Volume de leite em pó importado de países vizinhos desequilibra mercado brasileiro

"O Brasil é o desaguadouro natural do excedente de leite produzido por países como Argentina e Uruguai". A observação foi feita pelo diretor de assuntos comerciais externos do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa), Benedito Rosa, na tarde da última sexta-feira (21), em reunião com produtores de leite goianos, na sede da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg). Benedito apresentou aos produtores os últimos números de leite em pó importado dos países vizinhos ao Brasil e como esse volume tem desequilibrado o mercado brasileiro.

Publicado por: MilkPoint

Publicado em: - 3 minutos de leitura

Ícone para ver comentários 15
Ícone para curtir artigo 1

"O Brasil é o desaguadouro natural do excedente de leite produzido por países como Argentina e Uruguai". A observação foi feita pelo diretor de assuntos comerciais externos do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa), Benedito Rosa, na tarde da última sexta-feira (21), em reunião com produtores de leite goianos, na sede da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg). Benedito apresentou aos produtores os últimos números de leite em pó importado dos países vizinhos ao Brasil e como esse volume tem desequilibrado o mercado brasileiro.

Nos nove primeiros meses desse ano, as importações cresceram 104,2%, passando de US$ 213 milhões em 2010 para US$ 435 milhões no mesmo período de 2011. Já a balança comercial apresentou saldo negativo de US$ 346,4 milhões, valor 261,5% maior que no mesmo período de 2010. O saldo da balança é o pior desde 2000. Para o presidente da Faeg, José Mário Schreiner, que coordenou a reunião com o representante do Mapa, o pior reflexo desse cenário é a falta de confiança dos produtores de leite em investir para ampliar produção.

O impasse sobre a importação de leite se arrasta desde abril deste ano, quando terminou o acordo comercial firmado entre Brasil e Argentina para importação do produto. Na penúltima semana, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e a Faeg enviaram missão à Argentina para firmar acordo de preços e cotas. A negociação não avançou em virtude da proposta não atender aos interesses dos produtores de leite brasileiros - os argentinos demandaram uma cota de 4,4 mil toneladas de leite em pó mês - a cota atual é de 3,3 mil toneladas. Tal medida também tem que ser tomada para queijos.

O Uruguai ampliou substancialmente as exportações de lácteos para o Brasil. A média mensal de importação de leite em pó em 2011 foi de 2,6 mil toneladas mais que o dobro das 1,2 mil toneladas/mês de 2010. Somente no mês de setembro foram importadas 4,5 mil toneladas. Do Chile, o Brasil importou nos nove primeiros meses deste ano 4,7 mil toneladas de leite em pó. Este volume é 51% maior que os 3,1 mil toneladas internalizados em todo ano de 2010. As exportações de leite em pó do Chile podem chegar a 10 mil toneladas este ano. Há a suspeita de triangulação de leite em pó proveniente da União Europeia e Nova Zelândia - regiões onde o Brasil tem medidas antidumping aplicadas.

Segundo o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), José Mário Schreiner, o setor propõe centralizar as Licenças de Importação em Brasília, hoje, elas são feitas nos estados. Outra medida, segundo Schreiner, é propor cotas para o Uruguai com base no acordado com os argentinos e manter as cotas vigentes para a Argentina. Para o Chile, a reivindicação é abrir sindicância para investigar as denuncias de importações de leite em pó provenientes de países com direito antidumping aplicado.

Em pleno período de entressafra, o preço ao produtor está em queda. Na primeira quinzena de outubro, as empresas aviltaram conjuntamente em R$ 0,09 por litro o preço do leite no mercado de leite resfriado comercializado entre as empresas. O valor médio passou de R$ 0,94 para R$ 0,85 por litro, redução de 9,6%. Queda não registrada na mesma proporção ao consumidor.

O que chama a atenção é a queda ocorrer em momento de inexistência de excesso de leite no mercado. As empresas importadoras estão puxando artificialmente o preço para baixo. Não obstante à diminuição na produção sinalizada pelo IBGE para o primeiro semestre, estudo realizado pela Faeg, aponta a redução de 9% na captação de leite de 22 cooperativas que operam no mercado de leite resfriado comercializado entre as empresas entre os meses de janeiro a agosto de 2011.

As informações são da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), adaptadas pela Equipe MilkPoint.
Ícone para ver comentários 15
Ícone para curtir artigo 1

Publicado por:

Foto MilkPoint

MilkPoint

O MilkPoint é maior portal sobre mercado lácteo do Brasil. Especialista em informações do agronegócio, cadeia leiteira, indústria de laticínios e outros.

Deixe sua opinião!

Foto do usuário

Todos os comentários são moderados pela equipe MilkPoint, e as opiniões aqui expressas são de responsabilidade exclusiva dos leitores. Contamos com sua colaboração.

Márcio F. Teixeira
MÁRCIO F. TEIXEIRA

ITAPURANGA - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 11/04/2012

A Faeg, assim como a CNA, não estão nem ae para os produtores de leite brasileiros. A vários anos acompanho as "promessas"  e o que escutamos é sempre a mesma história... o que aconteceu?? O Brasil se tornou  um grande importador de leite!!! Isso é um absurdo, e o pior ainda, é que somos obrigados a pagar, anualmente, essas entidades que nada fazem por nós produtores.

O MAPA também é a mesma coisa, uma vergonha!!!

Com certeza não estamos em um país sério.
RONALDO CARVALHO SANTOS
RONALDO CARVALHO SANTOS

CURITIBA - PARANÁ - MÍDIA ESPECIALIZADA/IMPRENSA

EM 07/11/2011

Concordo, é um problema que deve ser enfrentado (urgente).


Temos barreiras (não protecionistas) que podem ser utilizadas, já e sem grilos.


Os Regulatórios do MAPA/DIPOA/SIF, têm meios e métodos para tal.


Já falei sobre isso.


Gestão com o Sr. Diretor da SNAD, Dr. Jardim, pode cobrar aplicação das Barreiras.


Existem meios e métodos legais para diminuir número de empresas habilitadas ao comércio de Leite em Pó e Lácteos em Geral para o Brasil, sem que nossos exportadores possam recorrer à OMC nos acusando de uso de Barreiras Protecionistas.





                       Ronaldo Carvalho Santos - Médico Veterinário


                                       Assessoria Independente
José Maria Solis
JOSÉ MARIA SOLIS

SÃO JOSÉ DOS CAMPOS - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 03/11/2011

Parabens ao Guilherme Alves de Melo Franco (1º comentário) e aos outros produtores, que clamam a nossa realidade. O MAPA tem que agir mais profissionalmente em relação às importações, descontroladas, de leite. Nosso horizonte depende dos humores do Poder Constituido em relação aos nossos vizinhos, alem das realidades normais do próprio mercado. Nesse contexto, é difícil projetar o faturamento de leite de uma fazenda daqui a tres meses. Agora os custos fixos sim, sabemos. Que Deus nos ajude para não arrancarmos os cabelos na hora de pagá-los.
RONALDO CARVALHO SANTOS
RONALDO CARVALHO SANTOS

CURITIBA - PARANÁ - MÍDIA ESPECIALIZADA/IMPRENSA

EM 28/10/2011

Até certo ponto Edgard, é válida tua preocupação.


Entretanto a autoridade garante é o MAPA, através o DIPOA, atividade idelegável.


FUNCIONA ASSIM:


- Todos os países enviam missão veterinária para habilitar indústrias do exterior.


Mesmo procedimento se faz quando desejamos exportar, recebemos missões de fora.


Pós visita homologa-se ou não para exportar ou importar.


Então é expedida Circular cadastro, com os produtos a importar ou exportar.


Habilitada, a indústria apresenta rotulagem e memoriais dos produtos a exp/imp.


Analisado e achado conforme, se aprova a rotulagem e memoriais .


O comprador (importador) apresenta fatura próforma e solicita licença de .importação.


A licença de importação (LI),só pode ser anuida após consulta ao   DIPOA/Br.


Isto face a que O Órgão Central é que detém o banco de dados .


Mesmo assim ainda se burla e em tese pode dsr entrada no País produto clandestino.


Não é sugestão, a atividade, indelegável ,tem o poder central como autoridade garante


Na  sequencia. o produto chega no porto aeroporto ou fronteira.


O importador apresenta a LI anuida e, após liberação alfandegária é inspecionado.


Em estabelecimento com SIF, se retira  amostra do produto para análise.


Se achado dentro dos padrões é liberado ao consumo, com certificado do SIF.


Minha intervenção tem caráter de simples informação.








                          Ronaldo Carvalho Santos - Médico Veterinário


                                    Assessoria Sênior Independente
KELLI CRISTINA FERREIRA CUNHA
KELLI CRISTINA FERREIRA CUNHA

FORMIGA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 26/10/2011

Colegas,


      A sugestão de centralizar as licenças de importações em Brasília (?????)  No Ministério da Agricultura (?????).  


      Tenho minhas dúvidas quanto à eficácia disto, dado ao descrédito incessante a que temos assistido, vindo do Planalto Central.





      
Eduardo Amorim
EDUARDO AMORIM

PATOS DE MINAS - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 25/10/2011

Prezados colegas,



Se os orgãos governamentais não agirem rápido em defesa dos calejados produtores de leite do Brasil teremos sérios problemas no curto prazo, com desestimulo a produção e a atividade. Será que temos demanda que justifique os cada vez mais elevados volumes de leite em pó importados? Outro ponto, faz-se necessario a fiscalizacão não só da origem e qualidade do leite em pó importado, mas principalmente se o mesmo não está sendo reidratado para venda na forma de UHT ou leite fluido pasteurizado (barriga mole).
Sandro Costa Nunes
SANDRO COSTA NUNES

ITANHÉM - BAHIA - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 25/10/2011

É assim sempre. O Brasil não consegue produzir o que consome, ai o governo acha que ao invés de dar melhores condições ao Brasil para produzir, não, prefere ajudar os paises do mercosul como política da boa vizinhança. É uma piada de mal gosto e as decisões são tomadas sem respeitar os setores responsáveis da produção. Estou falando os setores que vivem no dia a dia da cadeia produtiva do leite.
pedro augusto junqueira ferraz
PEDRO AUGUSTO JUNQUEIRA FERRAZ

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 24/10/2011

Na qualidade de produtor de leite, entendo que respeitando os acordos do Mercosul,


o Governo do Brasil deveria exigir certificado de origem do leite em pó oriundo dos paise sul americanos.


Não podemos continuar assistindo, de braços cruzados, que plantas de secagem de


de  leite de paises vizinhos, exportem para o Brasil volumes superiores a sua capacidade instalada.


Faço um a apêlo a Confederação Nacional da Agricultura - CNA , que defenda esta tese junto as autoridades brasileiras.





Pedro Augusto Junqueira Ferraz


Fazenda Passa Tempo - Leopoldina MG
Darlani de Souza Porcaro
DARLANI DE SOUZA PORCARO

MURIAÉ - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 24/10/2011

Com carro  a  coisa funciona , o governo  protege a produção  nacional,de várias maneiras. Agora com leite, por não  termos  força  alguma e os   sindicatos  não  pressionam como  deveriam, tudo se  torna difícil , quem manda deve ser  alguns pilantras   ligados  ao governo que estão pouco ligando  para  a produção e para o  produtor nacional  de  leite, não  tem jeito  de  ganharmos dinheiro com o  produto.
Marcos Salazar de Paula
MARCOS SALAZAR DE PAULA

LIMA DUARTE - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 24/10/2011

Cartéis, triangulação nas importações, combate à inflação (ao índice) com supermercados e governo trabalhando só para segurar preço, profissionalismo para escanteio, fraudes... É o eterno imediatismo! Entra ano sai ano, entra governo sai governo, o leite segue sua sina na mão dos "espertos"!  

E ainda tem técnico querendo que produtor seja inteligente em sua gestão!? Se for inteligente de verdade, vai perceber que este não é um negócio sério!
RONALDO CARVALHO SANTOS
RONALDO CARVALHO SANTOS

CURITIBA - PARANÁ - MÍDIA ESPECIALIZADA/IMPRENSA

EM 24/10/2011

Meu caro  Benedito,


Muito se fala e pouco se faz para coibir a entrada maciça de produtos lacteos no País.


Tendo em vista acordos e livre mercado resta aplicar solução tecnica e legal.


Eis algumas medidas não protecionistas:


- Exame laboratorial antes de liberar importados, inclusive de fraudes.


Fiscalizar a origem de produtos importados, nas prateleiras rastreando documentos.


Usar nosso direito de inspecionar e reinspecionar plantas extrangeiras, êles usam.


Levantamento no DIPOA de quando foi a última visita á planta exportadora.
Fernando Melgaço
FERNANDO MELGAÇO

GOIÂNIA - GOIÁS - MÍDIA ESPECIALIZADA/IMPRENSA

EM 24/10/2011

Que essas importações prejudicam e muito o nosso mercado de leite resfriado, não tenho dúvidas. É preciso regulamentar urgentemente essas importações, pois do contrário, nossos produtores não têm como aguentar essa concorrência desleal.

No entanto, uma coisa me deixa intrigado: o que fazem aqui no Brasil com tanto leite em pó?

Gostaria de obter uma resposta das autoridades responsáveis pelo setor.

Atenciosamente,

Fernando Melgaço
Javier Berterreche
JAVIER BERTERRECHE

CATALONIA - PESQUISA/ENSINO

EM 24/10/2011

Acho pelo menos estranho esse conceito de "desaguadouro", e ainda mais tratando-se de um mercado comum como é o MERCOSUL. Entâo será que países como o Uruguai deviam ser "desaguadouros" das industria alimentares do Brasil, dos fabricantes de carros, dos textis, do açúcar, do álcohol e un comprido etc sem poder exportar seus productos competitivos âo vizinho????
Eliseu Nardino
ELISEU NARDINO

MARIPÁ - PARANÁ

EM 24/10/2011

POR QUE O GOEVERNO NAO TRANCA TODAS AS IMPORTAÇÕES DE LEITE VINDO DA ARGENTINA E DO URUGUAI E SO LIBERA APOS O ACORDO CONCRETIZADO
Guilherme Alves de Mello Franco
GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 24/10/2011

Prezados Senhores: O representante do MAPA descobriu o ovo de Colombo. Ninguém sabia disso!!! Ora, vamos trabalhar com seriedade. Nós, os produtores de leite, precisamos de ações e, não, de palavras inócuas. Enquanto o Governo não se preocupar em ajudar ao produtor brasileiro, ao invés de politicar com os "amigos" do Mercosul, seremos sempre os prejudicados na história. Urge a criação de dispositivos de proteção ao mercado interno, a exemplo de outros Países mais desenvolvidos, ou veremos, sempre, a cada dia, o fechamento de mais e mais fazendas e queda no volume de produção pátrio. Já estou cansado de dizer que tudo isso é um grande vexame, uma vergonha.





GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO


FAZENDA SESMARIA - OLARIA - MG
Qual a sua dúvida hoje?