Foi tão produtiva esta oportunidade quanto a participação no Congresso. Os empresários gaúchos, nos deram uma mostra de que o Rio Grande do Sul caminha a passos largos no processo de competitividade.
O quadro abaixo, apresenta alguns indicadores administrados pelas UPs visitadas:
Como podemos observar os resultados econômicos e zootécnicos são relevantes. As lições, abaixo descritas, podem ser tiradas do quadro acima.
A primeira delas, é de que apesar de pequenas as propriedades, com característica de exploração familiar, todas são muito produtivas. A atividade leiteira para as UPs acima, com o nível de produtividade por área já alcançado, é economicamente imbatível por qualquer outro produto do agronegócio. Em média estão produzindo acima de 23.000 litros de leite por ano em um hectare.
Devemos lembrar que a despeito de se tratar da produção de leite a base de forrageiras temperadas, com elevado valor nutricional, a capacidade produtiva é muito inferior a condição tropical onde crescem plantas C-4, que produzem muito mais matéria seca por hectare. Isso significa que os estados tropicais brasileiros podem produzir ainda mais forragem se adotarem o mesmo padrão de tecnificação.
A eficiência da mão de obra, apesar de ser muito superior ao que habitualmente acontece nas UPs de leite no Brasil, ainda é baixa quando comparadas, por exemplo, com as fazendas da Nova Zelândia, cuja relação das 13.500 fazendas leiteiras ultrapassa 1.000 litros de leite por funcionário.
A eficiência reprodutiva analisada segundo o Intervalo entre partos (13, 14 e 16 meses), que é considerada boa para o nível de produção e comparada com a realidade brasileira, pode ainda ser melhorada, nas 3 fazendas.
Uma estratégia interessante, com o objetivo de ter na propriedade um maior número de animais produtivos, é a terceirização da recria de fêmeas. Todos tentam fazê-lo, mas esbarram na identificação de bons parceiros. Na fazenda C, esta decisão já é uma rotina. Um esquema regional já consolidado, nesse sentido, é o produtor entregar as bezerras ao desmame para o parceiro e receber 30% delas, prenhas de sete meses.
Os resultados econômicos são evidentes pelos dados demonstrados, mesmo sem considerarmos a venda de animais, que não foram apresentadas. Certamente, a lucratividade da atividade é ainda melhor que quando consideramos apenas a venda do leite, como foi o caso. Aliás, segundo dados da fazenda B, de 2003, a atividade proporcionou uma receita total, média anual, de R$0,679/litro de leite quando foram consideradas as vendas de animais e de feno de tifton. Os custos totais, de igual período foram de R$0,550/litro, o que representa um lucro líquido na atividade de R$0,129/litro.
Ressaltamos ainda que a fazenda A é produtora de grãos (soja e trigo) e as fazendas B e C exploram o turismo rural.
No ritmo de profissionalismo e competência, a nós transmitidos, podemos depreender que o Rio Grande do Sul, em muito pouco tempo, vai ultrapassar o estado de Goiás no ranking nacional.
Como pode ser observado, os produtores visitados ingressaram na atividade em um passado não muito distante, com o objetivo de lucro, cujas decisões administrativas estão voltadas para resultados. Nesse sentido, nos chama atenção a importância que é dada para a assistência técnica por estes empresários. Em geral, um técnico de nível superior, com visão de produção animal, auxiliado por um técnico agrícola, que acompanha as adubações, vacinas, controles de produção, dentre outras, são responsáveis pela assistência, que normalmente é paga parcial (cooperativas) ou totalmente (particular). No caso das cooperativas, o custo gira em torno de R$70,00 a R$120,00 para uma visita mensal. Quando particular, gira ao redor de um salário mínimo mensal.
Considerando os preços recebidos em julho deste ano, pelos produtores visitados, podemos concluir também que eles foram mais baixos do que em outros estados da federação, o que assegura aos empresários gaúchos maior competitividade no cenário nacional. Ponderando pelo volume, os preços mencionados no quadro acima, informados pelos produtores, deduzimos que os produtores benchmarking do Sul, que tem provavelmente preços diferenciados, não receberam mais que R$ 0,56 por litro no mês de julho p.p., abaixo dos patamares praticados no mesmo período em Goiás. Como estamos em um mercado globalizado, pode-se pensar que a cadeia leiteira do RS irá crescer seu market share no mercado brasileiro.
Parece que toda a cadeia produtiva está se dando bem. O leite recebido pelas unidades para as quais o leite dos produtores A, B e C entregam seu leite estão captando no presente 320.000 litros diários, o que certamente favorece os custos de captação.
Parabéns a todos atores da cadeia leiteira do RS, pelo exemplo de competência que nos passou!