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Síntese do Diagnóstico da Pecuária Leiteira do Estado de Minas Gerais

POR SEBASTIÃO TEIXEIRA GOMES

ESPAÇO ABERTO

EM 02/10/2006

2 MIN DE LEITURA

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Dentre os comentários que recebi sobre o Diagnóstico da Pecuária Leiteira de Minas Gerais, dois se destacaram: 1) Foi um relatório abrangente que cobriu, praticamente, todas as questões técnicas e econômicas da produção de leite; e 2) O elevado número de tabelas, 250, representa dificuldade na identificação das principais conclusões. O segundo comentário foi a motivação para esse artigo.

Ao longo do Diagnóstico, três conclusões se destacaram: 1) A produção de leite no Estado de Minas Gerais desenvolveu-se, significativamente, de 1995 a 2005. Tal conclusão pode ser expandida para a maior parte da produção nacional; 2) O significativo desenvolvimento não aconteceu no mesmo ritmo em todos os estratos de produtores. Enquanto alguns aumentaram, significativamente, a produção e a produtividade, outros ficaram estagnados; e 3) Ainda que a atividade leiteira tenha modificado muito nos últimos anos, ela continua longe daquela de países considerados desenvolvidos na produção de leite.

Quanto à primeira conclusão, embora o preço recebido pelo produtor de leite tenha caído 35%, em valores corrigidos, de 1995 a 2005, a produção média aumentou 92%. O número médio de vacas em lactação aumentou 27%. Todavia, a produção por vaca em lactação cresceu 65%. A mesma conclusão aconteceu em relação ao total de vacas (em lactação mais falhadas) que teve aumento de 16% e 76% na produção por vaca. Tais resultados indicam que a principal fonte de crescimento da produção de leite foi a produtividade, o que significa avanço tecnológico.

A segunda conclusão diz respeito aos resultados desiguais entre os estratos de produtores de leite. Enquanto a produção média dos pequenos produtores aumentou 23%, nos últimos dez anos, a dos grandes cresceu 126%. Foi considerado o limite máximo de 50 litros de leite/dia para o pequeno produtor em 1995 e em 2005 e o limite mínimo de 250 litros/dia para o grande produtor em 1995 e 500 litros/dia em 2005.

No caso dos pequenos produtores, a produção por vaca em lactação aumentou, nos últimos anos, 5% e, nos caso dos grandes, 32%. O mesmo comportamento aconteceu com a produção por total de vacas, que cresceu 12% nos pequenos produtores e 33% nos grandes.

Em razão dos resultados desiguais, a participação do pequeno produtor na produção total passou de 19% em 1995 para 8% em 2005. Por outro lado, a participação do grande produtor passou de 10% para 44%. A produção de leite está deixando de ser uma atividade típica de pequeno produtor.

A terceira e última grande conclusão diz respeito aos ganhos de produção e produtividade, que, embora significativos em termos relativos (em porcentagem), são pequenos em valores absolutos.

De 1995 a 2005, a produção média passou de 96 litros/dia para 184 litros/dia, ou seja, aumentou 88 litros/dia. Enquanto o pequeno produtor aumentou apenas 6,41 litros/dia, o grande aumentou 696 litros/dia.

A produção/vaca em lactação do pequeno produtor passou de 4,10 litros/dia para 4,31 litros/dia, aumentando 0,21 litro/dia. No grande produtor passou de 8,67 litros/dia para 11,42 litros/dia, aumentando 2,75 litros/dia.

A produção/total de vacas do pequeno produtor passou de 2,37 litros/dia para 2,66 litros/dia, aumentando 0,29 litro/dia. No caso do grande produtor, passou de 6,18 litros/dia para 8,22 litros/dia, com um aumento de 2,04 litros/dia.

Atrelando os resultados apresentados com os comportamentos esperados dos mercados lácteos, interno e externo, pode-se inferir que profundas transformações deverão acontecer na próxima década, com efeitos maiores do que aqueles verificados nos últimos dez anos.

______________________________________________
Este artigo foi escrito em 26/09/2006

SEBASTIÃO TEIXEIRA GOMES

Professor Titular da Universidade Federal de Viçosa

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CELSO MEDINA FAGUNDES

PELOTAS - RIO GRANDE DO SUL - PESQUISA/ENSINO

EM 07/11/2006

O estudo realizado em Minas Gerais não é diferente do Rio Grande do Sul, onde os pequenos produtores representam mais de 60% (até 50 litros/dia) do total e a instrução normativa 51, parcialmente instalada, deixa-os numa situação financeira cada vez pior, pois faz-se investimentos e o retorno "só Deus sabe".

Agricultura e pecuária no nosso país, para aqueles que convivem realmente no setor, a cada dia que passa, mais difícil se torna a sobrevivência, são verdadeiros heróis. É pena que os políticos não enxergam, pois o setor primário não está na plataforma governamental dos mesmos.

Se bem que primários é a maioria deles, haja vista a eleição passada, onde grande parte dos eleitores "votaram com o estômago".
ROBERTO CUNHA FREIRE

LEOPOLDINA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE GADO DE CORTE

EM 12/10/2006

Gostaria de alertar também que na Zona da Mata mineira está tendo uma concorrência desleal feita por cooperativas e empresas privadas, que estão comprando leite em pó de outras regiões do Brasil, ou até mesmo importado, para hidratar e vender em embalagens de leite longa vida.

Isso sim é uma traição com a economia da região, sem falar no grande problema social que estão gerando, pois muitos de nós, produtores, não tem como competir com esse tipo de concorrência.

Vale ressaltar que as cooperativas, cuja finalidade é induzir o progresso econômico e social de sua região, estão agindo totalmente ao contrário do que se propunham quando foram criadas.
FLÁVIO QUINTÃO MATEUS

MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 10/10/2006

Prezado professor,

A minha preocupação está centrada em sua afirmação de que a produção de leite está deixando de ser uma atividade típica do pequeno produtor. Isto porque, no meu entendimento, se torna uma questão principalmente social.

O que as famílias dos milhares de pequenos produtores que pouco cresceram economicamente na década referida estão fazendo hoje?

Talvez os pais estejam na propriedade subsistindo naquela minguada situação que conhecemos muito bem. Mas, seus filhos, onde estão?

Penso que eles deveriam estar juntos com suas famílias, sendo assistidos pelos governos, que os orientasse a produzir com eficiência e produtividade, oferecendo opções para comercialização de seus produtos, gerando renda e riqueza para seu município, estado e nosso país. Renda que lhes de dignidade e não esmolas de governos populistas que estão criando barreiras entre as classes sociais.
SIDNEY LACERDA MARCELINO DO CARMO

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - INSTITUIÇÕES GOVERNAMENTAIS

EM 08/10/2006

Em setor agropecuário, temos que produzir, no entanto, garantir o posicionamento dos produtos junto ao setor consumidor é que é o fator limitante. Desse modo, acho que devemos nos esforçar para vender mais produtos lácteos tanto para o exterior como para o mercado interno, com campanhas fortes.

Além disso, o produtor e pessoas ligadas à atividade leiteira deveriam promover maiores debates junto ao governo para proteger o produtor contra importações injustas, uma vez que temos condições de abastecer o mercado interno.
MÁRCIO F. TEIXEIRA

ITAPURANGA - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 06/10/2006

Somente quem é produtor de leite sabe o quanto é difícil produzí-lo. Somado às questões técnicas de produção, o produtor de leite brasileiro trabalha no escuro, solto em um mercado internacional totalmente dominado pelos subsídios dos países ricos e por uma total "obediência" (a esses países) por parte do governo brasileiro.

Pior que isso é ver a total falência por parte do Estado, que não oferece assistência técnica a seus produtores, principalmente aos pequenos, e não prioriza os projetos de desenvolvimento do meio rural (ex: patrulha mecanizada, fortalecimento do associativismo e transferência de tecnologias, e muitos outros).

Com essa triste realidade, os pequenos e médios produtores, se não se organizarem e entenderem que a "briga" não é com eles próprios, serão (ou estão sendo) atropelados pela abertura indiscriminada do mercado e pela enorme dificuldade de se ter renda com a pecuária leiteira no Brasil.

Sejamos fortes, insistentes e persistentes para não entregarmos as nossas fazendas para o monopólio da cana-de-açúcar que bate à nossa porta.
GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 03/10/2006

Prezado Sebastião,

Sua constatação é a que venho preconizando, com insistência metódica: a de que a produção de leite tende a ficar restrita aos grandes produtores, que possuem maior capacidade de desenvolver técnicas mais avançadas de melhoria genética e de manejo do rebanho.

O pequeno, infelizmente, arregimenta gastos muito grandes para fornecer um leite de qualidade, já que o volume produzido não o ajuda no ganho real da atividade, em face da baixa qualidade de seu rebanho.

Constata-se tal fato, com facilidade, quando analisamos sua assertiva de que "enquanto o pequeno produtor aumentou apenas 6,41 litros/dia, o grande aumentou 696 litros/dia". Basta verificar quantos produtores ditos pequenos possuem gado puro, registrado, com "pedigree" de elite para entendermos a origem da questão fomentada.

Infelizmente, é válida, também para o setor a afirmativa de que "dinheiro gera dinheiro". É a política de descarte de vacas que produzirem menos de quarenta litros/dia hodiernamente, enquanto que, nos tempos de antanho, o descarte de vacas de alto padrão se fazia abaixo dos vinte litros. Lado outro, não conseguiremos atingir ao nível dos países desenvolvidos se não educarmos a população (carente ou não) a consumir o necessário leite, porque de nada nos adiantará quebrarmos todos os recordes de produtividade se a comercialização do produto não se garantir normalmente.

Parabéns e muito obrigado pelo esclarecedor artigo.

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