Nos meses finais do ano, historicamente, temos um aumento da oferta de leite no Brasil. Nesse período, aumentam as expectativas dos agentes do mercado sobre: quando ocorrerá esse aumento, qual será a magnitude desse acréscimo e, principalmente, qual será o reflexo desse crescimento no custo do leite matéria-prima.
A produção de leite na reta final do ano
Sazonalmente, o trimestre final do ano é o período de maior crescimento do volume de captação de leite no Brasil, principalmente puxado pelo aumento da produção nos estados da região central do país, como Minas Gerais e Goiás. Veja no gráfico abaixo, a representatividade do volume captado em cada mês frente ao volume total do ano.
Esse aumento de produção está diretamente correlacionado ao clima deste período. Nas bacias do Sudeste e do Centro Oeste, a sazonalidade da produção de leite acompanha a sazonalidade das chuvas, principalmente nas fazendas com predominância de exploração de sistemas de pastagens. Na primaveira/verão, quando as temperaturas são mais elevadas, volume de chuva maior e, consequentemente, maior oferta de pastagem, a produção de leite tende a aumentar.
Veja no gráfico 2 o comportamento da variação da produção de leite vs variação do volume de chuvas no estado de Minas Gerais, que comprova esta correlação entre chuvas e produção.
No entanto, com o avanço de sistemas de produção em confinamento e menor dependência de pastagens, como free stal e compost barn, a influência das chuvas na produção diminui. Nesses sistemas, a curva sazonal de produção tende a inverter – pois é justamente nos períodos de clima mais ameno, que as vacas mais especializadas aumentam suas produções.
Esse processo pode ser observado no gráfico 3, que evidencia a tendência de diminuição na diferença entre o volume captado entre o 4º e o 3º trimestre dos anos, de acordo com dados da Pesquisa Trimestral do Leite do IBGE.
O que esperar de produção para reta final de 2021?
O histórico de sazonalidade nos mostra que a tendência de aumento da produção no trimestre final do ano ainda se mantém – apesar de ser cada vez menor.
Por isso, as expectativas de aumento mais significativo da produção nesta reta final do ano, que tem direcionado as baixas de preço ao produtor, podem não corresponder a nova realidade, fazendo com que as baixas planejadas sejam menores que o esperado.
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