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A escolha de um dos lados da sala de ordenha pelas vacas leiteiras

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 06/11/2002

6 MIN DE LEITURA

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Por Marcelo Simão da Rosa1,2, Mateus J.R. Paranhos da Costa3

Na fazenda leiteira, freqüentemente os animais são postos em várias situações de escolha: lado da sala de ordenha, posição ocupada na estrutura de contenção da sala de ordenha, posição no cocho e local da cama (free-stall). Uma vez dada a oportunidade de escolha para o animal, estaríamos possibilitando a satisfação de suas necessidades e desejos em relação a um determinado ambiente, sendo as expressões de tais preferências utilizadas para avaliar o que é importante para o animal, o que refletiria na qualidade de seu bem-estar (Broom & Johnson, 1993).

Vacas leiteiras são animais manejados de acordo com a rotina diária da fazenda, representando a ordenha destaque especial desta rotina, pela importância de seus procedimentos no bem-estar dos animais. Alguns desses procedimentos são imprescindíveis em muitas fazendas especializadas, como por exemplo, a ocupação dos lados da sala de ordenha. Muitas fazendas desenvolvem esta ação utilizando a observação do retireiro em relação à escolha pelas vacas; outras utilizam uma rígida linha de ordenha, considerando a incidência de mastite nos animais; outras os retireiros conduzem as vacas ao acaso para o lado da ordenha a ser ocupado e em outras os retireiros liberam a entrada dos animais, permitindo a escolha pela vaca do lado a ser ocupado, enquanto ordenham outro grupo de vacas já contido. Esses diferentes procedimentos poderiam estar promovendo diferenças na qualidade do bem-estar animal.

Para analisar o bem-estar da vaca leiteira em relação ao procedimento de ocupação do lado da sala de ordenha pelas vacas, Rosa (2002) analisou o bem-estar de 156 vacas leiteiras distribuídas em 5 fazendas (totalizando 156 vacas) e classificou as vacas quanto à consistência de ocupação do lado de ordenha durante os vários dias de estudo. Registrou que o comportamento de escolha foi seletivo e diferenciado entre as fazendas (X2=26,631; GL=12; P=0,009), como apresentado na Figura 1.



Na fazenda B a sala de espera não possibilitava a visão e escolha da vaca em relação ao local (lado) da sala de ordenha que seria ocupado, sendo direcionada a este totalmente pela escolha do retireiro. Este fato provavelmente apresentou um forte peso na classificação de escolha de suas vacas: 5,26% foram classificadas como não consistentes (escore 1); 63,16% como fracamente consistentes (escore 2); 26,32% como consistentes (escore 3) e 5,26% como fortemente consistentes (escore 4).

Contrapondo-se à Fazenda B (a que apresentou menor % de vacas fortemente consistentes), a Fazenda E (onde houve a maior % de vacas fortemente consistentes) permitia a escolha de lado na sala de ordenha, apresentando 19,23% das vacas como não consistentes; 7,59% como fracamente consistentes; 30,77% como consistentes e 42,31% como fortemente consistentes.

Do total de vacas pesquisadas (158), 16,5% não apresentaram lateralidade nesta escolha; 36,1% foram fracamente consistentes; 27,2% ostentaram consistência e 20,2% mostraram-se fortemente consistentes (X2=26,631; GL=12 e P=0,009).

Os resultados expostos neste estudo quanto à consistência na escolha de lado na sala de ordenha confirmaram os de outros pesquisadores que concluíram que uma substancial proporção de vacas mostrou preferência de lado na sala de ordenha, a qual persistia em relação à mudança no grupo, composição do grupo, estágio de lactação e período do ano, caracterizando-se como uma resposta individual (Gadbury, 1975; Tanida et al., 1984; Tanner et al., 1994; Hopster et al., 1998; Paranhos da Costa & Broom, 2001).

Vários autores citaram que os fatores que levariam vacas leiteiras a escolher o lado na sala de ordenha e o manterem, incluiriam os seus aspectos neurológicos de desenvolvimento (Tanner et al., 1994), as interações dos humanos com as vacas no desenvolvimento das rotinas diárias (Seabrook, 1984), o comportamento social (Hopster et al., 1998) e a previsibilidade do manejo das rotinas diárias (Albright & Arave, 1997).

Durante o momento da colheita dos dados, Rosa (2002) verificou que o lado da sala de ordenha que apresentava uma radiação solar direta e uma menor corrente de ar durante a ordenha era indesejado pelas vacas. Estes fatores podem ter contribuído para a consistência do animal em escolher o lado preferido da sala de ordenha, associando-os aos já descritos.

Os efeitos da ordenha nos lados não preferidos pelas vacas não estão, ainda, bem esclarecidos. Hopster et al. (1998) evidenciaram que as vacas estavam menos confortáveis quando ordenhadas no lado não preferido, enquanto Paranhos da Costa & Broom (2001) não encontraram qualquer evidência de prejuízo ao bem-estar dos animais. Rosa (2002) referenda este último resultado ao relatar que em seu estudo os coeficientes de contingência associados aos indicadores comportamentais que têm sido citados e relacionados ao desconforto animal foram baixos e não significativos; sendo eles: ruminação (Freitas, 1997), micção (Munksgaard et al., 2001), reatividade nos procedimentos de ordenha (Breuer et al., 2000) e tempo para fixação das teteiras (Paranhos da Costa & Broom, 2001).

Assim, apesar dos resultados serem conflitantes, entendemos que linha de ordenha possa ser esquematizada tendo em conta em primeiro lugar a incidência de mastite e, e em segundo plano, a preferência das vacas.

O Grupo ETCO (Grupo de Estudos e Pesquisas em Etologia e Ecologia Animal) tem desenvolvido a linha de pesquisa Ecologia dos Animais Domésticos e Etologia, buscando, entre outros objetivos, conhecer a biologia do bovino para possibilitarmos a elevação positiva de seu bem-estar durante o desenvolvimento das práticas zootécnicas e ações de manejo, visando assim, a produtividade animal e lucratividade da empresa.

Referências Bibliográficas

ALBRIGHT, J.L.; ARAVE, C.W. The behaviour of cattle. CAB International, Wallingford, 1997, 306 p..

BREUER, K.; HEMSWORTH, P.H.; BARNETT, J.L.; MATTHEWS, L.R.; COLEMAN, G.J. Behavioural response to humans and the productivity of commercial dairy cows. Appl. Anim. Behav. Sci., vol. 66, p. 273-288, 2000.

BROOM, D. M.; JOHNSON, K. G. Stress an animal welfare. Chapman and Hall, London, UK. 1993.

FREITAS, J.C.M. Efeito da temperatura e da umidade do ar sobre o pH, o nitrogênio amoniacal e a população de protozoários do rúmen em ovinos corriedale. Dissertação de Mestrado, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, UNESP, Jaboticabal, 1997, 89 p..

GADBURY, J.C. Some preliminary field observations on the order of entry of cows into herringbone parlous. Applied Animal Ethology, vol. 1, p. 275-281, 1975.

HOPSTER, H. et al. Side preference of dairy cows in the milking parlour and its effects on behaviour and heart rate during milking. Appl. Anim. Behav. Sci, vol. 55, p. 213-229, 1998.

MUNKSGAARD, L. et al. Dairy cows´ fear of people: social learning, milk yield and behaviour at milking. Appl. Anim. Behav. Sci., vol. 73, p. 15-26, 2001.

PARANHOS DA COSTA, M.J.R.; BROOM, D.M. Consistency of side choice in the milking parlour by Holstein-Friesian cows and its relationship with their reactivity and milk yield. Appl. Anim. Behav. Sci., vol. 70, p. 177-186, 2001.

ROSA, M.S. Interações entre retireiros e vacas leiteiras no momento da ordenha. 2002. 52 f. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) - Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal-SP, 2002.

SEABROOK, M.F. The psychological interaction between the stockman and his animals and its influence on performance of pigs and dairy cows. Vet. Rec., vol. 115, p.84-87, 1984.

TANIDA, H.; SWANSON, L.V.; HOHENBOKEN, W.D. Effect of artificial photoperiod on eating behavior and other behavioral observations of dairy cows. J. Dairy Sci., vol. 67, p. 585-591, 1984.

TANNER, M.; GRANDIN, T.; CATTELL, M.; DEESING, M. The relationship between facial hair whorls and milking parlor side preferences. J. Animal Sci., vol. 72, Sup. 1, p. 207, 1994.
______________________________________
1Escola Agrotécnica Federal de Muzambinho - MG - rosaefreitas@uol.com.br
2 Programa de Pós-Graduação em Zootecnia - Produção Animal - UNESP/FCAV
3Departamento de Zootecnia, FCAV - UNESP, 14884-900 Jaboticabal-SP. mpcosta@fcav.unesp.br

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