Uruguai: Olam deve comprar projeto leiteiro neozelandês

A venda do projeto leiteiro neozelandês no Uruguai para a firma de Cingapura, Olam, permitiria completar o plano original de produção que prevê, para 2011, contar com 49 fazendas e 42.000 vacas sendo ordenhadas. Em dois meses, a <i>New Zealand Farming Systems Uruguay</i> (NZFSU) deve concluir a operação pela qual venderia suas ações para a firma <i>Olam International</i> por US$ 78 milhões.

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A venda do projeto leiteiro neozelandês no Uruguai para a firma de Cingapura, Olam, permitiria completar o plano original de produção que prevê para 2011 contar com 49 fazendas e 42.000 vacas sendo ordenhadas. Em dois meses, a New Zealand Farming Systems Uruguay (NZFSU) deve concluir a operação pela qual venderia suas ações para a firma Olam International por US$ 78 milhões. Isso permitiria que o projeto de produção intensiva de leite introduzido pelos neozelandeses em 2006 - que foi interrompido pela crise internacional - completasse sua execução, disseram fontes vinculadas à operação.

Os diretores da Olam já estiveram no Uruguai e se mostraram "muito interessados" em seguir expandindo o negócio. A Olam já adquiriu 18,5% da NZFSU e, na semana passada, fez uma oferta pública na bolsa da Nova Zelândia para ficar com os 81,5% restantes do negócio no Uruguai, que também inclui 11% da PGG Wrightson, a empresa que possui um contrato para gerenciar o empreendimento até 2014.

Embora consultores ainda devam revisar a oferta, é quase certo que a venda da NZFSU se concretize. Isso porque a maioria dos acionistas está inquieta pelas perdas que o negócio teve nos dois últimos anos, em razão da seca e da crise internacional. Com a chegada do novo investidor, o projeto inicial da NZFSU completaria seu ciclo, ou seja, passaria das 31 fazendas que têm distribuídas em 24.000 hectares para 49 estabelecimentos em uma superfície de 32.000 hectares. Assim, a produção de leite deve chegar a 254 milhões de litros na safra de 2011-12, com 42.000 vacas sendo ordenhadas.

As informações são do El País Digital, traduzidas e adaptadas pela Equipe MilkPoint.
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roberto mascarenhas
ROBERTO MASCARENHAS

SANTA MARIA - RIO GRANDE DO SUL

EM 11/08/2010

Caro Mario Sergio

Entendo em parte a sua posição em relação ao investimento neozeolandes.
De fato projetos de produção a pasto ditos de baixo custo podem tornar-se inviáveis se não forem tomados todos os cuidados com o conhecimento da área onde o investimento será feito, que envolvem os fatores ambiente-planta-animal, para deixar mais claro e de fácil entendimento, é necessário saber exatamente qual o potencial de produtividade em MS/ha do pasto na região, qual a sua devida qualidade expressa em energia metabolizável para que se possa estimar quantos quilos de MS serão necessários para produzir certa quantidade de leite(isto torna-se um pouco difícil, visto que no Brasil ainda não temos as tabelas de requerimento do nosso rebanho leiteiro), qual a frequência pluviométrica histórica, qual o tipo de solo que estas trabalhando, se existe a necessidade de irrigação para garantir a oferta de forragem, qual a raça que usarás no sistema a pasto visto que uma vaca holandesa de alta produtividade em confinamento certamente não expressará o seu potencial em uma dieta baseada em pasto. Aqui na NZ todo o melhoramento genético é feito em cima da conversão de MS em KG de sólidos no leite, o fenótipo da vaca não é tão importante! Existem uma série de fatores a serem considerados antes de se tomar a decisão de produzir a pasto, semi confinado ou confinado. Não existe uma regra que se aplique para toda e qualquer região, cada caso é um caso!! Eu me arrisco dizer que o projeto no Uruguai ainda tem muito a aprender com as peculiaridades da região, mas que tem muito potencial e que se aliado ao crescimento da soja por exemplo no país (Uruguai saltou de menos de 3 mil ha de soja em 2000 para em torno de 700 mil em 2009) talvez também adapte a dieta e a seleção desses animais para melhor responder a uma dieta diferenciada e aumentar ainda mais os índices produtivos. Existe a possibilidade de um grupo Argentino formar uma mega fazenda de leite confinado no Uruguai, essa será uma oportunidade ímpar para analisarmos a eficiência dos dois sistemas comparados nas condições apresentadas no Uruguai! Na minha opinião não podemos ser radicais ao afirmar que projeto de produção a baixo custo é balela e inviável, pelo contrário, com o conhecimento necessário ele pode ser extremamente rentável dependendo das condições acima citadas!abraço!

Caro Antonio Carlos,
Concordo em parte também com sua colocação, realmente no Brasil carecemos de uma política agrícola ainda inexistente. Mas para sermos competitivos, além de uma política agrícola adequada, necessitamos também adaptar os sistemas produtivos nas diferentes regiões de maneira que a margem para o produtor aumente junto com o aumento dos índices produtivos! Como? Através de pesquisa e extenção! Tudo passa pelo conhecimento dos porquês nas práticas adotadas! E no caso que falastes de montar algo "com o dinheiro dos outros" não se aplica a este caso, pois a maioria dos investimentos são de produtores de leite aqui da NZ.abraço!
antonio carlos guimaraes costa pinto
ANTONIO CARLOS GUIMARAES COSTA PINTO

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 09/08/2010

Montar fazendas de leite com o dinheiro dos outros eh facil, se quebrar o problema sao dos investidores. Quero ver fazer como os sofridos produtores brasileiros, que nao tem margem de lucro p/ investir devido aos preços baixos, e nao temos ajuda alguma por parte do governo(ou alguem acha que emprestimos p/ se pagar em cinco anos resolvem esta questao?). Vao-se que este projeto tal qual o Leite Verde da Bahia, sao mais um daqueles golpes tipo Fazendas Boi Gordo e Gallus como foi dito pelo Mario Sergio(nao se esqueçam dos avestruzes). O governo mao tomara alguma providencia quando o Brasil virar um grande importador de leite(depois que a maioria abandonar a atividade). Tome dinheiro facil para começar de novo todo um processo que levara anos para retornar. Abraços.
roberto mascarenhas
ROBERTO MASCARENHAS

SANTA MARIA - RIO GRANDE DO SUL

EM 07/08/2010

Boa noite a todos os leitores!
Bom pessoal, eu estou morando e estudando na Nova Zelândia já fazem quase dois anos, então acompanhei de perto todo o investimento feito pelos Neozelandeses no Uruguai. Alguns pontos que merecem atenção:
- O projeto em si é muito interessante e realmente a realidade do leite a pasto, com um custo inferior é uma realidade aqui na NZ, visto que eles não produzem grãos em larga escala, impossibilitando assim uma dieta altamente baseada em concentrados, tornando a produção a pasto através basicamente de azevém perene+trevo branco + alguma fonte energética como silagem de milho, aliado a uma alta eficiência no manejo de utilização da forragem produzida, tornando assim uma alternativa viável
-Cabe lembrar que aqui na Nova Zelândia existe uma cultura de extrema eficiência no manejo das pastagens baseado em suas curvas de crescimento estacionais.Toda e qualquer região da Nova Zelândia tem um banco de dados com crescimento do pasto e sua devida qualidade energética nas diferentes estações do ano.
Tendo esses fundamentos básicos em mente vamos ao que ocorreu no Uruguai:

O plano original era comprar as fazendas pertencentes a PGG Wrightson, que seria uma área de 2686ha e depois comprar mais 4000ha no futuro próximo. Com o tempo, a empresa planejava comprar mais fazendas totalizando 24.000 ha.

No entanto, como a captação de capital fluiu, e os preços dos lacticínios subiram na época, os diretores decidiram acelerar os seus progressos de compra de fazendas e até Junho de 2007, apenas sete meses após o aumento do capital inicial, que possuía 26.523 ha , em Junho de 2008, este cresceu para 36.300 ha . Isso foi muito além da previsão de prospecto original.

O problema com esta estratégia foi que a empresa estava usando todo o seu dinheiro comprando somente áreas de terra ainda não "desenvolvidas" e adaptadas para o modelo neozelades e não reconheceram que teriam que suportar grandes despesas com irrigação a fim de garantir a oferta de forragem.

Na verdade, na minha opinião foi um erro estratégico gravíssimo, que comprometeu muito a capacidade da empresa de suportar as adversidades que por ventura pudessem surgir.

Somado a tudo isso existe o fato de o clima do Uruguai, apesar de estar praticamente na mesma latitude da parte norte da ilha norte da Nova Zelândia, tem uma influência continental e não oceânica, tornando-o muito mais quente que na NZ principalmente no verão, o que impossibilita a perenização do azevém, que no caso aqui da NZ a pastagem dura 10 anos ou mais sem a necessidade de renovação constante.

Somem a tudo isso duas secas brutais sofridas pelo Uruguai durante o processo de implantação do projeto...Resultado? Índices produtivos muito abaixo dos esperados, dificuldade quanto ao manejo do pasto, baixa taxa de crescimento do pasto devido a seca, e por consequência perdas expressivas que levaram as ações a despencarem e deixaram os acionistas inquietos.
O projeto pode e será viável, é preciso tempo e $!
Abraço
Mário Sérgio Ferreira Zoni
MÁRIO SÉRGIO FERREIRA ZONI

PONTA GROSSA - PARANÁ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 06/08/2010

Bom Dia Sr Roberto

Acredito que o Sr não tenha lido a matéria, caso tenha não entendi a pergunta, pois a venda não está sendo feita por oportunidade de lucros e sim por não suportar as perdas. Para que conhece o projeto e os envolvidos a palavra inquietos foi muita gentileza da matéria.

Quaisquer dúvidas acesse a matéria no El pais digital.

Atenciosamente

Mário Sérgio Zoni
Roberto Trigo Pires de Mesquita
ROBERTO TRIGO PIRES DE MESQUITA

ITUPEVA - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE GADO DE CORTE

EM 05/08/2010

Seria interessante sabermos se os vendedores neozelandeses vão perder, empatar ou lucrar com a venda para os compradores de Cingapura.

Só assim poderemos avaliar se o investimento no Uruguai foi inapropriado ou simplesmente uma bem finalizada operação comercial dos empreendedores ao atingirem o "wayout" do projeto.
Mário Sérgio Ferreira Zoni
MÁRIO SÉRGIO FERREIRA ZONI

PONTA GROSSA - PARANÁ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 05/08/2010

Boa Noite Roberto

Na verdade isto comprova que a balela do leite a baixo custo só existe na propaganda, ou em projetos "pega bobo" como já o foram os da Boi Gordo e da Gallus. O projeto no Uruguai acmulou perdas tão expressivas que se não for vendido para a Olam, provavelmente se inviabilizará pela fuga dos investidores locais que estão não apreensivos e sim apavorados com o mico.

Abraços

Mário Sérgio Zoni
Roberto Jank Jr.
ROBERTO JANK JR.

DESCALVADO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 03/08/2010

Isso confirma que para produzir leite no Uruguai nem tudo são rosas.
Qual a sua dúvida hoje?