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Mais sobre a produção na Nova Zelândia

ESPAÇO ABERTO

EM 09/12/2003

3 MIN DE LEITURA

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Fernando Enrique Madalena1

Foi uma grata satisfação ver a matéria do MilkPoint (02/12/2003) sobre a produção na Nova Zelândia. Nós temos muito a aprender estudando como funcionam as coisas naquele pequeno país, que produz metade do leite do Brasil com uma população do tamanho da de Belo Horizonte, e o MilkPoint está de parabéns por trazer o assunto a tona, para que se possa compreender melhor como (e porquê) aquele pessoal faz leite, e comparar com o Brasil e outros países.

A matéria do MilkPoint me motivou a atualizar-me nos números e fui procurar a fonte, o relatório anual Dairy Statistics 2002-2003 do LIC, Livestock Improvement Corporation. Tem dois aspectos que gostaria de comentar aqui, porque me parece que eles têm especial relevância para o Brasil: a produção na safra e o uso do cruzamento.

Produção na safra

Os produtores neozelandeses são os maiores safristas do mundo. No inverno os laticínios quase que param, como pode ser visto na Figura 1, tirada do relatório. Lá ser safrista não é demérito, ao contrário, é o lógico, são safristas e com muita honra! Eles preferem perder mantendo o laticínio parado a produzir leite na contramão da natureza. Claro que isso decorre de que 90% da produção é industrializada. O 10% de leite fresco para consumo continua a ser produzido no inverno, porém os produtores recebem uma remuneração compensatória. Não tem aquela de perder dinheiro com a produção da entressafra para descontar na safra. Produzir na entressafra é de interesse dos outros, não do produtor. Aqui 50% do leite com SIF é industrializado, e a produção dessa parcela na safra deveria receber maior consideração. Como diz José Augusto Alves, "ao invés de importar leite da Europa, vamos importar do Tocantins". Ele tem um excelente capítulo sobre o assunto no livro Produção de Leite e Sociedade (journal@vet.ufmg.br). A indústria diz que não se pode estocar leite pelo custo financeiro, mas pelo menos a Cooperativa Agropecuária Vale do Rio Doce (Coaperiodoce), MG, tem um esquema de Poupança Queijo, para vender na entressafra o queijo feito com o leite da safra, de grande êxito, inclusive financeiro, para a cooperativa e para o cooperado. Eles chamam este esquema de Ovo de Colombo Mineiro. Hoje lê-se que estão exportando para os EEUU. É que fazendo as coisas com juízo, nem a Nova Zelânda tem condições de concorrer com o Brasil tropical na produção de leite baseada no pasto.


Em decorrência da produção de leite estacional a pasto, os índices de produção por vaca não são lá essas coisas, sendo a média de produção de leite por lactação de 3791 kg, com duração de 268 dias. Mais um número para refletirmos que os índices de maior interesse para o produtor são o lucro e a rentabilidade da fazenda, e não a produção por vaca.

Raças e cruzamentos

Segundo o relatório, as vacas cruzadas de Holandês/Jersey produziram mais gordura que as outras, enquanto que as Holandesas (Holstein-Friesian) produziram mais proteína e volume de leite e as Jersey tiveram os maiores percentuais de gordura e de proteína (Tabela 1). O índice de valor para produção foi maior para as cruzadas Holandês/Jersey. Este índice representa a "receita líquida por unidade de alimento", sendo uma unidade 4,5 toneladas de matéria seca de uma pastagem de qualidade média (deles lá). Note-se o peso das vacas. São vaquinhas maneiras, eles não querem vaconas e selecionam contra o peso com bastante ênfase. É que quando a produção não é muito alta, a maior parte do alimento a vaca utiliza para mantença. Pesquisas de nosso grupo têm mostrado também aqui em Minas Gerais o valor econômico negativo do peso da vaca leiteira.


Cruzamento

Segundo o relatório, "a estrutura do rebanho nacional revela grande número de vacas cruzadas e grande número de rebanhos com mistura de raças". A preferência é para o cruzamento, como pode ser visto na Figura 2. O sêmen de Holandês é usado majoritariamente em vacas holandesas (52%), mas este percentual vem caindo vem caindo (era 59,8% em 1998/99).


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1Departamento de Zootecnia Escola de Veterinária Universidade Federal de Minas Gerais

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GUSTAVO MARIN MÔNACO

SÃO PAULO - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 09/12/2003

sou Engº Agrônomo formado pela ESALQ-USP e trabalho atualmente na FNP Consultoria.

Gostaria realmente de dizer que algumas coisas na Nova Zelândia são realmente fantásticas, e muitas vezes nos pegamos rendidos por aspectos práticos do país ou características inerentes daquele país.

Não acho que devemos olhar para a produção estacional da NZ e dizer "é disso que precisamos"; não que eu não ache muito interessante, mas acho mais interessante o fato de os neozelandeses terem solucionado um problema relacionado à sua produção, ou melhor, ao sistema imposto pela proposta neozelandesa de produzir leite para exportar. Ora, se vamos produzir leite e vender para o mundo, que tem grande oferta de leite, o que faz com que om preço mundial seja baixo, temos que produzir leite a custo baixo.

Todos sabem que a utilização de pastagem, está intimamente ligada à produção de leite com custo baixo, bem como sabem que a produção de pastagens é estacional no mundo inteiro. Se a produção de pasto é estacional e a produção de leite é baseada na utilização intensiva de pastagens (caso contrário não seria competitiva no mercado mundial), temos que obrigatoriamente a produção de leite tem que ser estacional.

Outro aspecto relacionado aos animais é que, na verdade, o próprio sistema de recria acaba gerando animais pequenos, pois as fêmeas de reposição só recebem concentrado nos primeiros 40 dias de vida, daí para frente é só pasto. Evidentemente são pastos de boa qualidade, mas é comum ver novilhas passando por uma restrição alimentar controlada, principalmente no inverno, o que acaba por gerar animais de menor porte. A seleção pesada está baseada em produção de sólidos (paga-se por sólidos-PROTEÍNA+GORDURA e não volume), úberes, que, se não forem saudáveis, não serão capazes de produzir leite (SÓLIDOS) e pernas e pés (as vacas Kiwis andam grandes distâncias todos os dias pra ir e voltar da sala de ordenha, portanto precisam ter pernas e pés muito fortes).

Se formos tentar selecionar no Brasil animais por tamanho, alimentando fêmeas com concentrado, ou melhor, com grandes doses de concentrado, não vamos conseguir. Teremos animais grandes que definitivamente não servem para sistemas de produção a pasto onde os animais precisam andar. Concordo que de maneira geral, a forragem oferecida aos animais de reposição no Brasil é inferior e que portanto o concentrado fornecido no Brasil tem um pequeno efeito compensatório.

O que acho interessante comentar sobre a Nova Zelândia é que problemas eles têm, assim como nós temos. Não são os mesmos, mas são problemas. Portanto, acho que a melhor lição que tiramos disso é tentar equacionar os nossos problemas de produção da maneira mais racional possível para as nossas condições de clima, solo, rebanho, mercado, logistíca e etc.

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