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"Era uma vez uma formiguinha que ficou com o pé preso num floco de neve."

POR PRISCILLA MAGALHÃES GOMES LINS

ESPAÇO ABERTO

EM 09/11/2006

5 MIN DE LEITURA

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Quem não se lembra dessa fábula? O mais curioso é que depois de adultos as fábulas começam a fazer muito mais sentido do que quando passávamos horas na frente de uma radiola, ouvindo as estórias e trocando os disquinhos coloridos.

E foi conversando com um amigo sobre as dificuldades do setor lácteo que me lembrei da "Formiguinha e a Neve". Mas como assim? As dificuldades que os laticínios e cooperativas passam no seu dia-a-dia são tão perversas quanto as que a formiguinha passou com a neve, e o pior, os apelos dos empresários, muitas vezes, são tão tristes quanto.

Mas será que deveríamos seguir o exemplo da formiguinha? Rogar, repetidamente, súplicas por ajuda? Ou, a exemplo das barreiras enfrentadas por ela, colocar a culpa da solução dos nossos problemas no elo seguinte da cadeia produtiva? Oh! Malvados supermercados! E o governo? As barreiras que laticínios e cooperativas enfrentam são bem diferentes da neve, do muro, rato, cão, mas coincidem na hora que chega no homem...

Sem dúvida, as barreiras enfrentadas pelas indústrias e cooperativas são enormes. A baixa renda dos brasileiros, o dólar desvalorizado, as importações, os subsídios dos países desenvolvidos, a carga tributária, a legislação trabalhista, dentre outros, são sempre os culpados e acabam inviabilizando vários negócios no nosso país, não somente os laticínios.

Porém, tenho acompanhado várias soluções de apoio aos empresários que eles próprios desconhecem. Instituições como sindicatos, associações de produtores, organizações de cooperativas, federações, Sebrae, disponibilizam ferramentas de apoio ao setor, mas que não têm sido utilizadas pelos empresários. E pior, são sempre as mesmas pessoas que buscam soluções, sem conseguirem se unir com os demais representantes dos elos da cadeia na busca de um caminho comum, conjunto. Por que não podemos ter uma Dairy Austrália, onde estão os representantes de todas as instituições que atuam no setor lácteo daquele país?

Afinal, onde estava o restante do formigueiro na hora que a formiguinha mais precisou dele? Se estivessem todos juntos será que precisariam da primavera para resolver o problema? Como sabemos, formigas se juntam na primavera para não terem que correr riscos no inverno! O planejamento e a organização das formigas também são conhecido de todos. Dificilmente são surpreendidas no inverno, a Cigarra que o diga! Já o empresário brasileiro, por mais que conheça os ciclos que o setor lácteo tem, ainda é sempre pego de surpresa!

União, proatividade, participação, envolvimento, desprendimento. Acredito que tudo isso pode contribuir para que o setor caminhe muito melhor do que está hoje. Mas a preparação das empresas para exportar, independente do momento não ser o mais propício; a capacitação dos colaboradores das empresas e cooperativas; a capacitação dos fornecedores; o cuidado com a qualidade; a utilização de instrumentos gerenciais apropriados para a tomada de decisões também prescindem de serem atacados urgentemente! E o melhor, ou pior: todos já sabem disso!

As mudanças necessárias para uma reviravolta no setor lácteo, com ganhos de produtividade, diferenciação de produtos, marketing institucional, inovação nos processos, passa sim pela atitude empreendedora de cada empresário. Mas fundamentalmente pela governança, pela vontade do grupo, pelo sentimento de que todos irão ganhar se trabalharem juntos. O sonho de uma instituição que trabalhe com objetivos comuns de produtores, cooperativas e indústrias não sai da minha cabeça.

Não sei se estarei aqui quando isso acontecer, mas acredito que o setor lácteo brasileiro é capaz de promover essa revolução. Enquanto isso vou me contentar em tentar contribuir para mudar o mundo à minha volta. Sem acreditar que a melhor, ou a única alternativa, fosse a formiguinha simplesmente tentar tirar a neve com as próprias mãos, sozinha, mas que seria muito melhor chamar todo o formigueiro para ajudar.

Uma coisa é certa, essa estória de que a primavera vai chegar com seu carro dourado triunfal, enchendo de flores e luz os caminhos, levando as empresas para um lugar onde não há inverno e nem verão e onde as flores permanecem para sempre, é fábula mesmo.

E mais, se o empresário continuar pedindo baixinho: - Mercado, tu que és tão forte, que governas a minha empresa, que mata a minha esperança de crescer, que afeta a minha competitividade, que come a minha lucratividade, que corrói o meu patrimônio, que tapa meu sol com a peneira ... vai morrer mesmo!


A FÁBULA

"Numa certa manhã de inverno uma formiga saía para o seu trabalho diário.

Já ia longe procurar comida quando um floco de neve caiu, prendendo o seu pezinho.

Aflita, vendo que ali poderia morrer de fome e frio, a formiga olhou para o Sol e pediu:

Sol, tu que és tão forte, derreta a neve e desprenda o meu pezinho?

E o Sol, indiferente, respondeu: - Mais forte que eu é o muro que me tapa.
Então a pobre formiguinha disse: - Muro, tu que és tão forte, que tampa o Sol, que derrete a neve, desprenda o meu pezinho?

E o muro rapidamente respondeu: - Mais forte que eu é o rato, que me rói.

A formiga, quase sem fôlego, perguntou: - Rato, tu que és tão forte, que rói o muro, que tapa o Sol, que derrete a neve, desprenda o meu pezinho?
E o rato falou bem rápido: - Mais forte que eu é o gato que me come.

A formiga então perguntou ao gato: - Tu que és tão forte, que come o rato, que rói o muro, que tapa o Sol, que derrete a neve, desprenda o meu pezinho?

O gato responde sem demora: - Mais forte que eu é o cão, que me persegue.

A formiguinha estava cansada e, mesmo assim, perguntou ao cão: - Tu que és tão forte, que persegue o gato, que come o rato, que rói o muro, que tapa o Sol, que derrete a neve, desprende o meu pezinho?
- Mais forte que eu é o homem, que me bate.

Pobre formiga! Quase sem força, perguntou ao homem: - Tu que és tão forte, que bate no cão, que persegue o gato, que come o rato, que rói o muro, que tapa o Sol, que derrete a neve, desprenda o meu pezinho?
O homem olhou para a formiga e respondeu: - Mais forte do que eu é a Morte que me mata.

Trêmula de medo, olhando para a Morte que se aproximava, a pobre formiguinha suplicou: - Ó Morte, tu que és tão forte, que matas o homem, que bate no cão que persegue o gato que come o rato que rói o muro, que tapa o sol que derrete a neve, desprende meu pezinho.
E a Morte, impassível, respondeu: - Mais forte do que eu é Deus, que me governa.

Quase morrendo, então a formiguinha rezou baixinho:
- Meu Deus, tu que és tão forte, que governas a morte, que mata o homem que bate no cão que persegue o gato que come o rato que rói o muro, que tapa o sol que derrete a neve, desprende meu pezinho.

E Deus, que ouve todas as preces, pediu à primavera que chegasse com seu carro dourado triunfal enchendo de flores os campos e de luz os caminhos, e vendo que a formiga estava quase morrendo, levou-a para um lugar onde não há inverno e nem verão e onde as flores permanecem para sempre.

The end

PRISCILLA MAGALHÃES GOMES LINS

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LURIAN DAMIAO DAMASCENO XIMENES

MANAUS - AMAZONAS - ESTUDANTE

EM 16/10/2023

Era tão simples qualquer um ter ajudado a formiguinha, a questão é que todo mundo espera pelo outro e acabam deixando a causa certa a se fazer passar.
Uma vez li a seguinte frase:
"Deus não ajuda pessoas, pessoas ajudam pessoas."
NATHIELLY TAVARES

VARGINHA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 02/10/2023

Eu lendo para os meus filhos fui ver o comentário e agora com 26 descobri que ela morreu 😭😭😭01/10/2023
NUTRICAO NUT

EM 01/11/2022

Hoje as 15:51 no dia 01/11/2022 aos meus 24 anos fui entender, que a formiguinha morreu :'(
Acabou com minha infância kkkkkkk
LUIZ GATTO

EM 30/01/2021

O que a formiga morre:já que eu não fui para lugar quente ou frio ou é resposta já que lá não tem essas coisas
LUIZ GATTO

EM 30/01/2021

Triste que a formiga morre: já que não foi para um lugar quente nem frio ela deve ter ido para o céu já que lá no céu não tem essas coisas ;-;
EDSSONE DOS SANTOS

CAMBÉ - PARANÁ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 12/07/2017

Eu amo esta historinha infantil .
LUIZ HOMERO PEIXOTO

GOIÂNIA - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 16/11/2006

A meu ver, apropriadíssima a aplicação da fábula "A formiguinha que ficou com o pé preso num floco de neve", ao setor de lácteos. Penso que precisamos extrair vários ensinamentos da citada fábula.

Dentre eles, consideremos os seguintes:

- imperioso continuarmos sonhando com um setor unido, onde produtores, cooperativas e indústrias trabalhem focados num objetivo comum;

- se estivermos juntos, não precisaremos ficar esperando pela primavera que vai chegar com seu carro dourado e triunfal, enchendo de flores e de luz os nossos caminhos;

- devemos pedir "socorro" às pessoas certas e nos momentos certos.
FAQUINI

CURITIBA - PARANÁ - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 15/11/2006

Cara Priscila,

Congratulo pela excelência e objetividade do texto de sua autoria. As empresas de laticínios necessitam urgentemente de um choque de gestão administrativa, e ser encaradas não como "laticínios", e sim como "empresas processadoras de alimentos", dentro de um mercado mais amplo e atuante, onde não só a concorrência é maior, mas também as oportunidades.

Quem não evoluir, será assunto passado.
GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 13/11/2006

Cara Priscila,

Lamento que você esteja preocupada com os "pobres laticínios" e se esqueça que, na realidade, pobres mesmo somos nós, produtores explorados por eles, numa atividade de produto perecível, que não podemos armazenar para esperar ou forçar a melhora do preço, que recebemos R$ 0,42 (quarenta e dois centavos) por litro de leite enquanto o mesmo produto chega ao consumidor final por R$ 1,10 (um real e dez centavos), vendido, pela planta industrial que adquiriu de nós, ao comércio, por R$ 1,00 (um real).

E mais, para produzir um litro de leite, somados os custos de alimentação, operariado e sanidade, gastamos, em média, R$ 0,39 (trinta e nove centavos), num lucro de, apenas e tão somente - pasme você - R$ 0,03 (três centavos) por litro.

Em resumo, para produzirmos nove mil litros de leite, gastamos R$ 3.510,00 (três mil, quinhentos e dez reais) e temos um "lucro" de R$ 270,00 (duzentos e setenta reais), insuficiente até mesmo para as necessidades basilares do ser humano. Quem são os desvalidos da história? Basta que você olhe ao redor e tenha a necessária sensibilidade para entender que nós é que estamos indo "para um lugar onde não há inverno e nem verão e onde as flores florescem para sempre", ou seja, morrendo.
PAULO FERNANDO ANDRADE CORREA DA SILVA

VALENÇA - RIO DE JANEIRO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 10/11/2006

Priscilla,

Às vezes pedimos ajuda a quem deveria nos ajudar e ela custa a vir! Nós da APLISI (Associação dods Produtores de Santa Isabel), RJ, desde que estivemos no seminário sobre produção de leite em Uberlândia, em agosto, estamos tentando trazer o excelente programa Educampo, do Sebrae, para a nossa região, no estado do Rio de Janeiro, mas sem sucesso.

No caso de cursos do Senar, em dois anos de insistentes pedidos, conseguimos, até agora, somente um curso de ordenha. Até quando esta formiguinha vai ficar atolada pedindo ajuda?

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