Por Max Goniadis, para o portal Blasting News. É sabido que alguns alimentos são considerados pratos típicos de determinados países ou regiões. E não só é isto que está envolvido nessa relação de comida e nação, pois se o visitante quer de fato, conhecer ou saborear determinada iguaria, ele pode conseguir muito mais do que degustar unicamente o alimento. Ele pode passar a compreender, por exemplo, a história, a cultura, a memória de um povo e até mesmo as manifestações religiosas do país envolvido, somente pela comida oferecida.
A China tem no Pato de Pequim, um prato típico de sua culinária; os escargots ou caracóis são aperitivos apreciados na França; a costela assada é um dos componentes principais do churrasco norte-americano e a Grécia não foge à regra de possuir saborosos alimentos que são reconhecidos internacionalmente como de origem grega ou tipicamente produzidos e enviados ao mundo por aquele país.
Mas nem tudo é só sabor e beleza quando se fala do
típico queijo feta e o saudável
iogurte grego. Há também muito dinheiro envolvido na comercialização desses itens e exportação dos mesmos. Provavelmente, em um futuro não tão distante, os comerciais sobre o queijo feta nas televisões da Grécia não sejam mais acompanhados pelo som melodioso e exótico do bouzouki (instrumento musical típico da Grécia com o aspecto de uma guitarra bojuda), tendo como pano de fundo as paisagens paradisíacas das ilhas gregas.
Mas o porquê disso? O que está acontecendo com a produção do queijo feta pela Grécia e suas indústrias? A resposta é terrivelmente simples! Em um país de economia cada vez mais achatada, o queijo feta está correndo o risco iminente de perder o título de alimento tipicamente grego (com a produção protegida legalmente pelos seus cidadãos em função de acordos comerciais recentes), possibilitando que o Canadá e a África do Sul produzam também o delicioso queijo feta.
Resumindo, a União Europeia, por meio de nova legislação comercial está prestes a assinar com canadenses e sul-africanos a criação de linhas de produção para similares ou versões do queijo grego, feito de leite de cabras e ovelhas.
Evangelos Apóstolos, que é o atual ministro do Desenvolvimento Rural da Grécia, tinha dito que não pactuaria com a assinatura desse acordo econômico da União Europeia, inclusive ameaçando vetar diretamente a negociação. Por outro lado, todos sabem que devido aos interesses financeiros que extrapolam a identidade nacional não só dos gregos, essa é uma batalha perdida, onde Apóstolos passa a culpar o governo que o antecedeu, alegando que o combinado oficial já tinha se dado em setembro de 2014. Para quem não sabe, as exportações do feta grego para o mundo representam, para a abalada economia da Grécia, o equivalente a aproximadamente 380 milhões de euros anualmente.
Os problemas não param por aí, uma vez que além do queijo feta, também o conhecido, e aclamado em vários países, iogurte grego, está sob a ameaça de perder a sua identidade grega. Nesse momento a República Checa ganhou a permissão à fabricação e exportação dessa saborosa
bebida láctea depois que a Comissão Europeia delegou aos checos esse “direito”.
Um paralelo é como se todos testemunhassem que japoneses de Tóquio estivessem preparando uma típica feijoada brasileira, ou seja, simplesmente não combina.