Identificar o período em que a vaca está fértil é um dos maiores desafios enfrentados pelos fazendeiros. É que, em mais de 60% dos casos, o cio ocorre à noite, quando não há nenhum humano por perto, segundo informações da japonesa Fujitsu. Muitas vezes, esse momento passa despercebido. Ninguém fica sabendo se houve cio ou não. Para dificultar ainda mais, é preciso duas ou mais tentativas para que a inseminação artificial funcione. E, se não dá certo na primeira vez, é preciso esperar mais três semanas para realizar uma nova tentativa.
A detecção do cio impacta na produtividade e no lucro do fazendeiro. Afinal, inseminações feitas na hora certa significam mais bezerros e mais leite. No caso dos chineses que contrataram a solução da coleira, o aumento na produção de leite foi de 25%. Isso representou para o produtor um ganho de US$ 420 por ano por vaca. A solução de monitorar vacas no cio já existe há algum tempo, segundo Marcelo Yamamoto, diretor de estratégia e marketing de Internet das Coisas da Huawei no Brasil. “Mas a tecnologia de conexão era outra”, diz. “Não era rede celular, como a de agora. Antes, o fazendeiro tinha que comprar a antena.” O produto atual dispensa investimento em infraestrutura de rede.
Dispositivo (a parte azul na coleira da foto) é um pouco maior do que uma caixa de sabonete. Cada uma das empresas responde por uma parte da solução. A Huawei é a dona do chipset que vai dentro dessa caixinha e da infraestrutura de comunicação. A China Telecom é a operadora que fornece a rede de telefonia móvel (e quem vende a solução na China). E a Aotoso fabrica o dispositivo, que é acoplado ao colar que colocam na vaca. Ele detecta se a vaca está no cio de acordo com o movimento do animal. No período fértil, as vacas se movimentam mais.
Por ora, o dispositivo está em uso apenas na China, em fazendas de gado leiteiro. Mas a Aotoso faz, neste momento, sondagens em outros mercados, como o Brasil. Aqui, a parceira Huawei vai avaliar se há interessados.
Monitoramento pelo pé
A Huawei não é a primeira a monitorar vacas. Um outra solução proposta pela Fujitsu tem a mesma proposta, mas, no lugar de coleira, a empresa japonesa escolheu um pedômetro. O aparelho envia o número de passos dados pelos animais em um dia à nuvem e fornece, assim, informações importantes.
A Fujitsu verificou com o pedômetro que, quando as vacas estão no cio, elas andam muito mais. Com base no uso do dispositivo, a empresa definiu ainda um ponto ótimo do momento do cio e descobriu que, se a inseminação ocorrer quatro horas antes dessa marca, a chance de o filhote ser fêmea é maior. Nas quatros horas depois, aumenta a probabilidade de o procedimento gerar um macho.
Com a sua tecnologia, a Fujitsu diz que a chance de a inseminação funcionar de primeira aumenta de 44% para 90%.
As informações são da Revista Época, adaptadas pela Equipe MilkPoint.