As ordenhas robotizadas tem se tornado uma tecnologia cada vez mais comum. O sistema é uma das alternativas quando há escassez de mão de obra nas fazendas leiteiras e, para a adoção dessa ferramenta, é necessário entender quais são as possibilidades de funcionamento do sistema como um todo, a fim de identificar o que melhor se adapta às condições da fazenda.
Existem duas principais opções de tráfego das vacas em sistemas de ordenha robotizados, o tráfego ou fluxo livre e o tráfego ou fluxo guiado. Os dois tipos de tráfego interferem diretamente na rotina das vacas leiteiras, em graus diferentes.
Mas o que é o tráfego de vacas?
O tráfego ou fluxo é a movimentação dos animais nas áreas disponíveis do sistema de confinamento, que envolve as áreas de descanso, a pista de alimentação, e as áreas de deslocamento até a ordenha robotizada.
Tráfego livre
Nesse tipo de tráfego, a vaca escolhe o que fazer e quando fazer. Ou seja, a vaca pode escolher quando visitar o robô de ordenha, quando ir para a área de descanso ou para a pista de alimentação. Nesse tipo de tráfego, a vaca pode responder com a maior produção de leite por dia, visto que ela possui acesso livre à comida.
Todavia, no tráfego livre pode existir maior ocorrência de vacas que precisam ser conduzidas até o robô para serem ordenhadas, já que elas possuem a liberdade de escolha. Esse problema pode ser praticamente inexistente quando há um bom manejo nutricional e o fornecimento de condições ideais para a rotina das vacas.
Quer entender mais sobre esse assunto? Acesse agora mesmo a aula no EducaPoint!
Não menos importante, os animais devem estar sadios e livres de enfermidades, isso porque, dificilmente um animal se deslocará por livre e espontânea vontade até a ordenha quando estiver sentindo algum desconforto.
No vídeo abaixo, é possível observar uma situação que poderia ser entendida como o cenário ideal na rotina das vacas em fazendas com ordenha robotizada. É possível identificar que alguns animais encontram-se na área de descanso, em repouso, outros na pista de alimentação e com alguns animais direcionando-se para a ordenha. Ou seja, as vacas têm a possibilidade de realizar atividades diferentes no momento que desejarem.
Tráfego guiado
No tráfego ou fluxo guiado, os animais têm o acesso restrito às áreas do sistema que estão inseridos. O tráfego é dirigido com portões de direção única, bloqueando a rota entre as áreas de descanso e de alimentação. Dessa forma, quando os animais saem da área de descanso, precisam obrigatoriamente passar pelo robô que vai identificar se ela precisa ou não ser ordenhada.
Após a vaca passar por essa seleção, ela pode ser direcionada para a pista de alimentação ou então voltar para a área de descanso.
Como tráfego guiado, ainda existe o sistema conhecido como “milk first” ou “leite primeiro” onde os animais passam por um portão de pré-seleção que vai direcionar as vacas que estão aptas para a próxima ordenha, dessa forma elas vão para a sala de espera, ou, as que não estão aptas são direcionadas para a pista de alimentação. Esse sistema é interessante porque a quantidade de vacas que entram no robô é menor, isso porque somente as aptas são direcionadas, reduzindo o tempo de espera dos animais.
Outra opção é “feed first” ou “alimento primeiro”, que também consiste em um tráfego guiado, onde a vaca tem acesso à pista de alimentação primeiro, e só pode retornar para a área de descanso através de um portão de seleção que direciona os animais que estão aptos para a ordenha até o robô e os não aptos para a área de descanso.
Qual é o melhor tráfego para a fazenda?
A escolha do tipo de tráfego deve ser pautada em uma avaliação correta das características específicas de cada fazenda. A escolha do tipo de tráfego interfere diretamente na eficiência da rotina na fazenda e no conforto da vaca.
Se por um lado o tráfego guiado pode melhorar a frequência dos animais até a ordenha, por outro, pode alterar o comportamento alimentar dessas vacas com as restrições de número de visitas até a pista de alimentação, além de interferir no tempo que as vacas passam deitadas, em repouso.
No tráfego livre, os animais podem ter mais conforto por ter a possibilidade de escolha da atividade a ser realizada, sendo um fator importante quando se trata no tempo de descanso da vaca. Todavia, nesse sistema o número de recusas no robô é maior, já que que não existe um portão pré-seleção que direciona a vaca que está apta ou não para ser ordenhada. Isso pode comprometer o desempenho do sistema.
No entanto, é crucial compreender que os animais necessitam de um período de adaptação, independentemente do sistema adotado. Durante a fase inicial, após a implantação do sistema, a rotina pode não se desenrolar da maneira ideal, o que é considerado normal durante o processo de adaptação. É de extrema importância que os animais passem por essa fase de transição, pois caso contrário, toda a rotina futura estará comprometida.
Fonte consultada: Fluxos em fazendas leiteiras: entenda os diferentes sistemas. Sara Godoy, EducaPoint.