GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO
JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE
EM 26/09/2011
Prezado Marcelo: Parabéns pela análise consciente do mercado de leite brasileiro. O ponto chave de toda esta celeuma está, de forma indene de dúvidas, pautado na falta de uma política externa eficiente que venha a limitar as exportações de lácteos da área do mercosul - que, via de regra, é triangulado, ou seja, advém de oferta de leite produzido em outros continentes, onde a qualidade sempre se coloca ao nível do desconhecido - e a incentivar ao produtor, que teima em aumentar sua produção sem ter a certeza de um futuro consumidor compatível com seus investimentos. Muitos temem a implantação de uma política interna de subsídios à produção, como se esta fosse a cruz a ser temida pelo diabo, o que demonstra total desconhecimento dos entraves e gargalos produtivos ou conivência com as fontes importadoras. Precisamos nos tornar competitivos e, com a elevação sempre constante dos custos, sem um socorro financeiro, jamais poderemos nos impor no mercado externo. Esta não é uma fórmula nova nem um animal jurácico de enormes proporções. Este sistema de amparo econômico ao produtor é utilizado, em larga escala, pelos Países grandes exportadores, como os Estados Unidos da América, o que possibilita maior tecnificação e maior volume de leite produzido, tendo, como consequência imediata, a ampliação da rentabilidade do negócio. Enquanto nossa tração é feita por animais de carga, como jumentos e burros, e nossa plantação de milho é executada por bois e cavalos no arado, lá eles se utilizam de tratores, colheitadeiras, ensiladeiras e outras benesses mecânicas. O resultado é custo menor, lucro maior. Aqui, os que podemos, mantemos nossos parques tecnológicos em ampliação, mas, a realidade é bem menos alviçareira na maior parte das propriedades. O financiamento oficial ou particular da produção é efetivado, apenas e tão somente, para os que dele não necessitam, ou seja, para os que podem destinar garantias bancárias para o pagamento dos empréstimos. O pequeno proprietário não reúne saúde financeira ou patrimonial suficiente para angariar sustento fianceiro aos seus planos de expansão e sua tendência é o desaparecimento do mercado, embora saibamos que é ele que o movimenta (a maior parte do leite brasileiro vem, de propriedades pequenas, muito embora as grandes já apresentem quota substancial no setor, com tendências a expansão). A solução não é tão distante, assim, da realidade: falta, apenas e tão somente, vontade política e coragem de agir. Ou seja, tudo (rsrsrs).
Um abraço,
GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO
FAZENDA SESMARIA - OLARIA - MG
<b>Obrigado!</b> Abraço, Marcelo