USDA: perspectivas para o mercado internacional

Segundo relatório do USDA, há sinais de enfraquecimento dos preços globais para os próximos meses. Contudo, essa redução não deve ser drástica, já que a oferta e demanda por lácteos nos mercados internacionais não devem apresentar grandes mudanças para o restante do ano de 2010. É mais provável, portanto, que o reajuste de preços seja um reflexo do aumento previsto para a próxima safra da Oceania, do que uma tendência de queda do consumo.

Publicado por: MilkPoint

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Durante o primeiro semestre de 2010, os mercados internacionais de produtos lácteos foram surpreendentemente fortes com o preço médio da manteiga e queijo na Oceania próximos dos US$ 4.000 a tonelada (FOB), enquanto o do leite em pó desnatado (SMP) ficou acima dos US$ 3.000 a tonelada. Segundo o relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), chamado "Dairy: World Markets and Trade" de julho, a alta aparentemente ocorreu devido a uma combinação de uma menor oferta do que o previsto na Oceania, principalmente na Nova Zelândia, aliada a uma modesta recuperação na atividade econômica global, que estimulou a demanda.

Embora exista significativa quantidade de leite em pó desnatado e manteiga, provenientes do estoque de intervenção da União Europeia, esses volumes estão sendo cuidadosamente exportados para não prejudicar o mercado interno europeu e, consequentemente, seus produtores. Nos Estados Unidos, o estoque de leite em pó desnatado já foi em grande parte distribuído para programas assistencialistas.

Há sinais, porém, de enfraquecimento dos preços globais para os próximos meses. O mais recente leilão da Fonterra realizado no início de julho, apesar de não ser um reflexo transparente do comportamento do mercado, indicou uma queda de 10 a 15% na variação mensal nos preços para manteiga, leite em pó desnatado e leite em pó integral (WMP). Na UE, os preços do leite em pó desnatado e do soro de leite apresentaram queda; enquanto o leite em pó integral, queijo e manteiga, permaneceram relativamente estáveis, em níveis surpreendentemente elevados.

Contudo, qualquer redução drástica de preços é pouco provável, pois as condições fundamentais que regem a oferta e a demanda nos mercados internacionais não devem apresentar grandes mudanças para o ano de 2010. Nos EUA e UE, os respectivos mercados domésticos têm mostrado relativa melhora desde 2009 e as previsões não apontam para uma queda acentuada de preços, seguindo a tendência global, o que provocariam a formação de estoques governamentais.

É mais provável, portanto, que o reajuste de preços seja um reflexo do aumento previsto para a próxima safra da Oceania, do que uma tendência de queda do consumo. Os recentes indicadores econômicos, especialmente em mercados emergentes na Ásia, continuam positivos, com o PIB Mundial apresentando previsão de crescimento entre 3 e 4% frente ao ano de 2009. Na Ásia, a expectativa de crescimento é próxima de 8%, enquanto num dos principais mercados importadores, a China, é de 9-10%. Para o México, importante importador de commodities lácteas dos Estados Unidos, a previsão de crescimento após recuperação da crise é de 4,5%.

Nos EUA, a demanda por lácteos deve continuar firme com o crescimento do PIB previsto em 3-4% - uma reviravolta se comparado com o encolhimento da economia em 2009 (-2,4%). Entretanto, a taxa de desemprego a níveis recordes entre 9-10% deve ser observada cuidadosamente. Na Zona do Euro, o PIB deve crescer modesto 1%; porém, a crise de crédito, particularmente na Grécia, é um fator preocupante que pode arruinar o mercado.

Do ponto de vista da oferta, enquanto a produção de leite da Nova Zelândia nessa nova safra deve apresentar um crescimento de 3 a 4% frente à safra anterior (2009/2010), a perspectiva da Austrália de reverter uma redução na produção de leite está se tornando uma tarefa dificílima, uma vez que a seca é cada vez mais normal na região e chuvas têm se tornado a exceção. Além disso, os estoques de produtos lácteos da Oceania estão em níveis baixos, particularmente de leite em pó integral, e qualquer retomada na demanda ou queda na produção prevista pode acarretar em aumento dos preços.

Nos Estados Unidos e na União Europeia, enquanto a produção de leite deve apresentar variação positiva, o crescimento significativo do consumo no mercado interno pode pressionar os preços.

As informações são do USDA, traduzidas e adaptadas pela Equipe MilkPoint.


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André Weiler
ANDRÉ WEILER

SÃO MARTINHO - RIO GRANDE DO SUL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 03/08/2010

Ola Fernando! Você explicou muito bem o q acontece com nós produtores, sou produtor desde 1985 e já estou cansando desse desrespeito q acontece com nós.
Sempre q a indústria precisa fechar a conta dos seus custos sobra p nós, seria muito fácil produzir leite se também tivesse maneiras de passar nossos custos adiante, ex: esse mês o preço do leite caiu, então vou pagar menos pela ração e pela mão de obra!! Mas sabemos q isso ñ existe, é só o produtor q sofre esse tipo de injustiça. Como bem falou nosso amigo Fernando, SÓ SABEMOS O Q VAMOS RECEBER PELO LITRO DE LEITE NO ÚLTIMO DIA DO MÊS,depois de todos os custos feitos. Fica aqui o meu protesto.
Fernando Bueno Simões Pires
FERNANDO BUENO SIMÕES PIRES

SANT'ANA DO LIVRAMENTO - RIO GRANDE DO SUL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 02/08/2010

Dificil de entender?

Olha, sou produtor de leite em Santana do Livramento. Entrego de leite para uma Cooperativa de Pelotas-RS. Mes de JUNHO, o preço do litro do leite padrão, pago ao produtor baixou R$0,05. Neste mes de JULHO, mais R$0,05, ficando o litro agora em R$0,53
Já estamos recebendo menos do que ganhavamos em FEVEREIRO de 2010, (R$ 0,54), e isso em plena entressafra. Houve uma suba em fevereiro, outra em março, e a última em abril, subindo no período, R$0,14. Como já nos tiraram R$ 0,10, no mes que estamos, AGOSTO, deverão tirar mais. Alegam o que sempre alegam, os "culpados" são o "dólar" e o "mercado". Nunca é o "supermercado" as grandes "redes", a incapacidade adiministrativa. Por exemplo, em um "supermercado" daqui, da semana passada, até ontem, o Longa Vida foi de R$1,35 para R$1,48, o mais caro, e o mais barato, de R$1,35 para R$1,43. Para nós produtores, caiu R$0,05 em Junho, e R$0,05 em julho. Ruim? Coisas do "mercado"não é? O pior é que a queda para nós, foi anunciada, como sempre, no último dia do mes. E assim mesmo porque buscamos a informação. Assim, em 30/06/2010, ficamos sabendo que o leite produzido, e já entregue em junho, valia R$0,05 a menos. Agora, em 30/07/2010, ficamos sabendo que o leite entregue em julho, também valia R$0,05 a menos. Já desistimos da briga direta com a Cooperativa. Buscaremos outros caminhos. Fica apenas uma certeza - a de que, para administar uma empresa desta maneira, basta saber apenas operar uma calculadora, e não respeitar aquele que é a razão de ser da indústria, ainda mais uma Cooperativa, o PRODUTOR. Resta-nos buscar outros caminhos que já sabemos, existem, e não apenas colocar a culpa nos dois "malandros" (o dolar e o mercado), que "encobrem" outros malandros que escondem-se atras deles.

Fernando Bueno Simões Pires
Produtor de leite em Livramento-RS, desde 1988.
Qual a sua dúvida hoje?