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Agrofalácia sobre agricultura e agricultores

POR MARCOS SAWAYA JANK

ESPAÇO ABERTO

EM 06/02/2017

2 MIN DE LEITURA

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Por Marcos Sawaya Jank, especialista em questões globais do agronegócio, para a Folha de São Paulo (edição de 04/02/17).

Falsas dicotomias prosperaram no Brasil dividido dos últimos anos. Professores do ensino médio chegam a dividir as classes, com metade dos alunos argumentando a favor do "agronegócio" e a outra metade a favor da "agricultura familiar". Esse mesmo anacronismo é visto na mídia e na política.

No segundo texto da série "agrofalácias", quero tratar da taxonomia de agriculturas e agricultores que proliferou no país sem nenhum rigor analítico: agronegócio versus agricultores familiares, grandes versus pequenos produtores.

No artigo anterior, procurei mostrar que agronegócio é apenas uma delimitação do conjunto de cadeias de valor formadas a partir de produtos agropecuários: indústrias de máquinas e insumos, agricultores de todos os tipos e tamanhos, agroindústrias processadoras, distribuidores, varejistas etc.

Nesse contexto, tamanho físico não é documento para participar ou não do agronegócio. Pequenos produtores integrados às indústrias de frangos e suínos são parte do agronegócio, assim como os que vendem hortaliças, flores, cachaça e queijos artesanais. Já os pequenos que vivem apenas para a subsistência ou as grandes propriedades que não geram excedentes comercializáveis não fazem parte do agronegócio.

Ocorre que 99% dos agricultores brasileiros têm gestão familiar. E o conceito básico para separar agriculturas e agricultores não deveria ser o tamanho da propriedade ou o número de pessoas que ela emprega, como na atual definição de "agricultura familiar". Deveria, sim, ser a rentabilidade e a capacidade de inserção de cada agricultor nas cadeias de valor do agronegócio.

Em outras palavras, o que interessa não é se o agricultor é grande ou pequeno, se emprega ou não, mas a sua capacidade de empreender, de gerar excedentes e lucros, de se inserir nos mercados.

No excelente livro "História do Brasil com Empreendedores", Jorge Caldeira mostra o papel do empreendedor no desenvolvimento do Brasil, com uma abordagem inovadora em relação à historiografia tradicional, pautada pelo latifúndio escravocrata exportador, da casa grande versus senzala, da metrópole versus colônia. Caldeira mostra que tivemos um mercado interno bem robusto no Brasil colonial, sustentado por uma grande quantidade de pequenos, médios e grandes empreendedores independentes, na maior parte do tempo lutando contra a ação deletéria do governo.

Na agricultura do século 20, acontece o mesmo: imigrantes viraram "colonos" no Sul e no Sudeste do país e mais tarde migraram para o Centro-Oeste em busca de escala para sobreviver. A pequena propriedade do colono no Sul vira a grande plantação de hoje no Centro-Oeste. O migrante italiano que veio colher café vai produzir cachaça em alambique próprio e depois constrói as grandes usinas sucroenergéticas de hoje.

Pode parecer chocante, mas a história recente da agricultura brasileira pouco tem a ver com as capitanias hereditárias e os velhos barões do açúcar e do café. Sua gênese reside na migração, na inovação tecnológica do último meio século, no empreendedorismo e na integração das cadeias produtivas.

São esses os fatores que construíram a revolução agrícola tropical brasileira. Os que fizeram parte dela cresceram e se tornaram globais. Os ineficientes já saíram ou vão sair do (agro)negócio, sejam eles grandes ou pequenos, barões ou agricultores de subsistência, latifundiários ou assentados. Foi o empreendedorismo que permitiu aos agricultores brasileiros sobreviver no mercado global, ainda que o Brasil nunca tenha reconhecido o seu papel histórico e social.

A história brasileira é contada pelo lado dos coronéis, dos governantes corruptos, dos escravos e dos índios. Raramente se fala dos italianos, dos japoneses, dos gaúchos e dos paranaenses que cresceram, desbravaram e se tornaram globais.

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JORGE PARDIM

ITAPETININGA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 24/05/2017

Parabéns pelo artigo!

O desafio é grande, mas temos que continuar produzindo sem desanimar!

Nosso setor também continua contribuido fortemente com o PIB nacional. 
DUARTE VILELA

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 13/02/2017

Muito boa argumentação. Em recente artigo que escrevo sobre "A evolução do leite no Brasil em cinco décadas" afirmo que dar continuidade a atividade leiteira no Brasil é um grande desafio para os produtores, independentemente se grande ou pequeno. Em 1996, comparativamente a 2006, o número de estabelecimentos que exploravam leite caiu de 1.810 mil para 1.350 mil, uma evasão de 460 mil produtores no período segundo o IBGE. No entanto, esta redução não tem sido linear e nem permeia de forma igual os vários estratos de produção nos diferentes anos avaliados. Segundo dados do Censo Agropecuário, houve uma redução do número de produtores de 25,9% no período de 1996 a 2006, e mais 20,1% de 2006 a 2014.  Apesar da inexistência de estatísticas atualizadas, se a taxa de evasão mantiver, em 2015 estima-se que o número de produtores tenha sido próximo a 830 mil. Contudo, a queda no número de produtores de leite não tem impactado negativamente na evolução da produção. Na realidade a produção tem crescido linearmente desde 1961 até os dias atuais (5,2 para 35 bilhões de litros), quando deu início a série histórica.
VAGNER ALVES GUIMARÃES

VOTUPORANGA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 08/02/2017

Brasil, com potencial ainda adormecido assusta o mundo, cometemos mais erros do que acertos, O mundo passa por mudanças e nós não fugiremos as regras estas transformações tecnológicas no campo revolucionara a agricultura,o grande,o médio e o pequeno produtor onde estão também os assentados, não há como impedir e haverá espaço para todos que queiram produzir com qualidade buscando sua sustentabilidade, em todos os seguimentos da sociedade,artigo de grande importância para o setor agrário, parabéns
ADIR FAVA

MURIAÉ - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 07/02/2017

Um artigo como este precisa estar na mídia, ir como noticia e documentário para TV nos horários nobres e formadores de opinião. Perceba que o Supremo Tribunal Federal se deixou influenciar por ativistas irresponsáveis fazendo o STF decidir em favor de índios preguiçosos em detrimento de empreendedores de Roraima que perderam injustamente suas terras altamente produtores e exportadoras de arroz e outros riquezas agrícolas que agora já não existem porque os índios nada produzem. O Brasil precisa conhecer a verdade. As ONGs e ativistas da esquerda não deveriam ter todo esse poder. Na inauguração das Olimpíadas no Rio de Janeiro colocaram em evidência os índios e outras culturas vindas para o Brasil como heróis nacionais e em nenhum momento citou a grandeza da contribuição dos italianos e alemães. Quem escreveu aquela história mostrou apenas o lado petista de ver as coisas, que foram mostradas para todo planeta como sendo a verdade da historia do Brasil. Foi chocante, mas ninguém falou nada acerca daquela coisa horrível que foi, pura vergonha. Então, vamos divulgar a verdade nos horários nobres deste nosso Brasil.
LENO HÚNGARO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 07/02/2017

Excelente essa série de artigos esclarecedores sobre o agronegócio. Já era passada a hora de acabar com essa dicotomia criada pelos governos petistas e fomentados por "sociólogos" e "ativistas" de araque, que não tem a mínima ideia do que seja e do quão importante é o agronegócio do ponto de vista econômico e social, para o nosso país e, quiçá, para o mundo. Congratulo-me com o autor.
EDGARD CAIELLI

PESQUISA/ENSINO

EM 07/02/2017

A análise do Marcos eh absolutamente correta.Fantasias políticas e versões distorcidas da realidade por quem não é do ramo ,apenas desorientam as novas gerações sobre a real história da pátria.
CLÓVIS ROSSETTO

IRATI - SANTA CATARINA - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 07/02/2017

ótimo artigo parabéns
ULISSES DE ARRUDA CÓRDOVA

LAGES - SANTA CATARINA - PESQUISA/ENSINO

EM 07/02/2017

O que realmente importa é que o agronegócio em seu conceito mais amplo, conforme descrito no artigo, é a grande alternativa para o desenvolvimento do Brasil - senão a única, pois com o salto tecnológico dos últimos anos seremos o principal produtor de alimentos do mundo. E não precisamos de muita ajuda do governo, a não ser no setor de infraestrutura (estradas, portos, ferrovias...) e em recursos para pesquisa e assistência técnica. O avanço do agronegócio no Brasil é irreversível e cada vez mais a economia brasileira vai depender do mesmo, apesar dos juros altíssimos e impostos vergonhosos.
HERLAN

SANTA CRUZ DE LA SIERRA - SANTA CRUZ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 07/02/2017

Es importante revisar la historia.....en ella encontraremos caminos y ejemplos interesantes por donde ir ....muchos sabios anonimos dejaron la vision y el camino.....a seguir....para dar de comer al mundo...
SERGIO BRAZ

MATEUS LEME - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 06/02/2017

Muito boa  sua analise, é muito importante que as pessoas, principalmente dos centros urbanos e os mais jovens, saibam, que o agronegócio não é o vilão da história, mais sim uma espécies de herói nacional, que carrega o pais nas costas, gerando emprego, riquezas e grandes oportunidades.

Muito importante refletir sobre quem realmente fez o agronegócio brasileiro ser o que é hoje. Com certeza não são os políticos, nem os MST,s da vida, foram as pessoas que dedicaram suas vidas, trabalhando, dia e noite, e que agora muitos são chamados e vistos como bandidos. Nosso pais esta realmente de cabeça pra baixo, mais não vamos desistir,,, vamos continuar fazendo nossa parte.... produzindo e gerando riquezas.... EU AMO O BRASIL RADICALMENTE......
JÚLIA D. LIMA DIAS

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 06/02/2017

Além dos imigrantes e migrantes, de todos os brasileiros com coragem pra empreender e desenvolver essa terra, dos agricultores e empresários rurais aos prestadores de serviços. Eles fazem a história silenciosamente.

Ótima matéria.

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