Um dos principais problemas enfrentados nas fazendas que exploram a pecuária bovina é a escassez de alimentos em determinadas épocas do ano. Este fato traz uma série de prejuízos, pois determina desde um menor desempenho dos animais até a necessidade de comercializar animais em períodos de menor preço. Desta forma, a execução do planejamento alimentar da propriedade é um dos fatores mais importantes para o sucesso do sistema de produção. Com ele, o produtor pode se programar com antecedência, reduzindo o risco de falta de alimentos em períodos críticos do ano.

O planejamento alimentar pode ser classificado em:

• planejamento alimentar de projeto ou


• planejamento alimentar de rotina.

Durante a fase de planejamento, ou seja, antes da implantação do sistema de produção, deve ser feito o planejamento alimentar de projeto. Nesta fase, o técnico ou produtor deverá determinar as características do rebanho (tamanho e estrutura) depois de estabilizado e a alimentação dos animais. Essas informações permitirão uma estimativa inicial da área necessária para a produção de cada tipo de forragem (pasto sem adubação, pasto diferido, pasto adubado, cana-de-açúcar, silagem, etc.).

O planejamento alimentar de rotina deve ser feito, pelo menos, duas vezes ao ano. Neste caso, o técnico ou produtor deverá fazer uma previsão, com base em dados reais, do tamanho e da estrutura do rebanho para o período seguinte. A partir destas informações, ele deverá definir a alimentação de cada categoria e determinar a área necessária para produção de cada tipo de forragem. Este planejamento permite que os problemas do projeto sejam identificados com antecedência e corrigidos, sem que haja prejuízos para o sistema de produção. Além disso, ele permite que sejam feitas mudanças no planejamento inicial, de acordo com os objetivos da propriedade.

Para se realizar o planejamento alimentar de rotina são necessários:

• levantar a estrutura atual do rebanho, inclusive identificando os animais de descarte


• levantar os índices zootécnicos da propriedade (mortalidade, ganho de peso dos animais em crescimento, idade ao primeiro parto, duração média da lactação (no caso de gado de leite), etc.)


• fazer o exame reprodutivo das fêmeas


• definir a época de descarte dos animais


• fazer uma projeção do tamanho e estrutura do rebanho para os próximos meses


• calcular a necessidade de alimento para cada categoria


• determinar a área necessária para a produção de cada tipo de forragem (pasto sem adubação, pasto diferido, pasto adubado, cana-de-açúcar, silagem, etc.).

O levantamento dos índices zootécnicos é um dos principais entraves à realização de um bom planejamento. A maioria das propriedades, principalmente de pecuária de corte, não acompanha de forma sistemática seus índices zootécnicos e, normalmente, não consegue apresentar valores reais e confiáveis. Em alguns casos, esse fato pode ser atribuído a uma deficiência na administração local, ou seja, à falta de anotações rotineiras dos dados necessários na fazenda. Em outros casos, o problema está no processamento e análise dos dados anotados. Algumas propriedades têm longas séries de dados (ex: data de inseminação, data de nascimento, peso ao nascer, mortes, etc.), porém não conseguem transformá-los em informação (índices zootécnicos).

A anotação de dados na fazenda depende da presença de um profissional capaz de executar esta atividade de forma disciplinada. Apesar de ser uma atividade simples, em um país como o Brasil, com elevados índices de analfabetismo, isso pode ser bastante difícil de ser executado na prática. Mesmo assim, qualquer empregado alfabetizado pode ser treinado para executar esta função, desde que ele seja suficientemente motivado e esteja consciente da importância deste trabalho para o sistema de produção como um todo.

O processamento dos dados pode ser feito de várias formas. Os índices zootécnicos podem ser calculados manualmente ou com o auxílio de planilhas eletrônicas e bancos de dados. Além disso, existem programas de computador desenvolvidos para auxiliar o gerenciamento de fazendas que, uma vez alimentados com os dados necessários, realizam estes cálculos e geram relatórios. Esta, no entanto, nem sempre é a melhor alternativa, pois alguns destes programas são muito complexos e exigem pessoal mais qualificado para manipulá-los.

Os índices necessários para um adequado planejamento alimentar não são muitos. A tabela abaixo apresenta os índices zootécnicos necessários para uma fazenda de leite e outra de corte. O objetivo desses índices é estimar qual o tamanho do rebanho e o consumo de alimentos desses animais.