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Erros na formulação de dietas: não realizar análise bromatológica periodicamente

POR RODRIGO DE ALMEIDA

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 02/07/2021

6 MIN DE LEITURA

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Hoje discutiremos um oitavo erro frequente na formulação de dietas de vacas leiteiras. Nos artigos anteriores desta série, destacamos que na formulação de dietas temos que descrever, com a maior exatidão possível, a vaca que representa a média dos animais do lote para o qual estamos formulando a dieta.

Mais especificamente no artigo anterior, sétimo artigo desta série, demonstramos a importância de determinar com frequência o real teor de MS dos alimentos volumosos e subprodutos.

Hoje expandiremos esta discussão e ressaltaremos a importância de fazer análises bromatológicas frequentes, em busca de dietas mais precisas e acuradas.

A variação na composição nutricional dos alimentos leva a incerteza na disponibilidade ou oferta de nutrientes, o que pode afetar as estratégias de formulação de dietas (St-Pierre & Weiss, 2015). Uma prática infelizmente ainda comum de alguns nutricionistas a campo para reduzir o risco de deficiências nutricionais é formular dietas com excesso de nutrientes, também conhecidos como fatores de segurança (Sniffen et al., 1993).

Tal fator diminui o risco de deficiências nutricionais, mas pode aumentar ainda mais o custo alimentar das dietas, além de resultar num aumento da excreção de nutrientes ambientalmente importantes e de alto custo por unidade, tais como o N (nitrogênio) e o P (fósforo).

Conhecer os alimentos que são fornecidos aos animais é fundamental para que se possa garantir a produtividade esperada com custo/benefício compatível com a realidade da fazenda nas diferentes épocas do ano.

Desta forma, a análise bromatológica tem por objetivo avaliar a composição química dos alimentos, assim como suas propriedades físicas e possíveis efeitos no organismo animal.

Normalmente uma análise bromatológica por metodologia química nos fornece valores referente a matéria seca (MS), a qual já foi discutida no artigo anterior, proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), lignina, extrato etéreo (EE) e matéria mineral (MM) ou cinzas, e em alguns poucos laboratórios amido total. Macroelementos minerais como Ca, P, Mg e K podem ser acrescidos a pedido do nutricionista.

Embora as análises químicas convencionais nos tragam mais segurança, reconhecemos que as análises por metodologia NIRS (espectroscopia do infravermelho próximo) também podem prover análises raramente disponíveis por metodologia química, como a digestibilidade da FDN (DFDN) e o teor de amido. Uma boa recomendação seria intercalar análises químicas convencionais com análises de NIRS, pois neste caso teríamos “o melhor dos dois mundos”!

Um amplo projeto envolvendo rebanhos leiteiros comerciais norte-americanos foi conduzido para identificar importantes fontes de variação na composição nutricional de alimentos comumente usados em dietas de vacas leiteiras (St-Pierre & Weiss, 2015). Na primeira parte deste projeto, já discutido no artigo anterior, quantificou-se as fontes de variação na composição de silagem de milho e silagens e pré-secados num período de 14 dias.

A variância total foi dividida pelas principais fontes de variação: 

  • Componente analítico,
  • Amostragem,
  • Fazenda;
  • A real variação dia-a-dia.

Fazenda foi a principal fonte de variação, mas a variância dentro de fazenda foi o principal foco dos pesquisadores. Para teor de MS, a variação diária foi a maior fonte de variância, mas para os demais nutrientes, amostragem foi a principal fonte de variação dentro de fazenda. A variância devido a amostragem representou 30 a 81% da variância dentro de fazenda, dependendo do tipo de nutrientes e do tipo de silagem.

A segunda parte deste projeto consistiu na amostragem de alimentos e amostras de TMR (dieta total) de 47 rebanhos leiteiros comerciais. Alimentos e TMR foram amostrados mensalmente por um ano. As fontes de variação estimadas foram fazenda, mês e resíduo (amostragem + analítico). Para silagens de milho e de alfafa, a variação mês-a-mês num período de 12 meses representou de 50 a 90% da variação total dentro de fazenda (Tabela 1).

Tabela 1 - Variação em unidades de DP (desvio padrão) e partição da variância estimada para diferentes nutrientes em silagem de milho e silagem de alfafa amostradas em 12 meses consecutivos em 53 (silagem de milho) e 47 (silagem de alfafa) silos independentes em 47 fazendas (St-Pierre & Weiss, 2015):

O fato da variação mensal ser tão importante, nos leva a concluir que alimentos volumosos deveriam ser cuidadosamente amostrados e frequentemente analisados. Coletar e analisar uma amostra na abertura do silo de milho e usar esta análise por meses seguidos é um erro infelizmente comum!

O ideal é que análises frequentes sejam adotadas. Esta maior frequência pode ser mensal, quinzenal ou até semanal, dependendo do tamanho do rebanho e da frequência que um técnico ou nutricionista atende este rebanho.

Com análises frequentes do mesmo material, o nutricionista pode montar uma pequena biblioteca de análises dos alimentos do rebanho. E ainda melhor; ao formular dietas, ao invés de usar a última análise bromatológica, ele poderia usar a média das análises nas últimas semanas ou meses. Isto é importante porque, embora a variação mensal é maior que a variação devido a amostragem, uma correta amostragem ainda é responsável por 9 a 37% da variação total dentro de fazenda.

As magnitudes da variação total, da variação entre fazendas e da variação dentro de fazendas podem ser usadas para determinar:

  1.  Se os dados de composição nutricional de uma biblioteca de alimentos são adequados (ou seja, pequeno DP total);
  2. Se os alimentos deveriam ser amostrados individualmente em cada fazenda (ou seja, alto DP entre fazendas) ou;
  3. Se múltiplas amostras são necessárias (ou seja, alto DP dentro de fazenda).

Dados de composição nutricional de tabelas, bibliotecas ou programas de formulação são adequados para alimentos com pequena variação total, e quando fazenda não é uma fonte significativa de variação. Este é o caso de alimentos concentrados tradicionais, como milho grão seco, farelo de soja e caroço de algodão (Tabela 2).  

Por outro lado, para alimentos em que a variação entre fazendas é maior que a variação dentro de fazenda, dados de composição específicos da fazenda deveriam ser usados nas formulações. Quando o DP dentro de fazenda é relativamente alto indica-se que amostras múltiplas sejam coletadas e analisadas dentro de cada fazenda e este é o caso da silagem de milho, silagens, fenos e pré-secados, subprodutos úmidos e grão úmido de milho (Tabela 2).

Tabela 2 - Recomendações relativas à amostragem de alimentos usados na formulação de dietas de bovinos leiteiros (St-Pierre & Weiss, 2015):

Certamente muitos de vocês podem estar se perguntando: “Ok, concordo que o ideal seria coletar amostras de alimentos volumosos e subprodutos na maior frequência possível, mas quem pagará esta conta?” Entendo este argumento e inúmeras vezes (talvez centenas...) tentei argumentar com produtores e outros técnicos a importância de coletar mais amostras e em maior frequência. Acho que neste ponto o trabalho do nutricionista é convencer o produtor que o dinheiro gasto numa análise de alimentos é um investimento, não uma mera despesa.

Afinal, quanto um produtor gasta alimentando suas vacas mensalmente? Assumindo um rebanho hipotético de 100 vacas em lactação e um custo alimentar diário de R$30,00/vaca/dia, nós temos um gasto mensal de R$90.000,00. Será que investir em 2 análises bromatológicas mensais gastando R$600,00 (R$300,00 cada análise) é muito? Não me parece, pois estamos falando de apenas 0,7% da despesa em alimentação e nesta conta não estamos incluindo o custo alimentar das outras categorias animais.

Mais importante, os resultados das análises bromatológicas, quando usados com sabedoria por nutricionistas competentes, redundarão em maiores produções, em maiores teores de sólidos, em mais saúde ou até mesmo em dietas mais baratas!

Porque afinal, com análises mais frequentes, o nutricionista poderá abrir mão de fatores de segurança excessivos e poderá recomendar dietas mais precisas e também ambientalmente menos impactantes!

 

Na próxima semana discutiremos um nono erro frequente nas formulações. Mais uma vez, quero fazer um convite aos leitores do MilkPoint para que usem este espaço para compartilhar as suas maiores dificuldades e os erros que consideram mais frequentes na formulação de dietas de bovinos leiteiros.

Como já mencionamos, ao final destes 10 artigos, um para cada erro, teremos um próximo, que será um retrato das contribuições dos leitores, com os erros que vocês consideram mais frequentes.

Portanto, participem! Será um prazer receber as suas contribuições.

Autores
Prof. Dr. Rodrigo de Almeida
Universidade Federal do Paraná
Curitiba – PR

Mestranda Lidiane Marcondes Maciel Rodrigues
Universidade Federal do Paraná
Curitiba – PR

Grad. Zoot. Ana Paula Corteze
Universidade Federal do Paraná
Curitiba – PR

RLM

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MARIA

SÃO JOSÉ DOS PINHAIS - PARANÁ - ESTUDANTE

EM 05/07/2021

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