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Banco de colostro: ferramenta para a saúde das bezerras

POR LUCIANE MARIA LASKOSKI

E MÁRCIA HELENA MARTINS DE ALBUQUERQUE

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 06/12/2020

6 MIN DE LEITURA

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Atualizado em 17/12/2020

Manter um banco de colostro nas propriedades leiteiras é uma excelente estratégia para garantir que as bezerras recém-nascidas recebam a quantidade necessária de colostro de qualidade, permitindo que possuam imunidade neonatal até o amadurecimento de seu sistema imune.

Um dos grandes entraves enfrentados na bovinocultura de leite é a sanidade do rebanho, considerando especialmente os animais mais jovens, as bezerras recém-nascidas. Estes animais são imunologicamente deprimidos quando comparados aos animais adultos, e ainda, contam com uma ampla gama de agentes microbianos, aos quais não apresentam resistência alguma, e, para agravar o quadro, normalmente são separadas das mães ao nascimento.

Assim, muitas vezes os animais adoecem e morrem. A mortalidade nas primeiras horas de vida chega a 5-10% e essa porcentagem pode ser reduzida com o oferecimento adequado de colostro, primeiro leite produzido pela vaca após o parto. O colostro é um leite rico em imunoglobulinas, constituindo a primeira imunidade neonatal, uma vez que a barreira placentária bovina não permite a transferência de anticorpos da mãe para o feto durante a gestação.

A imunidade gerada pela ingestão do colostro garante proteção ao animal até que ele próprio produza suas células de defesa, quando seu organismo estiver maduro imunologicamente, o que deve acontecer após 4 a 6 semanas de vida. Porém, não é importante apenas para o fornecimento de anticorpos, mas também de nutrientes, hormônios e fatores de crescimento.

Para que estes anticorpos possam ser absorvidos, há necessidade de que o mesmo seja oferecido nas primeiras horas de vida. Neste período, ainda não há atividade gástrica, permitindo que os anticorpos não sejam digeridos antes de alcançar o intestino delgado, onde serão absorvidos de maneira intacta. Da mesma forma, em até seis horas após o parto, o intestino tem capacidade máxima de absorção de anticorpos, pois são substâncias de alto peso molecular, necessitando da absorção diferenciada que ocorre pelas microvilosidades intestinais neste momento, sendo que este poder de absorção vai decrescendo até tornar-se nulo em 24 horas, quando o fornecimento torna-se completamente ineficaz para a proteção do animal.

Como alguns bezerros podem ter dificuldade para se levantar e, por isso, demorar a ter acesso ao colostro materno, e também para conseguir mensurar a quantidade ingerida pelo bezerro, recomenda-se sempre ofertar diretamente ao bezerro, garantindo assim o máximo aproveitamento do mesmo. Caso o animal não consiga fazer a ingestão do produto, deve-se optar pela passagem de sonda esofágica para administrar, sempre com cuidado e sob orientação veterinária.

O volume de a ser ofertado varia de acordo com a sua qualidade, pois a quantidade de anticorpos existentes no leite apresenta diferenças entre as raças bovinas, idade da vaca e oferta nutricional. Vacas mais velhas produzem colostro de melhor qualidade, assim como vacas que consumam alimentos de boa qualidade nutricional.

Espera-se que no mínimo 2 litros sejam ingeridos nas primeiras 6 horas, sendo que alguns autores recomendam 4 litros logo após o nascimento e completar até o volume equivalente a 10-15% do peso do bezerro nas primeiras 24 horas, de preferência ofertando com intervalos de 4 horas.

*As informações sobre adequada colostragem foram atualizadas, veja aqui > Colostragem: você já readequou o seu manejo?


Existem situações especiais nas quais o fornecimento deve ser realizado com o auxílio humano. Há vacas que não conseguem produzir colostro, principalmente devido à baixa oferta nutricional em determinadas épocas do ano, além de casos de morte das mesmas ao parto; ainda, vacas doentes que podem transmitir patógenos ao bezerro através do colostro.

Deve-se considerar também aqueles casos em que a vaca iniciou a produção do colostro muito tempo antes do parto, o que não é tão comum, mas que pode acontecer. Caso isso tenha ocorrido, possivelmente no momento do parto o colostro possuirá uma pequena quantidade de anticorpos, tendo qualidade imunológica baixa. A fim de garantir, portanto, um bom colostro para os bezerros, é aconselhável manter na propriedade um banco de colostro.

 

Montando um banco de colostro

O ideal é que toda vaca sadia recém parida seja ordenhada e o seu colostro seja avaliado com um colostrômetro, equipamento que mede a qualidade do colostro relacionando-o com a quantidade de anticorpos presentes, os quais apresentam peso molecular evidenciado por densidade superior no colostro. As densidades, então, são demonstradas em intervalos de colorações diferentes, sendo a menor densidade vermelha, intermediária amarela e a superior verde.

O colostro que se apresente vermelho ao teste tem qualidade ruim (até 20mg/ml de IgG), amarelo é para uma qualidade intermediária (21 a 50mg/ml de IgG) e verde é um colostro de alta qualidade (maior que 51mg/ml de IgG). O lactodensímetro também pode ser utilizado para medir a densidade do leite. Neste caso, um colostro com densidade acima de 1,056 seria considerado ideal para a quantidade de imunoglobulinas.




Fonte: Silper e Coelho, 2008



Se o colostro for de qualidade intermediária ou alta, recomenda-se o armazenamento do mesmo, sempre com atenção especial à limpeza dos recipientes. O ideal é armazenar apenas o colostro do primeiro dia após o parto, o qual possui qualidade superior de anticorpos quando comparado aos demais dias. Não se pode misturar colostro de diferentes vacas! A manutenção pode ser realizada na geladeira (4ºC) por até 7 dias ou congelado no freezer à temperatura de -15ºC ou -20ºC por até 1 ano. Pode-se congelar porções individuais de 1 ou 2 litros devidamente identificados com a data de congelamento, evitando assim o desperdício.

 

Fornecimento de colostro congelado

Uma das etapas mais importantes do fornecimento de colostro congelado é a preparação do mesmo para administrar ao animal, pois nesse momento pode haver a completa destruição das propriedades imunológicas. O descongelamento do colostro deve iniciar sempre do frasco mais antigo ainda dentro da validade e deve ser feito em banho-maria com água a 45-50ºC, não devendo ultrapassar esta temperatura de 50ºC para evitar perda dos anticorpos por desnaturação térmica.

O fornecimento ao bezerro pode ser realizado por mamadeira ou sondas esofágicas. Deve-se ressaltar que o colostro deve ser fornecido integral, sem diluições, para garantir uma transferência de imunidade adequada. A diluição do produto só pode ser realizada quando houver um excedente de colostro produzido, e este excesso aproveitado para a alimentação artificial de bezerras de idade maior.

Uma bezerra que não tenha recebido uma colostragem correta, e no tempo certo, tem poucas chances de sobreviver frente a diversos microorganismos presentes no ambiente. Assim, as pneumonias, diarréias e infecções de umbigo, que costumam acometer os bezerros, são potencialmente mais letais para estes animais imunologicamente comprometidos. Para eles, não adianta fornecer o colostro tardiamente, restando apenas a reposição das células de defesa pela transfusão de sangue de outro animal.

No entanto, o procedimento tem um custo mais elevado, e necessita de mão de obra capacitada para a coleta de sangue e posterior administração ao animal, sendo realizada sob orientação de um médico veterinário. Desta forma, a manutenção de um banco de colostro na propriedade, com o devido treinamento dos funcionários para administração do produto no tempo de seis horas após o parto, é a alternativa mais barata e de fácil execução para garantir a saúde de bezerras, futuras repositoras do plantel leiteiro.

Referências:

SILPER, B.F.; COELHO, S.G. Colostro - quanto fornecer aos seus bezerros? 2008.

SILVA, R. W. S. M. Importância do Correto Fornecimento de Colostro na Sobrevivência dos Terneiros Leiteiros. 2002.

SANTOS, G. T. Imunidade Passiva Colostral em Bovinos.

MÁRCIA HELENA MARTINS DE ALBUQUERQUE

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MAURICIO VARGAS

ALEGRETE - RIO GRANDE DO SUL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 20/08/2020

Boa tarde,
por que não se deve misturar o colostro de diferentes vacas? O texto não explica esse ponto.
VINICIUS ARAUJO DE MORAIS

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 11/12/2018

temos que lembrar que a glândula mamaria ela tem três períodos distintos porem que um e dependente do outro que e a lactogênises que e o período de produção involução ativa que o anima deixa de ser lactante para não ser lactentes e a colostrogenese que acontece semanas antes do parto quando o epitélio alveolar da vaca começa a fazer a seletividade pela IgGs que são imunoglobulinas que são direcionada ate a glândula mamaria para a produção do colostro, isso não pode acontecer com seu animal, assim podendo estar prenho e vc não detectou, ou alguma infecção que vc pode esta confundindo com colostro, o que pode ser feito e mandar amostra para laboratório para realiza a investigação
EDPAULA

GARANHUNS - PERNAMBUCO - ESTUDANTE

EM 17/07/2016

Qual a temperatura ideal do colostro que deve ser fornecido aos bezerros?
LUIZ GUSTAVO COSTA APOLINÁRIO

PATROCÍNIO - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 04/04/2014

Boa noite!

Na propriedade que assisto, tem uma vaca parida a 4 meses, não gestante que começou a produzir colostro. Porquê isto está acontecendo? Como devo proceder?
YURI

CAMPINAS - SÃO PAULO - ESTUDANTE

EM 06/08/2012

Onde posso encontrar banco de colostro em SP?att
JOÃO VICENTE ZAMBRANO OLIVEIRA

BAGÉ - RIO GRANDE DO SUL - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 20/11/2011

Dra Luciane e Dra Márcia, parabéns pela matéria!!


O banco de colostro é de extrema importância na criação de gado leiteiro, vendo que além de assegurar a vida das terneiras, assim como a silagem de colostro, e ums dos fatores que mais ajudam o próprio produtor a economizar, fazendo com que ofereça a mistura de leite x colostro, agua x colostro, em vez de direcionar parte de sua produção para a alimentação de terneiros.
Mais uma vez parabenizo vocês pela matéria!
Att, João Vicente.
PERCI JANZEN

CURITIBA - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 06/07/2011

Dras Luciane e Márcia.
Boa noite.
O colostro pode ser descongelado em Microondas?
Qual a temperatura ideal de fornecimento?
Obrigado.
LUCIANE MARIA LASKOSKI

CUIABÁ - MATO GROSSO - PESQUISA/ENSINO

EM 21/03/2011

Prezado Daniel,

Obrigada pela participação.

A mistura do colostro de diferentes vacas não aumentará a qualidade imunológica, pelo contrário, poderá reduzi-la, uma vez que corremos o risco de adicionar um colostro de uma vaca doente. Há diversas doenças que ocorrem de forma subclínica, como leucose, tuberculose, brucelose, dentre outras. Utilizando o colostro individualmente, temos um risco sanitário menor.

E quanto a qualidade imunológica, a mesma pode ser estimada pelos métodos citados no trabalho. Para um correto banco de colostro, o ideal seria apenas armazenar o colostro de vacas que tiveram altos índices, demonstrados por estes testes, de maneira individual e devidamente identificados.

Atenciosamente,

Luciane Laskoski.
DANIEL SOMENSI

LAGES - SANTA CATARINA - INSTITUIÇÕES GOVERNAMENTAIS

EM 14/03/2011

Primeiramente parabéns pelo artigo.

Gostaria de tirar uma dúvida sobre a mistura de colostro de diferentes vacas. Por que não é recomendada, já que com isso se poderia aumentar a qualidade imunológica do colostro?
LUCIANE MARIA LASKOSKI

CUIABÁ - MATO GROSSO - PESQUISA/ENSINO

EM 02/02/2011

Prezado Osmar,

Recomendo a leitura de um artigo postado aqui no Milk Point, da professora Carla Maris, sobre a silagem de colostro, que é o produto obtido pela fermentação do colostro. Você pode acessar diretamente neste link

https://www.milkpoint.com.br/ja-ouviu-falar-em-silagem-de-colostro_noticia_42258_61_162_.aspx

Atenciosamente,

Luciane Laskoski
LUCIANE MARIA LASKOSKI

CUIABÁ - MATO GROSSO - PESQUISA/ENSINO

EM 02/02/2011

Prezado Volnei,

Obrigada pelos comentários.

A respeito da sua dúvida, o colostro, diferente do leite normal, possui uma acidez aumentada, o que o torna facilmente deteriorável. Ele coagula em altas temperaturas, ou seja, não pode ser pasteurizado e manter a mesma forma como o leite comum, e pode ser detectado na prova do álcool-alizarol.

Atenciosamente,

Luciane Laskoski.
LUCIANE MARIA LASKOSKI

CUIABÁ - MATO GROSSO - PESQUISA/ENSINO

EM 02/02/2011

Prezado Adauto,

Obrigada pelos comentários sobre o artigo.

Atenciosamente,

Luciane Laskoski
OSMAR U. CARVALHO

TEÓFILO OTONI - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 20/01/2011

Luciane,

Poderia transmitir para nós proprietarios rurais o valor do aproveitamento

do colostro, como estão fazendo, no R.Grande do sul, usando garrafa Pet e usar depois de 21 dias , sem ir a geladeira ou frise.
Este trabalho foi pesquisado por uma tenica rural.

Obrigado

Osmar
VOLNEI LUIS WEBER

SAUDADES - SANTA CATARINA - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 17/01/2011

olá luciane, parabenizo você pelo otimo trabalho sendo que este é um assunto de suma importancia pelo fato de que futuramente esta quem estara produzindo leite e trazendo lucro para apropriedade, tambem de importancia seu artigo quando relacionado ao seu crescimento pois com este manejo o animal temmaiores dificuldades de adoeçer assim diminuindo o risco de quebra do seu ganho de peso, porém quando discutido seu artigo ficamos com algumas duvidas quanto ao mesmo, por ex: este leite se pasteurizado poderia por exemplo uma criaça beber para aumentar sua imunidade, ou até mesmo se for por algum acaso este colostro para o tambo, deque forma na laticinios poderiam detectar a presença deste, já que a quantidade é muitas vezes pouca, e quais as suas complicações quando positivo?

agradeço desde já.
até uma proxima.
VOLNEI LUIS WEBER

SAUDADES - SANTA CATARINA - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 17/01/2011

olá luciane, seu artigo demonstra muito bem do cuidado com o recém-nascido este mesmode suma importacia, pelo fato de futuramente este ser o animal que produzira leite, bem sabe-se que com este manejo os animais poderão manter um pico de crescimento constante, sem terem quebrar pois assim diminuirá as chances deterem pneumonia e diarréia as quais são principais enfermidades que acomete bezerras em nossa região. Mas surgiram algumas duvida quando comentado o seu artigo como: se este colostro por acaso ir para o tambo, de que forma em uma laticinios poderia detectar a presença do mesmo ja que a concentração deverá ser pouca? e o colostro se pasteurizado poderia ser administrado tambem para crianças?
ADAUTO

CUIABÁ - MATO GROSSO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 16/12/2010

Prezada Luciane,

Parabéns pelo ótimo artigo, pois ele trata em detalhes e dá informações importantes sobre esta fase inicial e crucial na vida dos animais leiteiros.

Tenho um pequeno rebanho jersey e procuro dar atenção a colostragem. Sobre a temperatura de descongelamento do banho maria, por exemplo, não havia ainda me atentado. Já devo ter prejudicado a qualidade de um ou de outro durante o descongelamento. Por sorte, tenho apenas alguns casos isolados em que necessito recorrer ao colostro congelado.

Também, importante a relação entre quantidade de colostro e peso animal, pois por exemplo, não é raro,nascerem animais com menos de 20 kg em minha propriedade. Assim sendo, 3 lts de colostro nas primeiras 24 hs já seriam suficientes para lhes garantir uma imunização eficiente.

Difícil é quando o animal pare sem acompanhamento, na maioria das vezes durante a noite, então quando o bezerro(a) refuga o colostro deduzse-se que ele já mamou. Normalmente se vê como está seu vazio, por isso é importante saber que a absorção existe até 24 hs após o nascimento.

att





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