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Qual a relação da ordenha com o bem-estar da vaca leiteira?

POR FERNANDA ANTUNES

EDUCAPOINT

EM 15/02/2024

7 MIN DE LEITURA

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O momento da ordenha é tão importante quanto outros manejos da rotina da fazenda, até porque, é  durante esse manejo que se extrai o leite, o resultado de todo o investimento em nutrição, reprodução, sanidade, mão-de-obra e instalações.  

Vacas saudáveis produzem mais leite, isso é um fato indiscutível, mas para isso, todos os manejos diários devem garantir conforto e atender as exigências dos animais. Para um processo de ordenha tranquilo e agradável, é necessário ter na fazenda um equipamento de ordenha bem dimensionado e revisado, uma vez que as vacas entram em contato com o equipamento de ordenha de 2 a 3 vezes por dia, ou até mais, quando se trata de sistemas de ordenha robotizada. O momento de ordenha agradável resulta na ativação do hormônio ocitocina na vaca, o qual é responsável pela liberação do leite.  

O que é ordenhabilidade?  

Ordenhabilidade é a extração de todo o leite disponível no úbere, no menor tempo possível de forma uniforme e agradável para as vacas. E para atendermos o conceito de ordenhabilidade dentro da sala de ordenha, precisamos entender como o leite é liberado pela vaca. É similar a um índice zootécnico, onde podemos avaliar a eficiência da ordenha. 

Cerca de 15 a 20% do leite é cisternal, ou seja, está na cisterna do úbere e quando o conjunto for inserido na vaca, esse leite estará prontamente disponível para liberação. Outros 70 a 80% do leite é alveolar, e é exatamente para a extração desse leite que precisamos estimular corretamente as vacas para que a  liberação ocorra no momento correto. Vale lembrar ainda que 5 a 10% é leite residual e vai permanecer no úbere após a finalização da ordenha.  

Imagem 1. Armazenamento do leite no úbere. 

Armazenamento do leite no úbere.

Para iniciar a extração com as vacas bem estimuladas para a liberação do leite no tempo certo, alguns fatores que envolvem o equipamento e as práticas adotadas no pré e durante a ordenha devem ser consideradas: 

Vacas calmas e bem estimuladas para a ordenha 

Para garantir que as vacas cheguem calmas até na sala de ordenha, dois fatores importantes devem ganhar atenção especial, sendo um deles, a mão de obra. Esse fator não envolve um investimento alto em tecnologias especificamente, mas sim, pessoas treinadas e capacitadas para realizar o manejo das vacas nesse momento. O outro fator é o ambiente, que envolve o local para deslocamento dos animais, a sala de espera e a sala de ordenha.  

  • Mão-de-obra para o manejo: 

O estímulo da vaca inicia na preparação dos animais antes da ordenha, até o momento da extração do leite. Ou seja, o cuidado no manejo deve iniciar desde o deslocamento dos animais para a sala de espera, que deve ser realizado de maneira calma, tranquila e na velocidade das vacas, de modo que não provoque nenhum tipo de estresse aos animais. 

  • Ambiente:  

Na sala de espera, o local deve ser agradável durante toda a permanência dos animais - lembrando que os últimos animais a serem ordenhados ficarão mais tempo aguardando nessa área. A sala de espera deve fornecer sombra, ter água à disposição, não promover a grande aglomeração dos animais e, se necessário, disponibilizar aspersão nas vacas para amenizar o estresse térmico. Não menos importante, é a sala de ordenha, que deve ser bem dimensionada para garantir um ambiente confortável para os animais. 

Até agora falamos dos aspectos do momento pré ordenha, que juntos, quando bem atendidos, resultam na estimulação adequada das vacas para o momento da liberação do leite do úbere na sala de ordenha.

 

E durante a extração do leite, como a máquina de ordenha interfere no bem-estar da vaca leiteira? 

Uma máquina de ordenha não regulada ou regulada de maneira inadequada pode causar incômodo aos animais no momento da extração do leite. E é claro que tudo isso vira um grande problema dentro da sala de ordenha, pois o animal vai ficar agitado, se movimentar mais causando estresse nas outras vacas que estão ao lado.  

As vacas criam memórias para experiências ruins e caso o momento da ordenha seja uma dessas experiências, ela pode relutar e não querer entrar na sala de ordenha. Isso gera grandes movimentações na sala de espera quando é necessário direcionar esse animal até a sala de ordenha, além de tornar o processo muito mais demorado quando comparado com a entrada espontânea do animal para a ordenha.  

Na imagem abaixo, é possível observar claramente os animais do lado oposto da entrada para a sala de ordenha, o que pode ser um grande indicativo de que a experiencia na sala de ordenha não está sendo positiva e agradável para as vacas. 

Imagem 2. Vacas na sala de espera. 

Vacas na sala de espera

Fonte: Ciro Siqueira.

Ordenha revisada 

Deve-se garantir a revisão estática, que envolve a capacidade de bomba, resposta do regulador, pulsação, vácuo e entre outros parâmetros, mas como também a revisão dinâmica que consiste em revisar o equipamento junto com as vacas, em busca de ter a melhor adaptação da máquina de ordenha com a biologia dos animais. As duas revisões, que devem ocorrer a cada 6 meses, quando realizadas adequadamente, evitam que o equipamento de ordenha provoque desconforto durante o processo de extração.

 

O que acontece na quando os conceitos de ordenhabilidade não são aplicados?  

A falta de ordenhabilidade gera uma sobre-ordenha inicial, que consiste no momento que o leite da cisterna já foi extraído, mas o leite dos alvéolos ainda não foi liberado, provocando desconforto na vaca e em decorrência disso, a produção de adrenalina, hormônio antagônico da ocitocina.

Ainda, a falta de ordenhabilidade provoca um aumento no tempo de ordenha e consequente maior tempo na sala de espera, maior risco de contaminação por bactérias causadoras de mastite e consequente aumento de novas infecções, aumento de casos de hiperqueratose, as vacas ficam mais inquietas e consequentemente, há maior frequência de conjuntos de ordenha caindo no chão

 

Quais são as causas de desconforto na vaca durante a ordenha? 

Regulagem do vácuo: a partir do momento que o vácuo passa de 42 kpa na ponta do teto, a vaca já sente desconforto. Ainda, numa condição de kpa inferior a 32, o risco de refluxo do leite é muito alto. O refluxo nada mais é que o retorno do leite em direção ao teto da vaca, podendo retornar numa velocidade muito alta, provocando desconforto ao animal.

Durante a revisão dinâmica, busca-se uma média de vácuo de 36 a 37 kpa no coletor da teteira. Ainda, o vácuo acima de 17 kpa na extremidade da teteira pode provocar o anelamento do teto, o que também é um grande causador de desconforto na vaca durante a ordenha.  

Imagem 3. Anelamento de teto em vaca leiteira. 

Anelamento de teto em vaca leiteira.

Fonte: Ciro Siqueira. 

Todas essas condições geram uma situação de estresse ao animal, fazendo com que a vaca produza adrenalina, situação essa totalmente prejudicial para a liberação do leite.  

Hiperqueratose: a principal causa de hiperqueratose é tempo de ordenha prolongado. Cada vez que o animal fica mais tempo do que o desejado na ordenha para o processo de extração, aumenta-se o risco de hiperqueratose, que nada mais que o crescimento exagerado de queratina na ponta dos tetos.

Por isso, torna-se tão importante o tempo de preparo e estímulo dos animais, além de ter a ordenha revisada para evitar ao máximo esse tipo de lesão no teto.  

Abaixo, é possível observar os escores de teto com hiperqueratose. Recomenda-se que pelo menos 80% das vacas estejam no escore 1 e 2, 15 % no escore 3 e menos de 5% no escore 4. Vale lembrar que a hiperqueratose não é apenas um problema que afeta o bem-estar das vacas em lactação, como também é um fator de predisposição de contaminação da glândula mamária, já que fica muito mais difícil fazer a limpeza de um teto com escore 4.  

Hiperqueratose em teto de vaca leiteira.

O conceito de ordenhabilidade deve ser aplicado a partir do momento que as vacas iniciam seu deslocamento para a sala de espera para que as vacas estejam bem estimuladas e produzindo ocitocina no tempo certo.

É aplicando esse conceito na prática que vamos ver cada vez com mais frequência animais ruminando na sala de espera e na sala de ordenha, como no vídeo abaixo, onde é possível observar claramente os animais calmos durante o processo.

Esse cenário tem se tornado cada vez mais frequente nas fazendas leiteiras, refletindo o comprometimento crescente dos envolvidos na atividade, tanto produtores quanto funcionários, em adotar práticas e manejos voltados para o bem-estar animal.  

A conscientização sobre os potenciais efeitos negativos do estresse nas vacas no momento da ordenha impulsiona essa mudança, uma vez que é reconhecido que animais sob estresse podem apresentar queda na imunidade, resultando em um aumento na incidência de doenças e enfermidades, elevação dos custos da atividade, acarretando prejuízos financeiros para os produtores. 

E essa rotina tão importante que acontece na fazenda em geral de 2 a 3 vezes por dia, quando realizada corretamente, colabora para a maior saúde da vaca, maior longevidade do rebanho, trazendo retorno econômico e tornando a produção leiteira mais sustentável.  

 

Fonte consultada: Bem-estar de vacas leiteiras e ordenhabilidade. Ciro Siqueira, EducaPoint. 

FERNANDA ANTUNES

Engenheira Agrônoma pela Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC/CAV.

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