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Montanha Russa

POR MARIO SÉRGIO ZONI*

ESPAÇO ABERTO

EM 18/10/2007

3 MIN DE LEITURA

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Os últimos dias tem sido repletos de emoções e inquietudes. Se por um lado o prolongamento da estiagem tem aumentado as inquietudes de quem gosta de trabalhar com alguma previsão, a mesma estiagem tem determinado um retardamento na abertura do período da safra extrativista. Este fato, no curto prazo, somado a preços internacionais aquecidos, um ligeiro aumento do consumo interno deveria determinar um período de relativa tranqüilidade nos preços e que propiciasse uma recuperação nas margens de lucro da atividade, que vinham defasadas nos últimos 24 meses.

Qual é o cenário que nos deparamos? Preços em queda em todas as principais regiões produtoras. Leite UHT sendo comercializado no varejo com preços abaixo de R$ 1,00, Aumento de preço em insumos básicos. Dificuldades crescentes na logística de transporte de Leite. Ou seja, cenários extremamente preocupantes para qualquer pessoa que trabalhe com a atividade. Nesses momentos de incerteza, e mesmo grande decepção, a procura por mecanismos que propiciem um mercado mais saudável deveria ser a tônica, muito mais do que uma possível caça as bruxas.

Alguns comentários na mídia e mesmo o resultado da última enquete realizada pelo MilkPoint sobre Integração me deixaram surpreso, para não dizer perplexo. Em um mercado que ao longo dos anos mostrou-se extremamente individualista, onde cada produtor buscou o que era melhor para si, independente do que era melhor para a coletividade, onde salvo raríssimas exceções a solução cooperativista, que por ventura é o maior canal de comercialização nos principais países exportadores, foi praticamente sepultada, onde as tentativas de criar uma entidade maior que represente os interesses dos produtores tem caminhado com extrema dificuldade, a opção por um sistema de produção por integração beira a piada.

Será que o produtor vai abdicar de decidir o quanto irá crescer? Será que o produtor de leite realmente conhece como funciona uma política de integração nos moldes da avicultura e suinocultura? Será que o mesmo sabe que as decisões sobre manejo, alimentação e genética são da integradora e não suas? Será que sabe que independente do preço vigente da região no mercado spot ele terá um compromisso de entrega e ganhará um percentual sobre a produção de acordo com a sua eficiência? Se as respostas são afirmativas não consigo compreender por que o Sistema Cooperativista não prosperou no Brasil como nos Estados Unidos e Oceania, pois se o produtor está disposto a ser funcionário da integradora porque abdicou de ser patrão na Cooperativa? Se o produtor está achando que o sistema de integração é uma panacéia que tudo resolverá, acredito que o desencanto com as atuais variações no mercado são tão profundas, que a Láctea Brasil e a CNA podem começar a estudar políticas de cotas de produção nos moldes da Nova Zelândia e Europa, pois o produtor decerto está abdicando de gerir totalmente sua atividade e buscando estabilidade de preços atrelada a estabilidade de produção.

Como não acredito que o mercado tenha assumido esta postura, devemos buscar na atual crise, pontos de reflexão que permitam a tomada de atitudes que minimizem problemas no futuro, e não "soluções" que não agregam bem estar ao setor. Sendo assim o que deve ser repensado? Acho que o ponto principal a ser questionado é: os agentes de comercialização pós porteira tem sido parceiros do produtor, ou apenas compradores? Se não são parceiros, quem poderia desempenhar este papel, visto que o setor atacadista e varejista é extremamente concentrado e organizado? Quem poderia executar o marketing institucional do setor? Com que dinheiro? As atuais pesquisas realizadas pelos órgãos públicos, que acabamos por pagar, atendem aos interesses dos produtores? Porque não são demandadas pelos produtores nos moldes da Austrália e Nova Zelândia, e com custos e metas divididos entre governo e associações de produtores? Porque não decola a Instrução Normativa 51, que poderia de certa forma organizar o mercado pela exigência sanitária e tecnológica?

Como vemos são inúmeros pontos, que ano após ano, passam sem resposta e acabam por influenciar decisivamente esta indefinição sobre a cadeia Láctea. Acredito que se trabalharmos com afinco na busca destas respostas e na posterior tomada de atitude o mercado será muito mais saudável e prazeroso para quem nele trabalha e dele vive.

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AROLDO AUGUSTO MARTINS

EDEALINA - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 25/10/2007

Esta palavra cooperativismo é muito bonita, mas a prática no Brasil é totalmente diferente, pois as supostas cooperativas fazem parte do cartel dos laticínios.

Por exemplo, aqui em Goiás, a Complem baixou em R$ 0,14 centavos em 30 dias, quando o mercado estava favorável ela aumentou menos que os outros e para baixar foram rápidos.

Esse é o tipo de cooperativismo que infelizmente , temos no país, com eleições forjadas, estatutos armados. Resta ao produtor o trabalho árduo e o prejuízo.
MARCELLO DE MOURA CAMPOS FILHO

CAMPINAS - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 20/10/2007

Caro Mario Sérgio Zoni,

Parabéns pelo artigo. Como você mostra no seu artigo anterior, "Distúrbio bipolar", há evidências de um movimento determinado pela ABRAS para baixar os preços, ao qual se alinharam alguns elos do setor produtivo. Isso, que evidencia que atualmente pelo menos parte significativa do setor produtivo não é parceiro do produtor, no final esse posicionamento pode até ser contra os próprios interesses desses elos. Isso, no nosso entender, é apenas mais um episódio na novela da falta de entendimento do setor leiteiro.

Concordamos com a idéia de que falta uma política de marketing em defesa da imagem do leite. Mas entendemos que falta muito mais do que isso: falta política e planejamento de forma geral no setor leiteiro, e que isso é o grande responsavel pela falta de entendimento do setor!

Tradicionalmente tem se tentado estabelecer a política e o planejamento do setor leiteiro através de seminários, congressos e estudos isolados, mas com o passar dos anos se evidencia que o setor precisa mais do que isso para resolver seus problemas estruturais, conjunturais e de falta de entendimento.

Temos procurado mostrar que o setor precisa um forum adequado para que, de forma permanente e continuada, o Governo e a iniciativa privada discutam os problemas, procurem o entendimento e juntos estabeleçam e monitorem a política e o planejamento do setor, fazendo os ajustes sempre que necessário.

Por isso a Leite São Paulo propôs na Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Leite e Derivados do MAPA a criação de um grupo permatente para política e planejamento do setor leiteiro. Representantes da Secretaria de Política Agrícola do MAPA, do MDA e da Contag se manifestaram a favor e de participar do grupo de política e planejamento seorial proposto. Como não haviam representantes da indústria nessa reunião, a votação da proposta deverá ser feita na póxima reunião.

A proposta da Leite São Paulo de criação do grupo permanente para política e planejamento do setor leiteiro na Câmara da Cadeia Produtiva do Leite e Derivados do MAPA foi apresentada como um passo importante nessa direção.

Esperamos que a cadeia produtiva do leite na próxima reunião da Câmara Setorial de Leite e Derivados do MAPA vote a favor da criação do grupo permanente de política e planejamento setorial proposto, e que esse grupo possa trabalhar com afinco para dar respostas à perguntas como você formulou no seu artigo e que as resposta efetivamente contribuam para um mercado mais saudável e prazeroso para quem nele trabalhe e dele viva.

Um abraço

Marcello de Moura Campos Filho
Presidente da Leite São Paulo

<b>Resposta do autor:</b>

Prezado Marcelo

Eu acho que a constituição da LEITE SÃO PAULO, foi um marco na construção de uma entidade que realmente represente os interesses dos produtores no sentido MACRO da Cadeia Leiteira. Somente entidades com força política e moral poderão fazer frente aos verdadeiros cartéis que existem na Cadeia Leiteira, no pós porteira.

Essa cartelização é real, permanente e existe já há muito tempo, intensificando-se nos últimos anos com a concentração ocorrida no varejo e a infeliz preferência do consumidor pelo Leite UHT que por ter capacidade de estocagem mais elástica e principalmente por igualar por baixo qualquer matéria prima (vide episódio CASMIL e COOPERVALE) acaba por facilitar essas manobras.

Por isso defendo o crescimento e fortalecimento de entidades de classe como a Leite São Paulo e a Láctea Brasil, assim como entendo que apesar de todos os percalços passados, somente com a construção de Cooperativas fortes e poderosas poderemos realmente mudar o sentido do jogo.

Abraços

Mário Sérgio Zoni
GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 20/10/2007

Prezado Mário: Bom falar, novamente, com você. O grande problema do cooperativismo brasileiro não é - por incrível que pareça - falta de espírito associativista, como muitos colocam, mas, sim, administrações desastrosas, que levaram à falência cooperativas muito grandes, como a antiga Cooperativa Central dos Produtores de Leite (CCPL), que, em minha região, mais precisamente, em Juiz de Fora, chegou a ter uma das maiores fábricas de produtos lácteos da Amérca do Sul, a FAJA.

Só para você ter uma idéia, as benfeitorias desta fábrica, abrigam, atualmente, a um "campus" universitário, com mais de três mil alunos e mais de dezoito cursos superiores. A Cooperativa dos Produtores de Leite de Lima Duarte, MG, em escala bem menor, todavia, também serve de exemplo desta falta de profissioalismo administrativo.

Chegou a ser uma das maiores da região, com captações bastante expressivas, fabricação de queijo (mussarela, prato, brotinho, parmesão, reino), manteiga, doce de leite, leite tipo c (o denominado "de saquinho" ou "barriga mole"), posto de gasolina e armazém agropecuário. Faliu por falta de administração. E, assim, outros exemplos há deste desastre, tenho certeza.

Por isso, nós produtores nos desiludimos com o sistema, em prejuízo, admito de público, de nós mesmos. Somos, atualmente, como "gatos escaldados", temos medo da água fria. Não resta dúvida de que a associação é a base do desenvolvimento, mormente num mercado em que a matéria prima não pode ser estocada, sendo de alto índice de perecimento. Ora, não precisamos divagar muito para entender que muito melhor preço obteremos por trinta e sete mil litros/dia de leite do que por seis mil, mil, quinhentos...

Mas, infelizmente, ainda vai demorar um certo tempo para que nós reaprendamos o caminho das pedras.
Parabéns pela análise, de corriqueiro, excepcional.
Um abraço,


GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO
FAZENDA SESMARIA - OLARIA - MG

<b>Resposta do autor:</b>

Prezado Guilherme,

Obrigado pela análise. realmente o episódio CCPL enfraquece qualquer tentativa de reativar o espírito cooperativista, principalmente no Rio de Janeiro e Zona da mata de Minas Gerais. Porem como devemos lembrar a CCPL era uma Cooperativa Central que deveria processar a produção de diversas cooperativas singulares.

Como meu primeiro estágio na época da Universidade foi no SIF do Ministério da Agricultura sediado dentro da CCPL, pude diariamente observar como se destrói uma boa idéia, pois diariamente vinham caminhões das singulares com Leite adulterado e mesmo fraudado para processamento.

Este espírito individualista e extremamente individualista ( a famosa "Lei de Gérson" ) é que precisa mudar para propiciar a construção de um sistema cooperativista mais forte, solidário com o produtor e que possa realmente ser um grande player no mercado nacional.

Grande abraço

Mário Sérgio Zoni
NELSON JESUS SABOIA RIBAS

GUARACI - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 19/10/2007

Não sei se o sistema de integração poderá ser uma solução. De qualquer forma não poderá ser pior do que como está a situação para o pequeno produtor(até1500 l/dia). Estamos totalmente nas mãos dos "compradores".

No meu caso a Batavia (Grupo Perdigão) não tem nenhuma consideração, demora para subir o preço quando o mercado esta favorável ao produtor e depois baixa o preço sem nenhum aviso em R$ 0,11 por litro em 1 só mês.

No norte do Paraná não existe cooperativa, a Confepar, que seria uma fusão de algumas cooperativas na parte do leite atua como um grande lacticinio e não tem visão de cooperativa. Realmente acho que esta atividade tem pouco futuro, pois a produção de leite de baixa qualidade sobe muito e o consumo interno anda de lado, com baixa remuneração só ficara o produtor familiar sem outra opção para a sua propriedade.

Eu estou investindo em adubação, manejo, alimentação e genética, mas após 3 anos não estou vendo retorno, a receita mal paga as despesas. Em agosto/2007 recebi R$ 0,78/l em setembro foi R$ 0,65/l, e em outubro, só Deus sabe!!!
MÁRCIO F. TEIXEIRA

ITAPURANGA - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 18/10/2007

Prezado Mário,

Muito oportunas as suas colocações. Nas minhas participações aqui sempre insisto que os produtores devem ser organizar e buscar ter mais "autonomia" sobre a gestão do seu negócio leite, ao invés de ficar sendo levado a luz do "mercado" e de ficar na mão do setor varegista que fazem o que querem com o nosso produto e, consequentemente, com o nosso trabalho. Como sempre, continuamos nas mãos de "setores" (multinacionais e grandes redes de supermercado) que não são parceiros, mas sim, oportunistas e desaglutinadores.

Acho que continuamos, ainda, nessa situação, "ano após ano" como disse você, por não sabermos, por exemplo, quando diz "Acredito que se trabalharmos com afinco na busca destas respostas..." fica uma dúvida? Quem fará isso? Cada um em seu canto? Qual instituição está discutindo e tendo ações concretas no sentido de melhorar a nossa relação de mercado e de credibilidade? Elas existem?

Sabemos o que tem que ser feito mas neste caso, acho que não há nomes para os bois, infelizmente.

No que cabe a minha região, e como produtor, estamos fazendo a nossa parte, criamos uma cooperativa neste ano e estamos negociando 9.000 lts/dia, com média de produção/produtor de menos de 200 lts/dia. Acredito que é um bom começo.

Abraço,

Márcio
Fazenda Canastra - GO

<b>Resposta do autor:</b>

Bom dia, Márcio,

Felizmente existem nomes e pessoas que estão construindo esta nova realidade. O mais visível é o intenso trabalho da Leite São Paulo na defesa dos interesses dos produtores, atuando de forma política e institucional.

A outra entidade que procura seu espaço é a Láctea Brasil, cujo único pecado, e o de não ter ainda despertado nos produtores o interesse da associação e consequente suporte político e financeiro. Como você vê, inclusive na carta postada pelo Marcelo as coisas começam a mudar, para apressar as mudanças devemos todos começar a agir e não apenas aguardar que as coisas mudem por parte das industrias e do varejo.

Abraços

Mário Sérgio Zoni

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