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A agenda ambiental e a grande oportunidade que temos

MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

EM 17/08/2022

4 MIN DE LEITURA

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Atualizado em 17/08/2022

Quem participou do Interleite Brasil, realizado em Goiânia nos dias 3 e 4 de agosto, teve a oportunidade de entender melhor a “agenda ambiental” e o que ela representa para o setor lácteo. Olhando para o Brasil, trata-se de uma enorme oportunidade muito mais do que um desafio.

Por que é uma oportunidade para nós? A pergunta é pertinente, afinal a agenda ambiental é tida como mais uma restrição para o setor digerir.

Os exemplos estão aí: recentemente, produtores da Holanda fizeram fortes protestos por conta da necessidade de redução dos rebanhos em até 30% até 2030, devido à necessidade de redução das emissões de nitrogênio e amônia (aliás, aqui vai uma reflexão: muitos criticam a Europa pelas políticas ambientais que exigem ações de terceiros, mas não “cortam na própria carne”. Pois bem, isso representa um belo corte na própria carne...).

Também, tanto os produtos plant-based como os de laboratório batem forte na sustentabilidade (e no bem-estar, outro pilar fundamental para a produção do futuro) do setor de produção de proteína animal  e, assim, conseguem não só angariar grandes investimentos como ganhar espaço de mídia, sensibilizando parte crescente da população urbana, que pouco sabe a respeito da realidade no campo, quanto mais da pegada ambiental.

Com efeito, dá para dizer sem medo de errar que a preocupação número 1 das entidades globais que atuam em prol do setor lácteo é justamente reduzir a pegada ambiental e conseguir comunicar isso de forma eficaz para o grande público. É necessário, claro, medir essa pegada ambiental com metodologias sólidas, inclusive adaptadas para o ambiente tropical; identificar tecnologias ou práticas que reduzam a pegada ambiental, e implementá-las; e aí sim mostrar ao mundo que somos parte da solução.
 

Mas porque, então, trata-se de uma oportunidade para nós?

Primeiro, porque talvez tenhamos algum tempo para nos adaptarmos, seja porque a atividade hoje é focada no mercado interno, seja porque as pressões ambientais para o setor lácteo aqui são menores do que lá fora (menor concentração de vacas, maior distância entre as fazendas e a população urbana, menor produção por km quadrado, etc). Esse ganho de tempo pode ser muito relevante, nos permitindo trabalhar no sentido de fazer a lição de casa antes que a “prova” seja aplicada para nós.

O segundo aspecto que sugere que estamos diante de uma grande oportunidade é o fato de muitas das práticas envolvidas na redução da pegada ambiental são, na verdade, um ganha-ganha, isto é, são práticas que, ao mesmo tempo que contribuem para a redução da pegada ambiental, tendem a melhorar os resultados econômicos.

Como exemplo, podemos citar o aumento da produtividade por vaca, que ocorre de forma sistemática e até certo ponto acelerada no país (com espaço para melhorar ainda mais); produção de energia fotovoltaica; produção de biogás; produção de fertilizantes através de camas de composto; uso de dejetos líquidos na irrigação; reciclagem de água, e aí por adiante. Todas estas práticas geram benefícios econômicos e, ao mesmo tempo, ambientais.

O terceiro aspecto é que, dentro de todas as atividades agropecuárias, acredito que o leite seja um dos que melhor pode responder à agenda ambiental, pela própria integração da atividade com a agricultura. Nesse sentido, a produção e o uso dos dejetos têm uma relevância grande, bem como a produção de energia e até combustível. No futuro próximo, tem fazenda que abastecerá sua frota e o caminhão de leite com biometano gerado pela produção de leite.

Nesse sentido, as fazendas do futuro produzirão bem mais do que leite. O Prof. Marin Bozic, que abordará o tema no Dairy Vision, tem realizado pesquisas mostrando que as fazendas de leite que incorporam esses conceitos acabam se tornando multifuncionais. Segundo ele, as fazendas que somente vendem leite estão desaparecendo nos EUA

Dadas as inúmeras possibilidades de negócio envolvendo o produtor de leite (produtos de nicho, gado de corte, energia, agroturismo, etc), será cada vez mais importante o produtor entender o cenário dos negócios e escolher a sua estratégia competitiva, que não vai ser somente produzir leite commodity a baixo custo e alta escala.

O quarto aspecto que sugere otimismo é que o setor está se mobilizando. No painel sobre o tema no Interleite, tivemos ótimas apresentações e um debate envolvendo a pesquisa (a Embrapa já está monitorando a pegada ambiental em diversas fazendas de leite), um laticínio (a Nestlé está implementando um programa que poderá resultar em pagamentos diferenciados dependendo do nível de adoção de práticas sustentáveis); a indústria de insumos (a Elanco mostrou como essa questão é central para os negócios no futuro) e a produção (o produtor Vinicius Correia mostrou como criou um novo negócio dentro de sua fazenda leiteira, ao produzir fertilizante com as camas de composto).

Há, sem dúvida, o risco de que tudo isso não seja suficiente para mitigar os riscos proporcionados por produtos de laboratório, cuja tecnologia vai se baratear cada vez mais. Há, inclusive, algumas projeções sombrias para o setor lácteo. Mas estas projeções não consideram que o setor irá reagir. E está reagindo. A reação, nesse caso, não é com palavras vazias, mas sim com pesquisa aplicada, mostrando que podemos ser parte da solução e não do problema.

Por tudo isso, é possível considerar que a confluência das agendas ambientais e de energia será uma enorme oportunidade e não um fardo, desde que nos preparemos para ela. Se encararmos o cenário dessa forma, talvez estejamos diante da maior oportunidade em décadas, reposicionando a produção de leite e criando novas alternativas de renda dentro de cada fazenda leiteira.

Dada a relevância do tema, optamos por deixar GRATUITO o programa do Feras da Sustentabilidade, que ocorrerá de 26/08 a 30/09, em 6 encontros online. Nosso objetivo é reunir o estado da arte do conhecimento deste tema, do qual a maioria de nós sabe muito pouco ainda.

Faça sua inscrição gratuitamente aqui e vamos começar a embarcar na agenda mais importante do futuro da atividade.

MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

Engenheiro Agrônomo (ESALQ/USP), Mestre em Ciência Animal (ESALQ/USP), MBA Executivo Internacional (FIA/USP), diretor executivo da AgriPoint e coordenador do MilkPoint.

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