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Mercado futuro de leite ?

POR ALEXANDRE DE CAMPOS GONÇALVES

E PAULO ARARIPE

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 16/08/2002

5 MIN DE LEITURA

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Embora muitos produtores de leite não possam quantificar exatamente seus gastos e distribuí-los numa planilha de custo de produção, a grande maioria tem uma idéia do montante total de dinheiro gasto mensalmente com sua propriedade. Caso você se enquadre nessa maioria, deve imaginar quão bom seria, ter conhecimento do valor que iria receber por seu produto antes do momento da venda. Imagine agora essa situação para os próximos 6, 12 ou 18 meses. As vantagens seriam muitas, e a principal é poder dimensionar seu sistema de produção e planejar investimentos com a certeza da remuneração futura e possibilidade de honrar os compromissos firmados.

Este cenário é o Mercado Futuro de Produtos Agropecuários, já existente na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) do Brasil desde a década de 90, onde produtos como o café, o açúcar, o milho, e até mesmo a carne bovina já são comercializados em contratos futuros. Porém, o leite e seus derivados ainda encontram alguns entraves para adentrar esse mercado.

Os produtos comercializados na BM&F devem apresentar algumas características básicas, para que possam ser operados como uma commodity, tais como: homogeneidade e padronização, que permitem, mesmo sem a presença do produto, ele poder ser facilmente reconhecido. Na falta dessas características a primeira tentativa de comércio futuro de boi gordo fracassou, mas no final dos anos 90 ele foi remodelado buscando uma maior padronização e liquidez, e a bolsa passou a comercializar contratos de arrobas de boi gordo, e não mais de cabeças de boi gordo. No momento do acerto final de contas as partes envolvidas pagam ou recebem de acordo com a diferença do valor negociado no pregão da BM&F pelo Indicador de Preços ESALQ/BM&F. O sucesso foi tamanho que bolsas de outros paises, inclusive dos EUA, copiaram o modelo do boi gordo brasileiro.

O Mercado Futuro se dá pelo intercâmbio entre produtores (agentes de oferta), consumidores (agentes de demanda), e pelos investidores ou especuladores que, embora não possuam nem o produto nem a demanda por este, visualizam nas transações financeiras desses produtos possibilidades de rendimento para seu capital. Trocando em miúdos, é o investidor que assume o risco pela comercialização do produto, apostando em algum retorno econômico maior, enquanto produtores e consumidores operam com valores pré-estabelecidos.

A venda antecipada, através de contrato de mercado futuro, assegura ao produtor um preço fixo por seu produto na época acordada. Caso no momento da liquidação os preços estejam abaixo do acordado, o produtor recebe a diferença. Se os preços oscilam para cima do acordado, o produtor arca com a diferença recebendo-a por ocasião da venda física do produto, e ficando em suas mãos o montante acertado em contrato. Os custos destas operações financeiras ao produtor giram em torno de 6,5%, contando taxas e comissões pagas às corretoras, taxa de manutenção da bolsa e o valor do contrato.

Todos esses contratos permanecem circulando dentro da BM&F, onde investidores atuam comprando-os e vendendo-os, objetivando alguma vantagem financeira nessas transações. Para evitar que alguma das partes deixe de honrar seus compromissos assumidos no mercado futuro, a BM&F promove diariamente o ajuste dos valores entre as partes, ou seja, caso o preço futuro oscile o produtor recebe ou paga antecipadamente apenas a diferença em relação ao valor acertado.

Dentro da produção agropecuária, e em especial da produção leiteira, existem dois grandes centros de risco. O primeiro deles está na produção propriamente dita, ou seja, riscos de intempéries, óbitos e outros que cabem ao produtor em conjunto com sua assistência técnica e funcionários equacionar e dirimir. O segundo centro está na comercialização da produção obtida, risco de difícil gerenciamento por parte do produtor, dado as constantes oscilações de preço e ausência de uma previsão futura para este.

A incerteza das condições em que a comercialização da produção se dará, faz com que pecuaristas e técnicos trabalhem com base apenas em expectativas de remuneração, sem a garantia efetiva da obtenção dos resultados planejados. É difícil planejar a injeção de recursos quando a previsão de retorno econômico é oscilante. O Mercado Futuro de Lácteos poderia atuar exatamente nesse ponto, tornando a previsão de receitas clara e os aspectos financeiros da atividade mais transparentes.

Conceitos do modelo norte-americano poderiam ser aproveitados para o desenvolvimento do modelo tupiniquim. Lá nos EUA, desde 1992 existem históricos de negociações futuras de leite, e em 1996 entraram efetivamente em vigor os contatos futuros de leite fluído. Entretanto, a implantação desse mercado aqui em nosso país passa, irrevogavelmente, por estudos profundos para definir seu formato. As maiores dificuldades da implementação do mercado futuro de lácteos brasileiro são: (a) falta de padronização do produto; (b) baixa liquidez de mercado; (c) definição de critérios para formação de preços; (d) organização da cadeia produtiva de lácteos. Outro ponto necessário para o sucesso da comercialização antecipada do leite como commodity na BM&F é apresentar um paralelo bastante grande com o mercado físico no momento da liquidação dos contratos futuros, ou seja, o preço no mercado real no momento da liquidação, ser próximo ao preço combinado no contrato. Isso poderá tornar a commodity leite atraente aos investidores dispostos a arriscar no produto, viabilizando-a.

O sucesso do Mercado Futuro do Leite beneficiaria não apenas aos produtores, mas toda a cadeia produtiva do leite. Os laticínios ganhariam com a padronização do produto e a possibilidade de firmar contratos maiores pela segurança do recebimento físico do produto a um custo pré-determinado. Os fornecedores de serviços e produtos ganham com o aquecimento do setor e a queda na inadimplência, considerando que a partir do momento em que o produtor passa a controlar melhor suas receitas, pode pagar em dia suas despesas.

Quem sabe a criação do Mercado Futuro do Leite não é uma das saídas, para que empresários do setor possam criar mecanismos econômicos onde previsões de remuneração norteiem seus investimentos. Quem sabe ainda, esse não é mais um passo para o fortalecimento econômico do setor, ajudando a reduzir a infinidade de liquidações de plantel vistas nos últimos tempos.

Fonte:

DE ZEN, S. Mercado futuro de leite: uma opção viável para proteção dos preços do leite? In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL SOBRE PRODUÇÃO INTENSIVA DE LEITE, 5, Belo Horizonte, MG, 2001. Anais. Belo Horizonte: Instituto Fernando Costa, 2001. p. 11-17.

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FLÁVIO CABRAL RAMPE

JERÔNIMO MONTEIRO - ESPÍRITO SANTO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 26/02/2015

Nunca estive tão prejudicado com a atividade
THIAGO PEREIRA LEITE

VIÇOSA - MINAS GERAIS - ESTUDANTE

EM 30/03/2010

gostaria de saber , se compensa investir hoje em animais que estao programadas para entrar em lactação em 4 meses , se compensa , se o preço vai melhorar . Voces podem me ajudar nisso? Grato

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