou desempenho do animal e prontamente fornecer ou procurar suportes adequados para esses desvios.
-habilidade para trabalhar individualmente ou em grupo de maneira eficiente, sob supervisão geral, com responsabilidade diária do cuidado e manutenção de um grande número de animais.

A Classificação Brasileira de Ocupações (CBO - 2002) descreve que para o exercício de trabalhador na bovinocultura é requerido o ensino fundamental acrescido de curso profissionalizante de cerca de duzentas horas-aula. O desempenho pleno das atividades ocorre após três ou quatro anos de experiência. Órgãos governamentais de assistência e extensão rural, associações e instituições de formação profissional proporcionam cursos e eventos de atualização.

Acreditamos que para desenvolvermos adequadamente o processo seletivo, devemos avaliar a personalidade, as atitudes, as habilidades e os conhecimentos do profissional. Não iremos nos ater a CBO, pois sabemos que dificilmente hoje, encontraremos profissionais que contempla as descrições apresentadas por tal órgão. Portanto, neste primeiro artigo, comentaremos a seleção tomando como referências a personalidade e as atitudes do trabalhador.

Quando falamos de personalidade, referimos aos pensamentos e aos comportamentos que não são direcionados para objetos externos e sim, para o indivíduo. A personalidade descreve as características das pessoas. Geralmente, é duradoura, permanece estável desde criança até adulto. Somente há mudança sob influência de drogas psicoativas ou com lavagem cerebral. A Teoria da Personalidade envolve as seguintes questões:

-extroversão/introversão: sociabilidade, positividade.
-estabilidade emocional: ansiedade, embaraçamento e insegurança.
-agradabilidade: cooperação, bom caráter e tolerância.
-consciência: confiança, aplicação e perseverança.
-inteligência: imaginação, cultura e engenhosidade.

É a personalidade que trabalha a empatia do trabalhador, ou seja, tratador com boa personalidade é capaz de desenvolver um vínculo entre ele e o animal de forma que ele se imagina no lugar do bovino frente a diversas situações positivas ou negativas.

Quando falamos de atitudes, estamos nos referindo à tendência psicológica que é expressa pela avaliação de uma entidade particular com alguns níveis de favorecimento ou desfavorecimento. Os componentes da atitude são:

-conhecimento: pensamento que a pessoa tem sobre algum objeto.
-afeição: resposta emocional que a pessoa tem para alguma outra pessoa ou objeto.
-conação: tendência para comportar-se em um determinado caminho, modo.

As atitudes desenvolvem grande influência motivacional em nossos pensamentos a partir de suas funções: organizar experiências, maximizar experiências positivas e minimizar as negativas; proteger a pessoa de eventos negativos e expressão da personalidade do indivíduo. Contudo, as atitudes são definidas em termos de objetos ou evento; são avaliações, referem-se às coisas como boa/má; são opiniões para desenvolver dentro do tempo, resultado das experiências e são susceptíveis a mudanças.

As atitudes não podem ser avaliadas diretamente. Temos de empregar entrevistas ou questionários para avaliá-las. Em um questionário/entrevista deverá conter perguntas envolvendo características da espécie animal e da qualidade da interação humano-animal, por exemplo: vacas leiteiras são animais vagarosos? Vacas leiteiras são teimosas? Vacas leiteiras são inteligentes? Vacas leiteiras são animais que estimulam o desenvolvimento das nossas atividades? Como você se sente manejando vacas frequentemente? Você tem medo de manejar vacas? Você precisa de muito cuidado para realizar a ordenha?

Como já citado, as atitudes são passíveis de mudança, apesar de necessitar de um acompanhamento muito próximo, por 21 dias consecutivos, da pessoa com que queremos trabalhar. Para haver esta mudança, há necessidade de se trabalhar alguns fatores que causarão efeito na mensagem trabalhada, a ser mudada. Estes fatores incluem: fontes de informação; características da mensagem e características pessoais.

Alguns exemplos da importância do trabalhado desenvolvido por pessoas que possuem boas atitudes para gado leiteiro são apresentados abaixo. Hemsworth et al. (2002) avaliaram se o treinamento de retireiros seria válido. Os resultados demonstraram que após o treinamento, os retireiros apresentaram mais atitudes positivas, com melhoria de comportamento, ou seja, foi desenvolvida a interação aconselhável retireiro-vaca. Aumento na quantidade e qualidade do leite ordenhado, menor distância de fuga e melhor taxa de concepção foram alguns reflexos dessa melhor interação.

Rosa (2002) apresentou que maior ocorrência de ruminação na sala de ordenha era apresentada na presença de retireiros positivos e que esses retireiros afixavam as teteiras com mais cuidados do que aqueles classificados como negativos. Rosa (2004) registrou que quando não havia a interação aconselhável reiteiro-vaca, os animais deixavam de produzir até 2,0 kg de leite.vaca-1.ordenha-1, em rebanho com média de 20,0 leite.vaca-1.ordenha-1.

Assim, este artigo buscou despertar a atenção dos gerentes/produtores para a avaliação da personalidade e das atitudes do trabalhador que almeja praticar o manejo racional. No próximo artigo, iremos ressaltar a importância da seleção quanto às habilidades e aos conhecimentos do trabalhador. Também, será discutida a importância da motivação diária do trabalhador.

Referências Bibliográficas:

Hemsworth, P. H. et al. The effects of cognitive behavioral intervention on the attitude and bahavior of stockpersons and the behavior and productivity of commercial diary cows. Journal of Animal Science, v. 80, p. 68-78, 2002.

Hemsworth, P.H.; COLEMAN, G.J. Human-livestock interactions: the stockperson and the productivity and welfare of intensively farmed animal. Cab International, 1998, 152p.

Rosa, M. S. Interação entre retireiros e vacas leiteiras na ordenha. 2002. 52 f. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) - Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal, 2002.

Rosa, M. S. Ordenha sustentável: a interação retireiro-vaca. 2004. 83 f. Tese (Doutorado em Zootecnia) - Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal, 2004.

MARCELO SIMÃO DA ROSA

Professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais - campus Muzambinho. Atua na área de Etologia/Bem-Estar Animal e Bovinocultura Leiteira e Bovinocultura de Corte.

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