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Levantamento do perfil dos produtores de leite e os impactos da assistência técnica na região do Baixo Jaguaribe, estado do Ceará

POR RODRIGO GREGÓRIO DA SILVA

ESPAÇO ABERTO

EM 07/07/2006

5 MIN DE LEITURA

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A produção de leite em pequenas propriedades tem se apresentado como uma alternativa viável do ponto de vista técnico, econômico e ambiental, além de promover a inclusão social de parte significativa da população rural, viabilizando a manutenção do homem no campo por força da oportunidade de trabalho digno e melhoria da qualidade de vida, atrelado aos ganhos existentes na residência em pequenos centros urbanos.

A assistência técnica rural, onde se preconiza o desenvolvimento sustentável das atividades no âmbito da propriedade familiar, perpassa o aspecto esporádico, apresentando-se como demandadora de um acompanhamento sistemático de uma equipe técnica multidisciplinar. Somente dessa forma é que se vislumbra a inclusão das unidades de produção agropecuária, de base familiar, de forma sustentada no mercado globalizado, tornando-as num futuro não muito distante capazes de gestão própria e assim contribuir de forma incisiva na inclusão social.

O projeto de assistência técnica responsável por esse estudo, denominado Pasto Verde, desenvolvido pela Secretária de Agricultura Irrigada do Ceará - SEAGRI, em meados de 1999, hoje executado pela empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará - Ematerce, possui corpo técnico composto de agrônomos, zootecnistas, veterinários, tecnólogos, assistentes sociais e técnicos agrícola.

Inicialmente foram trabalhados produtores de leite em sistemas de produção a pasto, irrigado e com as devidas correções e adubações sugeridas mediante análise de solo e, nos dias de hoje, o publico é composto por produtores de áreas de sequeiro e irrigado, e suas combinações. Atrelado a isso, em muitos casos foram adquiridas matrizes de maior potencial de produção de leite, mas também houve introdução de reprodutores puros e/ou inseminação artificial. Outro ponto significativo foi a introdução da escrituração zootécnica e o acompanhamento financeiro da atividade.

Foram levantadas nesse estudo as informações de 142 produtores sobre tipo da mão-de-obra utilizada (familiar, permanente ou temporária e suas combinações), raça predominante dos rebanhos e dos reprodutores (Tabela 1), utilização de inseminação artificial, presença de tanques de expansão nas propriedades ou na comunidade e método de ordenha (manual ou mecânico), conforme Tabela 2.

Tabela 1. Composição percentual do tipo de mão-de-obra utilizada, raças predominantes do rebanho e dos reprodutores utilizados nas propriedades atendidas pela Ematerce na região do Baixo Jaguaribe, estado do Ceará, 2006.


Tabela 2. Composição percentual da utilização de inseminação artificial, tanque de expansão (resfriamento de leite) e tipo de ordenha utilizados nas propriedades atendidas pela Ematerce na região do Baixo Jaguaribe, estado do Ceará, 2006.



Com base nos valores apresentados nas tabelas 1 e 2, pode-se verificar que a maior parte das propriedades atendidas pela Ematerce utiliza de alguma forma mão-de-obra familiar, caracterizando o público como de base familiar (objetivo do programa desenvolvido pela Ematerce), e contribuindo para a geração de emprego e renda nas propriedades rurais.

Além desse aspecto, há contribuição no despertar para a atividade agropecuária por parte de filhos de agricultores, proporcionando incremento de empregos e manutenção desses sistemas de produção de base familiar no meio rural - fato esse bem significativo, visto que mais de 50% do público atendido tem mais de 40 anos.

Verificamos que o rebanho é predominantemente mestiço (85%), sendo que grande parte dos reprodutores (54%) utilizados também é mestiça. Atrelado a essas características, e conjuntamente preocupante, tem-se a pequena utilização da tecnologia da inseminação artificial; tecnologia essa causadora de elevados ganhos produtivos e de melhoramento genético do rebanho em pequenas propriedades.

Nesse aspecto, podemos citar o acompanhamento de grupos de produtores realizado, no sentido de adquirir reprodutores, seja por força de financiamento, por capital próprio ou a disponibilização de botijões de resfriamento a grupos de produtores organizados (ex.: no município de São João do Jaguaribe, 30% dos produtores já adotam essa prática em detrimento aos 10 % verificados na região).

Como verificado na tabela 2, a ordenha é praticamente toda (96%) realizada manualmente e, desta forma, necessita de treinamento continuado do trabalhador encarregado dessa fase da produção. A utilização de resfriamento do leite por meio de tanques de expansão, como forma de manter a sua qualidade do leite compatível como as exigências atuais (Normativa 51 do MAPA), não são comuns na região (conforme tabela 2). Nesse aspecto, foram alocados tanques para comunidades assistidas por parte de laticínio, e de 14 tanques provenientes de projeto firmado entre o Governo Estadual/Ministério da Integração Nacional, em condição de comodato.

Quanto aos parâmetros produtivos, pode-se verificar ganhos no sentido de aumento de produtividade, seja pelo efeito da maior quantidade de animais por área (maior taxa de lotação), como também pela elevação da produção por animal (produtividade animal), conforme tabela 3.

Tabela 3. Parâmetros de produtividade por vaca, por hectare e taxa de lotação, verificados pelo IBGE e obtidos por produtores acompanhados pela Ematerce, Ceará, 2006



* valores referentes ao IBGE
1 valores referentes a produtores assistidos há mais de dois anos
2valores referentes a média dos novos e mais antigos produtores.

A produção diária por vaca vem sendo elevada, seja pela melhoria do manejo zootécnico (fornecimento de alimento em quantidade e qualidade, melhoria dos índices reprodutivos, manejo profilático das principais enfermidades), como também pela aquisição de animais de maior potencial genético para a produção de leite, sendo possível visitar produtores com média de 15 litros de leite ao dia com sistemas de produção iniciados desde o início pelo programa.

No tocante à produção por hectare, verificamos valores bem elevados (80-100l/ha ao dia) já conseguidos nos produtores atendidos há mais tempo, especialmente nos sistemas de pastejo rotacionado irrigado. A entrada de produtores de leite em propriedades de sequeiro reduziu esse valor para casa de 8 litros por hectare. Mas mesmo assim, a média verificada nos produtores atendidos fica bem elevada (8l/vaca ao dia) quando comparado com a média regional (0,5-0,8l/vaca ao dia), segundo o IBGE.

A taxa de lotação verificada situa-se em torno de 1,2 animal/ha. Essa média é composta por sistemas variando do sequeiro ao irrigado e suas combinações. Existem sistemas com a média similar à encontrada na região (produtores de sequeiro e em início de acompanhamento pelo programa), assim como sistemas com lotações próximas a 11 animais/ha (em sistemas de pastejo irrigado). Vale salientar que dentre as várias técnicas utilizadas para o incremento de produtividade dentro da propriedade, a taxa de lotação é uma das que possui maior potencial de resposta no curto prazo.

Conclusões

O potencial genético dos rebanhos para produção de leite é limitado. A ordenha e a manutenção da qualidade do leite necessitam de melhorias. As produtividades por animal e por área dos rebanhos assistidos apresentaram elevações significativas.

Referências bibliográficas

BRITO, M.A.V.P. Conceitos básicos da qualidade. In: BRITO, J.R.F., DIAS, J.C. Sanidade do gado leiteira. São Paulo: Tortuga/Coronel Pacheco: Embrapa - CNPGL, (1995), p.55-62.

Empresa brasileira de pesquisa agropecuária - Embrapa. Trabalhador na bovinocultura de leite: Manual técnico. Belo Horizonte: SENAR-AR/MG/Embrapa, 1997.

GALAN, V.B. Avaliação da atividade de produção de leite e as novas tendências do mercado nacional. In: SIMPÓSIO SOBRE PRODUÇÃO ANIMAL: Planejamento da exploração leiteira, 10, 1998, Piracicaba. Anais... Piracicaba: FEALQ, 1998. p.257-268.

RODRIGO GREGÓRIO DA SILVA

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HENRIQUE ALMEIDA MIRANDA

BRASÍLIA - DISTRITO FEDERAL - INSTITUIÇÕES GOVERNAMENTAIS

EM 07/07/2006

As informações apresentadas pelo colega agrônomo Rodrigo reforçam a visão que eu e vários profissionais do agronegócio no Semi-árido nordestino vislumbramos: o imenso potencial de crescimento, enriquecimento e ganho de qualidade na produção.

Os números apontam para uma pecuária leiteira arcaica, sem trabalho genético, nutricional e de qualidade do leite. Mas apresenta também um indício de que o sertanejo está disposto a atender aos extensionistas da "capital" aplicando as técnicas desenvolvidas nas universidades (UFC, UeCE) e empresas de pesquisa (Embrapa, Ematerce).

Cabe então aos extensionistas permitir o trabalho conjunto, que colocará o sertão cearense como um modelo de desenvolvimento sustentável baseado em Arranjos Produtivos Locais (SEBRAE) e fixação do homem no campo.

Parabéns à Ematerce e seus extensionistas.

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