A cadeia láctea brasileira está passando por profundas alterações estruturais, principalmente na estrutura de produção primária (leite na fazenda) e na estrutura industrial (consolidação de um setor ainda extremamente fragmentado).
Os principais desafios de curto prazo da indústria de laticínios estão associados à evolução de sua margem de lucro. Cerca de 80% do leite do país segue em cadeias de commodities lácteas que tem tido sua margem bastante volátil e, neste ano, reduzida (veja, nos gráficos 1 e 2, as margens médias de janeiro a setembro para do leite UHT e da Muçarela nos últimos 5 anos)
Esta situação de margens nas principais commodities sinaliza um segundo grande desafio para a indústria, que é o de desenvolver, com sucesso de mercado (isto é, margens de lucro melhores, volumes de venda crescentes e maiores barreiras a entrada), novas linhas de derivados lácteos.
Associando estes desafios com a forma de relacionamento entre os elos da cadeia láctea, vemos que tende a existir uma relação muito mais profissional e estável entre eles. Seguindo algumas importantes tendências sinalizadas pelo consumidor final de leite e derivados como, por exemplo, uma maior visibilidade sobre a cadeia de valor e a origem dos derivados consumidos; o bem-estar dos animais; a sustentabilidade ambiental; econômica e social da cadeia, há uma tendência de um relacionamento mais próximo e estável entre produtores e indústrias, de forma dar visibilidade ao consumidor final destes e de outros parâmetros que serão cada vez mais exigidos.
Ao mesmo tempo, sabe-se que o produtor médio está crescendo em volume e passando a ter novas demandas (com maior visibilidade comercial) em relação à indústria— este também é um novo desafio e, de fato, uma grande quebra de paradigmas na cadeia leiteira.
Na outra ponta da cadeia leiteira, um enorme desafio da indústria está na sua estrutura de distribuição e a relação com as cadeias de supermercados, setor altamente concentrado e muito exigente comercialmente — preços baixos, prazos de pagamento alongados, serviços acoplados à venda (como repositores, recursos para promoções e inauguração de lojas etc.).
Neste sentido, o desafio da indústria é gerenciar sua distribuição maximizando a relação preço de venda/custos de distribuição — a indústria está cada vez mais voltada a desenvolver vendas em canais mais pulverizados, com um custo logístico maior, mas com preços médios mais compensadores.
Assim, o futuro da competitividade da cadeia láctea brasileira passa por alguns aspectos relevantes:
- Estrutura de produção de leite nas fazendas, suas margens de rentabilidade e quais os sistemas de produção “vencedores” nas diferentes bacias leiteiras ou no Brasil;
- Estrutura da indústria e de suas margens de rentabilidade: pontos associados a inovação de produto, geração e manutenção de barreias a entrada em novos mercados/produtos;
- Relações mais saudáveis e duradouras entre produtores e indústrias;
- Desenvolvimento de novos canais de venda, que atendam às exigências dos consumidores (delivery, cadeia curta, contar a estória do produto) e proporcionem margens mais saudáveis a indústrias e produtores.
Este artigo foi escrito por Valter Galan, sócio no MilkPoint Mercado. Com sua vasta experiência sobre o mercado de lácteos, Galan será um dos palestrantes do Dairy Vision 2021, o maior e mais completo evento sobre a cadeia do leite mundial. Em sua palestra no dia 23/11, no quarto painel do evento, Valter trará justamente a temática dos desafios atuais e futuros da indústria láctea brasileira.
Anualmente, desde 2015, o Dairy Vision reúne profissionais do setor lácteo mundial para discutirmos tendências, mercado, novas tecnologias, sustentabilidade, novos negócios, inovações, mundo 4.0 e consumo.
Este ano com um olhar voltado para o futuro do leite — mas sem esquecer do presente — nossa missão é enxergar oportunidades em um cenário incerto e de mudanças. Contaremos com 30 palestrantes de 10 países: Brasil, Suíça, Suécia, Portugal, França, Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, Argentina e Itália.
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