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A influência do sombreamento artificial no desempenho de novilhas leiteiras em pastagens

POR RAFAELA CARARETO POLYCARPO

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 18/06/2009

4 MIN DE LEITURA

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Já é de conhecimento de todos que o estresse térmico pode causar sérios prejuízos em sistemas de produção, principalmente na atividade leiteira. E talvez por isso tornou-se um assunto que vêm ganhando espaço entre pesquisadores, técnicos e produtores (existem artigos relacionados com este tema nos radares de sistemas de produção de dezembro de 2007, janeiro, fevereiro e março de 2008).

Há vários trabalhos que mostram queda de produção, alterações na composição e qualidade do leite, porém há poucos trabalhos que avaliam os prejuízos do estresse térmico em animais em fase de crescimento, e ainda que comparem diversos tipos de sombreamento artificial. Neste sentido, o NUPEA (Núcleo de Pesquisa em Ambiência) da ESALQ-USP, desenvolveu um trabalho para avaliar a influência de diversos tipos de sombreamentos artificiais no desenvolvimento de novilhas leiteiras.

Para se determinar o efeito da sombra, foram avaliados três tipos de telhados utilizados como cobertura nas estruturas de sombreamento. A seleção dos materiais de cobertura deu-se em função da predominância de utilização no meio rural. Os tratamentos comparados nesta pesquisa foram: testemunha (sem sombreamento), com sombreamento de telhas de fibrocimento sem cimento amianto e sem pintura, telhas galvanizadas e tela de polipropileno 80%.

As dimensões dos abrigos foram de 2m X 4m e 4m2 de altura e cada abrigo era utilizado simultaneamente por 2 animais (parcela), resultando na disponibilidade de 4m2 de sombra por animal. Com relação a altura, 4 metros de pé direito é considerado alto em relação aos demais experimentos que encontramos na literatura, mas segundo Maristela Neves da Conceição, autora do trabalho, os outros experimentos não utilizavam telhas galvanizadas e para homogeneizar todos os tratamentos, optou-se pela altura de 4 metros. Foram utilizadas 16 novilhas da raça Holandesa e 16 novilhas cruzadas Jersey x Holandês. A idade e o peso médio dos animais foram 17 meses e 265 kg de peso vivo respectivamente.

Dentre outros itens avaliados, foram registradas semanalmente as frequências respiratórias (FR), as temperaturas reais (TR) e as temperaturas de pelame (TP) dos animais. A FR é o primeiro sinal fisiológico visível em animais com estresse térmico. Neste trabalho, os valores de FR foram menores nos animais que permaneceram sob telha de fibrocimento e semelhantes entre as telhas galvanizadas e a tela (tabela 1).

Tabela1. Resultado da comparação de médias para frequência respiratória (FR) obtidas nos três períodos analisados.



Com relação a temperatura retal (TR), não houve diferenças entre os tratamentos nos dois primeiros períodos. No terceiro período, os valores de TR obtidos no tratamento de fibrocimento foram semelhantes aos obtidos com a tela, porém diferente dos valores encontrados no tratamento de telhas galvanizadas. Todos os tratamentos , no entanto, apresentam valores de TR semelhantes à testemunha (tabela 2).

Tabela 2. Resultado médio e comparação de médias da TR entre os tratamentos nos três períodos estudados.



A pele do animal é o principal órgão responsável pela percepção e pelas trocas de calor entre o animal e o meio ambiente. Os resultados das comparações de médias entre os tratamentos mostraram que no primeiro período houve diferença na temperatura do pelame (TP) dos animais testemunhas e dos alojados no tratamento com fibrocimento. Porém não foram verificadas diferenças entre o tratamento testemunha e os demais tratamentos (Tabela 3).

Tabela 3. Resultado médio e comparação de médias da TP entre os tratamentos nos três períodos estudados.



Não foram observadas alterações comportamentais entre os tratamentos, os animais ficaram sob as sombras nas horas mais quentes do dia, preferencialmente em pé, e o comportamento diário seguiu os padrões conhecidos para bovinos.

Com relação a análise de custo (Tabela 4), a cobertura com tela foi a mais barata, porém, como demonstrado na pesquisa, a cobertura com fibrocimento apresentou os melhores resultados quanto ao conforto térmico e foi a que ocasionou as maiores reduções na FR das novilhas, desta forma seria a mais interessante para a utilização como abrigo para novilhas. Nos cálculos de custo não foram computados mão de obra, pois em geral a mão de obra utilizada é da própria fazenda, no entanto, se forem computados, seria ainda mais interessante utilizar fibrocimento, pois este apresenta maior vida útil.

Tabela 4. Relação de custos dos abrigos para o sombreamento de 30 novilhas.



A pesquisa indicou haver melhora no bem estar térmico das novilhas, porém não conseguiu determinar ganhos efetivos na utilização da sombra. Vale lembrar que o experimento foi conduzido em Piracicaba-SP. As coordenadas geográficas do município são: 22º43' de latitude Sul, 47º25' de longitude Oeste e 580 metros de altitude e o clima da região é classificado como mesotérmico úmido, subtropical de inverno seco, denominado Cwa, com temperaturas médias inferiores a 18ºC nos meses mais frios e superiores a 22ºC durante a estação mais quente do ano.

Para que diferenças em desempenho animal como o ganho de peso, produção de leite ou desenvolvimento de novilhas sejam detectadas, mais pesquisas como esta devem ser realizadas em outras regiões do país que apresentem maiores desafios climáticas aos animais.

Referência:

Maristela Neves da Conceição. Avaliação da influência do sombreamento artificial no desenvolvimento de novilhas leiteiras em pastagens. 2008. 137p. Tese - Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" - Universidade de São Paulo.

RAFAELA CARARETO POLYCARPO

Profa. Dra. Universidade de Brasília - UnB

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MARIVALDO DA SILVA OLIVEIRA

MARINGÁ - PARANÁ - ESTUDANTE

EM 02/05/2010

Olá Rafaela. Sou estudante de Medicina Veterinária em Maringá, PR. Sua pesquisa está muito bem compactada e dentro do contexto abordado. Meus parabéns! Estou desenvolvendo trabalho científico sobre a influência de sombreamento de pastagens na bovinocultura (de corte e leite).
Se possível, gostaria que me enviasse material para embasamento teórico que ajudará em meu trabalho.
Se atendido, desde já agradeço.

Abraço, Marivaldo de Oliveira.
ANDREIA RENATA CUNHA MEDEIROS

RIO DE JANEIRO - RIO DE JANEIRO - MÉDICO VETERINÁRIO

EM 15/07/2009

Achei a matéria interessante, muitos produtores não dão importância a esta questão que de fato afeta a cadeia de desenvolvimento de novilhas. Não entendem a respeito do estresse termico, acham que a novilha não "sente calor" e que investir em qualidade genética é o sucesso. Porém, para garantir o esperado na produção, é preciso investir em qualidade e bem estar.

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