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Produção orgânica de leite: uma alternativa viável?

POR LUIZ JANUÁRIO MAGALHÃES AROEIRA

ESPAÇO ABERTO

EM 05/03/2004

3 MIN DE LEITURA

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Um dos grandes desafios da pesquisa agropecuária é manter a produção agrícola em níveis tais que sustentem uma população em crescimento sem, com isto, contribuir para aumentar a degradação do meio ambiente. Temos difundido a pecuária orgânica como uma opção para fazer frente a este problema. O sistema de produção orgânico preconiza práticas de manejo que evitam ao máximo o uso de insumos externos à propriedade, levando-se em conta a adaptação dos sistemas às condições regionais. S-ma-se a esse pressuposto a adoção de práticas agronômicas que priorizam métodos mecânicos e biológicos em detrimento do uso de materiais sintéticos. Enfim, o sistema destaca que o pecuarista deve se preocupar com a criação do seu rebanho de forma saudável e em sintonia com a questão ambiental. E não apenas ela. É necessário também oferecer boas condições de trabalho e de vida a seus empregados e familiares.

A produção familiar nacional ocupa 4,1 milhões de estabelecimentos em todo o País. Deste total, cerca de 600 mil famílias são assentadas pelo Programa Nacional de Reforma Agrária. A agricultura orgânica apresenta-se como um modelo inovador para o agricultor familiar, seja pela baixa dependência de insumos externos, seja pela agregação de valor ao produto, com conseqüente aumento da renda. Além de propiciar a conservação dos recursos naturais, este modelo tem um grande impacto social. O aumento da renda contribui para manter o produtor na atividade. Em decorrência, haverá um reflexo positivo nas áreas urbanas devido à diminuição do êxodo rural. Outro item que ratifica esta questão é o fato da produção orgânica demandar mais mão-de-obra, afetando positivamente na geração de empregos no campo.

O modelo tem força econômica. No Brasil, onde ele ainda engatinha, estima-se que movimente entre US$ 90 milhões e US$ 150 milhões por ano. No mundo, estes valores chegam a US$ 24 bilhões. A produção nacional poderá ser incentivada pela criação de uma nova lei para organizar o modelo, exigindo a certificação e disciplinando a comercialização desses produtos em todo o País. O Congresso Nacional aprovou em dezembro de 2003 um projeto de lei que cria as novas regras e diretrizes básicas para os orgânicos.

Por enquanto, a produção animal sob sistema orgânico certificado ainda é pouco difundida no País e ocorre em pequena escala. Já existem criações de cabras e vacas leiteiras, produção de bovinos de corte, bem como a produção de ovos e mel. A maior parte da produção é comercializada de forma pouco profissional, vendida diretamente ao consumidor ou por meio dos canais tradicionais (abatedores, matadouros e frigoríficos) sem a qualificação (selo) orgânica. O mercado lácteo ainda não deslanchou. Não fossem algumas iniciativas isoladas, poderíamos dizer que não existe leite orgânico no País.

A pequena produção de leite é mais voltada para o consumo de familiares e vizinhos do produtor, na sua forma líquida, ou industrializado artesanalmente como queijo. Quando vendido, isto é feito em cestas, a domicílio, ou em feiras específicas. Algumas iniciativas mais profissionalizadas ocorrem no Rio Grande do Sul, São Paulo e Minas Gerais. Um produtor de Uberaba afirma que a conversão para o orgânico está se tornando uma opção de sobrevivência para os produtores de leite, uma das áreas mais mal remuneradas da agricultura brasileira. Em Uberaba foi criado o primeiro laticínio do País especializado no processamento de "leite orgânico".

A produção orgânica de leite, indiscutivelmente, tende a aumentar. Entretanto, é preciso ter em mente que um sistema orgânico de produção não deve ser obtido somente com a substituição de insumos químicos por insumos biológicos ou ecológicos. Porém, para que a atividade se torne economicamente viável, ainda existem inúmeros proble-mas a serem resolvidos. Dentre os principais entraves destaca-se: a falta de soluções para se superar o problema decorrente da alimentação bovina, principalmente a volumosa, durante a seca em grande parte do Brasil tropical. Faz-se necessário também buscar alternativas cientificamente comprovadas para controlar os parasitas e tratar a mastite, duas afecções que acarretam prejuízos incalculáveis para a pecuária nacional.

Existem sérias discussões a respeito de produtos proibidos pelas certificadoras que poderiam ser eventualmente permitidos se fossem considerados aspectos puramente científicos. É o caso da uréia. Nós incentivamos o uso de leguminosas em consorciações com gamíneas e em sistemas silvipastoris. Esta é uma preocupação com a qualidade do produto e o bem estar do produtor rural em consonância com práticas amigáveis ao meio ambiente. No entanto, a Embrapa Gado de Leite sugere que a uréia seja um composto, eventualmente, permitido na alimentação animal, sob condições de seca no Brasil tropical. A pesquisa não encontrou justificativas para esta proibição e há que se considerar que as vantagens econômicas da sua utilização são incalculáveis e aumentariam ainda mais a viabilidade do modelo.

LUIZ JANUÁRIO MAGALHÃES AROEIRA

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CECÍLIA JOSÉ VERÍSSIMO

NOVA ODESSA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 08/03/2004

O problema do controle dos parasitos, principalmente do carrapato, pode muito bem ser contornado com a criação de raças leiteiras resistentes, como a zebuína Gir, ou menos suscetíveis, como a Jersey ou os animais cruzados Holandês ou Suíço ou Jersey x Gir ou Guzerá. O F1 e o 5/8 (Girolando) são bastante resistentes ao carrapato.
JOSELITO GONÇALVES BATISTA

OUTRO - MINAS GERAIS - EMPRESÁRIO

EM 05/03/2004

Gostaria de mais uma vez cumprimentar o Professor Aroeira, que é um dos maiores incentivadores e conhecedores da pecuária de leite orgânica do país, por sua sensatez e profissionalismo ao se pronunciar a respeito do assunto.
Mas gostaria também de convocá-lo assim como a todos os interessados direta ou indiretamente pelo assunto, a serrarem fileiras e cobrar do Ministério da Agricultura agilidade na aprovação da regulamentação dos produtos orgânicos, para os mesmos serem vendidos com rotulagem de orgânicos como verdadeiramente são. Isto está sendo o maior entrave hoje na comercialização dos produtos orgânicos e um dos maiores motivos dos mesmos ainda não terem decolados como opção de produtos mais saudáveis à disposição dos consumidores.

Tenho certeza de que com a colaboração de todos estaremos sensibilizando o Sr. Ministro como a todos seus colaboradores para o mais breve possível liberarem a regulamentação para também estarmos regulares com a legislação e podermos vender oficialmente nossos produtos sem causar dúbia interpretação ao consumidor.

Joselito Gonçalves - Laticiníos Taigor´s

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