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Biosegurança: por onde começar?

POR RENATA DE OLIVEIRA SOUZA DIAS

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 01/10/2004

5 MIN DE LEITURA

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Que tal parar um momento e refletir sobre o grande número de doenças contagiosas que podem estar presentes em um rebanho? Imagine os prejuízos que um surto ou mesmo que a forma subclínica de algumas destas doenças pode causar. Neste cenário, qual seria a estratégia para ficar sempre alerta, manter as doenças sob controle e evitar a entrada de novas enfermidades no rebanho?

Na tentativa de viabilizar esta estratégia para assegurar uma maior proteção do rebanho, foram idealizadas as medidas de biosegurança. Na realidade, a biosegurança não é um novo conceito em sanidade animal, ela é apenas uma forma organizada de apresentar definições e práticas historicamente consideradas efetivas para a saúde animal. Conceitos como os de higiene, desinfecção, manutenção do ambiente seco, isolamento dos animais de reposição e doentes são exemplos de que não há nada de novo, e sim uma alternativa de organizar e implementar medidas urgentes, porém desprezadas na bovinocultura.

Todavia, quais seriam as razões pelas quais as medidas de biosegurança ainda são um desafio para a bovinocultura, visto que são práticas rotineiras na suinocultura e na avicultura? Existem vários motivos associados ao nível de tecnologia empregada em cada sistema de produção, mas principalmente devido à pressão de contaminação associada ao confinamento dos animais. O conceito é muito simples: quando um grande número de animais está alojado em uma área pequena, a ocorrência de uma doença contagiosa tem grande chance de ser rapidamente disseminada para todos os animais, causando um surto. Partindo desta premissa, o controle da entrada de novas enfermidades e o controle da disseminação da doença já existente na criação é uma questão de sobrevivência na atividade.

Assim sendo, evidencia-se que a forma tradicional da criação de bovinos foi sempre realizada em uma área por unidade animal maior que a suinocultura ou a avicultura. Mas, à medida que as fazendas produtoras de leite foram crescendo, os animais foram sendo cada vez mais confinados e o trânsito de animais de fazenda para fazenda foi intensificado, aumentando paralelamente a ocorrência de doenças contagiosas, tais como a mastite, diarréia, abortos, problemas de casco, dentre outras.

Exatamente por não trabalharem com uma pressão de contaminação muito grande e não sofrerem os prejuízos causados pelos surtos, as fazendas produtoras de leite foram sempre muito abertas para visitação. Atualmente, apesar da mudança dos sistemas de produção com os confinamentos e das dezenas de doença infecciosas que causam perdas significativas à atividade, permanece, na maioria dos casos, a tradição de receber muitas visitas e de não realizar controle algum sobre elas.

Por isso, aqui está o primeiro passo para implementar as medidas de biosegurança em uma fazenda leiteira: organize o esquema de visitação à propriedade.

Seria interessante que o produtor avaliasse a seguinte questão: quantas pessoas visitam a propriedade? Deve-se considerar o caminhão que busca o leite, o caminhão que entrega ingredientes da dieta; serviços; vendedores; compradores e visitantes em geral. Muitos desses visitantes, provavelmente vieram de outras fazendas. Algumas fazendas podem ainda, ser visitadas por pessoas de outros países, fato que aumenta a preocupação em relação às doenças presentes em outras regiões e continentes.

Todos os visitantes devem entrar e sair da propriedade por um local específico. Registre as visitas. Limite as visitas às instalações dos animais. Caso alguma visita vá entrar na área de circulação dos animais ou na sala de ordenha deve-se utilizar botas plásticas sobre os sapatos.

O segundo passo é controlar a entrada de animais. As compras de animais devem ser feitas em locais conhecidos, bem controlados e com programa de vacinação conhecido. Evite comprar animais que tenham entrado em contato com outros rebanhos antes da compra. A saída de animais para feiras, torneios e leilões é também um motivo de preocupação e merece um esquema preventivo específico.

Desta forma, é importante definir que a biosegurança pode ser dividida em dois alicerces: 1- reduzir a probabilidade da introdução de agentes infecciosos em um rebanho (biosegurança externa); 2- reduzir a probabilidade da transmissão de agentes já presentes no rebanho (biosegurança interna). As duas medidas citadas acima fazem parte das medidas associadas à biosegurança externa.

Quando a biosegurança interna é considera, é interessante organizar as medidas de controle de acordo com a faixa etária. Iniciando pelos bezerros, podemos enumerar algumas estratégias para minimizar a disseminação de doenças e implementar a sanidade dos animais.

A maternidade é uma área crucial para a saúde do rebanho. Os partos devem ocorrer em uma área utilizada apenas como maternidade. Não faça da maternidade um hospital. Após cada parto a área deve ser limpa e caiada. Baldes, ferramentas e utensílios em geral devem ser limpos com desinfetante.

Seguindo-se ao parto, o tipo de ambiente e de instalação onde os bezerros são criados representa um fator de risco para a ocorrência de enterites neonatais e pneumonia. Os bezerros que são criados em gaiolas sobre piquetes (casinhas) têm um menor risco de desenvolverem doenças infecciosas, já que o contato direto entre os animais é minimizado, há boa ventilação e o material fecal fica disperso e exposto à ação de fatores ambientais (tais como, insetos e radiação ultravioleta) que inativam muitos microorganismos. Já nas instalações onde os bezerros são criados dentro de barracões há múltiplos riscos do desenvolvimento de doenças infecciosas, já que os animais possuem contato direto (focinho-focinho), o espaço físico por bezerro é limitado, a ventilação é sempre insuficiente, o risco da contaminação advinda dos funcionários e dos equipamentos é alta, a umidade relativa tende a ser elevada e o material fecal é concentrado contribuindo para o aumento da umidade.

A maioria dos agentes associados à diarréia neonatal é transmitida via fecal - oral. A transmissão direta se dá quando as fezes de animais infectados têm contato com a boca de animais susceptíveis. E a transmissão indireta se dá quando o agente sobrevive no ambiente e chega à boca do animal susceptível através de fômites, equipamentos mecânicos, etc...

Deve-se evitar o amontoamento de esterco; separar bezerros doentes e manejar / alimentar bezerros sadios antes dos bezerros acometidos.

Após a saída do bezerro (desmame) a instalação ou a casinha deve ser limpa e desinfetada para receber o próximo animal. Cochos, bebedouros e demais utensílios devem ser regularmente limpos. Vale lembrar que, as medidas usualmente enfatizadas como um bom manejo do colostro e um adequado programa de vacinação são sempre uma prioridade...

(No próximo artigo serão abordadas as doenças infecciosas que acometem o gado jovem e adulto e merecem atenção quanto a biosegurança).


Bibliografia consultada

Barrington, G. M.; Gay, J. M.; Evermann, J. E. Biosecurity for neonatal gastrointestinal diseases. Vet. Clin. Food Anim., v.18, p.7, 2002.

Haskell, S. R. R. Biosecurity Practices: Facility Cleaning and Disinfection. Disponível em https://www.milkproduction.com. Acesso em: 14 setembro 2004.

Morley, P. S. Biosecurity of veterinary practices. Vet. Clin. Food Anim., v.18, p.133, 2002.

Siciliano-Jones, J. Disease Specific Biosecurity - Part 1. Disponível em https://www.milkproduction.com Acesso em: 14 setembro 2004.

RENATA DE OLIVEIRA SOUZA DIAS

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