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Compostagem: como eliminar as carcaças do rebanho? - parte 1

POR RENATA DE OLIVEIRA SOUZA DIAS

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 08/05/2006

4 MIN DE LEITURA

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O manejo para a eliminação de carcaças é um assunto delicado em todas as fazendas leiteiras. Além de animais mortos, o termo "carcaça" também engloba todos os tecidos mortos como placentas, fetos mumificados e natimortos. Infelizmente, este é o ciclo da vida e as carcaças são geradas continuamente em todo o sistema de criação animal.

A eliminação das carcaças não é uma questão simples de ser resolvida, envolve a questão ambiental, a questão da biosegurança do rebanho, questões de manejo e custos operacionais. Devido a sua complexidade, este assunto ainda é pouco abordado, e poucos são os profissionais que se dispõem a estudar com profundidade este tema. Todavia, a cada dia, este assunto torna-se mais eminente e é preciso começar abordar este tema delicado e buscar as melhores soluções para cada rebanho.

A biosegurança é um assunto de grande relevância, e consiste no manejo estratégico para controlar e prevenir perdas econômicas, problemas para a saúde animal e para a saúde pública. Em outras palavras, a biosegurança é a reunião de medidas que previnem a introdução de doenças ou patôgenos no rebanho e controlam sua disseminação quando já presentes na fazenda.

Dentre as medidas básicas de biosegurança pode-se destacar os conceitos de higiene, desinfecção, manutenção do ambiente seco, isolamento dos animais de reposição e animais doentes, controle da entrada de veículos, redução do contato de visitantes com os animais e finalmente a eliminação das carcaças de forma segura para o rebanho e para o meio-ambiente.

Os métodos mais tradicionais para a eliminação de carcaças são o aterramento, a incineração e as fossas anaeróbias. O aterramento é o mais comum dos métodos de disposição, e é realizado em valas a céu aberto.

Alguns problemas envolvem este método; dentre eles, a falta de revestimento no fundo das valas que possibilita a contaminação de águas subterrâneas com líquidos orgânicos que se desprendem das carcaças. Outro empecilho é a falta de proteção ao ataque de animais escavadores e roedores que descobrem as carcaças. Na época das chuvas, existe também o risco de inundações e enxurradas que podem levar parte das ossadas.

A incineração consiste na queima das carcaças, porém sabe-se que a umidade das carcaças varia de 60 - 70%, fato que dificulta a queima e determina a necessidade do uso de combustíveis. As despesas deste método envolvem a necessidade de ser realizada uma estrutura para os queimadores, os custos com combustível e os custos operacionais. Além disso, os odores da queima podem ser fatores complicadores com vizinhos, principalmente no futuro, com o aumento da conscientização ambiental.

As fossas anaeróbias consistem em construções de alvenaria para depositar as carcaças. A decomposição anaeróbia produz um líquido que se acumula nas fossas e produz um forte odor, além disso, a decomposição gera metano e outros gases que acentuam os maus odores.

Neste cenário, a compostagem surge como um processo ambientalmente seguro e economicamente viável para a destinação de carcaças. Na natureza, a compostagem é um processo muito antigo, já que ocorre nas florestas há milhares de anos. O acúmulo de folhas e materiais orgânicos e a formação do húmus é, nada mais do que, um processo natural de compostagem.

Atualmente, com auxílio da biotecnologia, é possível reproduzir a compostagem em condições artificiais. A compostagem pode ser definida como um processo biotecnológico, que visa a estabilização de materiais orgânicos por via aeróbica. Na compostagem é promovida a decomposição da fração orgânica dos resíduos sólidos, da qual resulta a formação do composto, material estável, semelhante ao húmus.

A compostagem pode ser dividida em duas fases: na primeira fase ocorrem as reações bioquímicas de oxidação mais intensas (predominantemente termofílicas) com elevadas temperaturas; na segunda fase ocorre a maturação, na qual há a redução da temperatura do material e a etapa de humidificação (prevalecem as populações de actinomicetos e mofos).

A compostagem é um processo biológico controlado pelo homem, que não causa poluição, destrói os agentes patogênicos, fornece como produto final um composto orgânico que pode ser utilizado como fertilizante no solo e, ainda, apresenta baixos custos para utilização na rotina da fazenda.

Por fim, vale destacar que é fundamental que as propriedades leiteiras comecem a planejar um correto destino e a estratégia sobre como eliminar as carcaças, respeitando o meio ambiente e preservando o ecossistema.

A tendência mundial da produção em grande escala leva-nos a considerar a mortalidade como um problema de proporções significativamente grandes e que deve ser bem resolvido. No próximo artigo, serão abordados o manejo para a compostagem, os custos de implantação e métodos para avaliar o material produzido.

Fonte Bibliográfica:

"On-farm Composting Handbook" Northeast Regional Ag Engineering Service/Cooperative Extension Service (NRAES-54). Oregon Department of Environmental Quality. www.mwpshq.org.

Sandeen, A.; Gamroth, M. Composting - An Alternative for Livestock Manure Management and Disposal of Dead Animals. https://extension.oregonstate.edu/catalog/html/em/em8825-e/

Whole animal composting of Dairy Cattle: https://www.cahe.nmsu.edu/pubs/_d/D-108.pdf ou em https://www.dairybusiness.com/western/Nov01/NovWDBcompost.htm

Composting: A Treatment Alternative for Dairy Cattle Mortalities https://www.agnr.umd.edu/AGNRnews/Article.cfm?&ID=4071&NL=1

Bley, C.J. Compostagem de Carcaças e outras mortalidades suínas "Destino de carcaças de suínos mortos: compostagem a alternativa ideal?" XI Congresso Brasileiro de Veterinários Especialistas em Suínos, p.110-117, outubro de 2003.
U.S. Composting Council: https://www.compostingcouncil.org/index.cfm.

RENATA DE OLIVEIRA SOUZA DIAS

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JOSE ANTONIO ADAMI

ATIBAIA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 26/03/2008

Prezada Dra. Renata
Gostaria de receber a segunda parte de seu artigo sobre compostagens de grandes animais, o que será muito útil para nosso trabalho.Até breve, Adami
MARCOS OTTONI DE ALMEIDA

GUARATINGUETÁ - SÃO PAULO

EM 09/05/2006

Prezada Renata,



Achei interessante a idéia de se fazer a compostagem das carcaças de animais mortos na propriedade. Gostaria de obter mais detalhes de como proceder no caso de uma vaca adulta, por exemplo, temos que cortar o animal? Fazer uma estrutura para caber o animal? Que outros produtos colocaríamos nas camadas? Os mesmos de outros tipos de compostagem?



Certo de poder contar com a sua atenção, agradeço antecipadamente.



Atenciosamente.



Marcos Ottoni de Almeida



<b>Resposta da autora:</b>



Prezado Marcos,



Obrigada por enviar sua pergunta. A segunda parte do artigo contem grande parte das suas respostas. Mas algumas coisas gostaria de comentar com você.



Não e necessário cortar o animal adulto, porém o tempo para a compostagem desta carcaça é maior que para a de um bezerro, por exemplo. É necessário construir uma unidade de compostagem que esta sendo descrita na segunda parte do artigo (inclusive com um endereço de um material que trata somente sobre este assunto).



Mas, é importante destacar que a qualidade do material para a construção desta unidade de compostagem pode variar de acordo com a expectativa de uso da unidade e com a quantidade de capital que se queira investir no procedimento. A maravalha é a fonte de carbono mais usada para ser colocado sobre as carcaças.



Cordialmente,



Renata Souza Dias

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