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Staphylococcus aureus em produtos lácteos: a ameaça invisível que você precisa conhecer

INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 22/08/2023

4 MIN DE LEITURA

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Você já parou para pensar sobre a qualidade e segurança dos produtos lácteos que consomem diariamente? Talvez você se preocupe com a rotulagem, prazos de validade, a procedência do leite ou a higiene da fábrica. No entanto, há um perigo invisível que pode estar presente nesses alimentos e que merece nossa atenção: os Staphylococcus aureus (S. aureus).

S. aureus é uma bactéria patogênica oportunista de origem alimentar bem conhecido que tem recebido muita atenção de cientistas e médicos preocupados com as ameaças à saúde animal e humana e à segurança dos alimentos (Guo et al., 2023). Trata-se de bactérias esféricas que podem colonizar tanto humanos quanto animais, sendo mais comumente encontradas em aberturas do corpo e superfícies da pele, como narinas axilas e áreas das virilhas (Forsythe, 2013). É importante destacar que essas bactérias são comuns e, na maioria dos casos, inofensivas.

No entanto, quando encontram condições favoráveis podem se multiplicar e produzir substâncias químicas perigosas, como as enterotoxinas, exotoxinas e enzimas, que podem causar desde infecções cutâneas superficiais até doenças mais graves, como pneumonia, infecções do trato urinário, osteomielite (infecção óssea) e endocardite (infecção da camada interna do coração) (Gordon et al., 2021). Além disso, S. aureus pode se aproveitar de situações em que o sistema imunológico está enfraquecido ou em áreas do corpo onde a pele está lesionada, facilitando sua entrada e disseminação pelo organismo (Guo et al., 2023).

A intoxicação por S. aureus, chamada de gastroenterite estafilocócica, pode resultar em distúrbios intestinais, com sintomas como náuseas, vômitos, diarreia, dor abdominal e cólicas ocorrendo de 1 a 6 horas após a ingestão de alimentos contaminados com S. aureus (Forsythe, 2013).

Os produtos lácteos englobam uma variedade de alimentos que têm o leite como principal componente em sua composição. Dentre eles, destacam-se o leite fluído pasteurizado ou esterilizado, leite desnatado, manteiga, creme de leite, queijos, ricota, requeijão, iogurte, doces e bebidas lácteas (Karageorgiadis, 2019; Zanela et al., 2021). No entanto, é importante estar ciente de que esses produtos podem representar uma fonte potencial de contaminação por S. aureus.

Existem duas fontes principais de contaminação alimentar por S. aureus: as fossas nasais, mãos e braços de manipuladores de alimentos. Além disso, é bem conhecida a ocorrência de mastite estafilocócica em rebanhos leiteiros, e há um risco significativo de gastrenterite estafilocócica se o leite infectado proveniente dessas vacas for consumido ou utilizado na fabricação de produtos lácteos (Figura1) (Forsythe, 2013; Zanela et al., 2021).

Figura 1 – Possíveis rotas de contaminação do Staphylococcus aureus

Rota de contaminação
Fonte: Autoria própria (2023)

Para os produtores, é essencial implementar boas práticas agropecuárias e de higiene. Isso envolve garantir a limpeza adequada das instalações, equipamentos e utensílios utilizados na produção, além de treinar e conscientizar os manipuladores de alimentos sobre a importância da higiene pessoal e adoção de medidas preventivas (Coelho; Andrade; Moura, 2021).

Para os consumidores de produtos lácteos, é importante estar ciente dos potenciais riscos associados ao S. aureus e tomar medidas preventivas para garantir a segurança dos alimentos que consomem. Como por exemplo, boas práticas de higiene durante o preparo dos alimentos, acondicionamento corretamente os produtos lácteos em temperaturas adequadas, geralmente refrigeradas, para evitar o crescimento da bactéria. Verificar sempre a data de validade e armazenar os produtos de acordo com as instruções do fabricante.

Alimentos como queijos, iogurtes e sobremesas lácteas já prontos para consumo podem ser contaminados após o processamento. Se o produto parecer estranho ou tiver um odor desagradável, não consuma e descarte-o imediatamente (Zanela et al., 2021).

Além disso, é recomendável realizar análises microbiológicas regulares para monitorar a presença e a contagem de bactérias, como o S. aureus, ao longo do processo produtivo. Essas análises são conduzidas em laboratórios especializados seguindo normas e regulamentos específicos de segurança alimentar (Silva et al., 2021). Os resultados das análises microbiológicas permitem que os produtores de alimentos monitorem a qualidade e segurança de seus produtos, identificando potenciais problemas e tomando medidas corretivas, caso necessário.

Por fim, é importante destacar a importância da educação e informação aos consumidores sobre os riscos associados à contaminação dessa ameaça invisível e as medidas que podem ser adotadas para garantir a segurança dos produtos lácteos.

 

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Autores:

Joselene C. Nunes Nascimento - Laboratório de Inspeção e Tecnologia de Leites e Derivados (LaITLácteos), Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade Federal da Bahia

José Givalnildo Silva - Laboratório de Inspeção e Tecnologia de Leites e Derivados (LaITLácteos), Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade Federal da Bahia

Marion Pereira da Costa - Laboratório de Inspeção e Tecnologia de Leites e Derivados (LaITLácteos), Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade Federal da Bahia

 

Referências

COELHO, R.H.; ANDRADE, V.O.A.; MOURA, G.S. Food contamination and its predisposing factors: an integrative review. Brazilian Journal of Health Review, v.4, n.3, p. 10071-10087, 2021.

COSTA, C.M.F.C.G. Resistência aos antibióticos em Staphylococcus aureus: uma revisão. Dissertação de Mestrado Integrado em Medicina. Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra. Coimbra – Portugal, 2018.

FORSYTHE, J. S. Microbiologia e Segurança dos Alimentos. 2ª edição. Artmed. 2013.

GORDON, Y. C.; CHEUNG, G. Y. C.; BAE, J. S.; OTTO, M. Pathogenicity and virulence of Staphylococcus aureus. Virulence. v.12, n. 1, 2021.

GUO, Y. et al. A food poisoning caused by ST7 Staphylococcal aureus harboring sea gene in Hainan province, China. Frontiers in Microbiology, v. 14, p. 1110720, 2023.

SILVA, N.et al. Manual de métodos de análise microbiológica de alimentos e água. Editora Blucher, 6. ed., 2021. 90p.

KARAGEORGIADIS, E. V. Fases, contextos e interesses do Programa Leve Leite à luz do Direito Humano à Alimentação Adequada e da Segurança Alimentar e Nutricional. Dissertação de Mestrado em Ciências. 2019, 317 f. Pós-Graduação em Saúde Pública da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo. São Paulo, 2019.

ZANELA, M. B. et al.  Programa Leite Seguro: Segurança, Qualidade e Integridade de Leite e Produtos Lácteos Sul-Brasileiros para Alimentação Saudável e Proteção ao Consumidor. Embrapa Clima Temperado Pelotas – RS, 2021.

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