Segmento de laticínios debate acordo com europeus
Representantes do Silemg-MG e de outros estados produtores se reuniram ontem (29) para discutir os principais gargalos e ações necessárias para impulsionar o setor. Dentre os assuntos abordados o de maior preocupação se refere ao acordo de integração comercial entre a União Europeia e os países integrantes do Mercosul. Caso confirmado, o acordo poderá impactar de forma negativa na cadeia leiteira do Brasil devido ao ingresso de volumes irrestritos, principalmente de soro e queijos, provenientes da União Europeia no mercado local.
Publicado por: MilkPoint
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De acordo com o presidente do Silemg, Alessandro Rios, o receio do setor é de que a abertura do mercado brasileiro para o ingresso dos produtos lácteos originários da UE sirva de moeda de troca para abrir espaço no mercado internacional para produtos que o Brasil possui grande competitividade, como açúcar, grãos e carnes. "O aumento da oferta de produtos importados, principalmente queijos, poderá afetar ainda mais o setor no país uma vez que a oferta já é grande, os preços estão praticamente estáveis e são insuficientes para gerar lucro significativo aos produtores. Além disso, os produtos de lácteos da UE recebem subsídios, o que vem a comprometer a competitividade dos produtos nacionais", disse Rios.
Para Rodrigo Sant'Anna Alvim, presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), "o ingresso sem controle de lácteos no mercado brasileiro poderá causar impactos negativos na cadeia leiteira, como a provável redução dos preços do produto nacional devido à perda da competitividade frente aos europeus. O acordo da forma que conhecemos hoje não agrada nem um pouco o setor, por isso é importante que a cadeia esteja unida e buscando soluções para defender o mercado nacional", disse Alvim. No próximo dia 30 será realizada nova reunião.
A proposta elaborada pela União Europeia condiciona o livre acordo de comercialização com o Mercosul ao livre ingresso de queijos e soro de leite nos mercados brasileiro, argentino e uruguaio. "Os representantes da UE estão interessados principalmente no mercado brasileiro por estar em plena expansão e ser maior que o dos demais países envolvidos. Por isso, é preciso que o governo seja cauteloso e evite que os produtores de leite sejam mais uma vez penalizados", finalizou Alvim.
Mercado nacional de queijos seria o mais prejudicado
De acordo com o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Queijos, (Abiq), Luiz Fernando Esteves Martins, o principal produto lácteo que deverá ser importado pelo Brasil é o queijo. "A Europa quer exportar produtos com alto valor agregado que gere renda significativa para os produtores e empregos na Europa. Com isso, o setor brasileiro de lácteos teme ser usado como moeda de troca para beneficiar setores que querem se aproveitar do mercado europeu. No caso do leite em pó não há grandes riscos por ser uma commodities barata e que não irá remunerar significativamente o produtor europeu", disse Martins.
A matéria é de Michelle Valverde, publicada no Diário do Comércio, resumida e adaptada pela Equipe MilkPoint.
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