Saiba o que é o La Niña e os possíveis efeitos para 2012

Os impactos dos fenômenos climáticos La Niña e El Niño freqüentemente trazem dúvidas para produtores e empresas de laticínios. Frente a isso e à expectativa do que está por vir em 2012, o MilkPoint entrevistou a Somar Meteorologia para esclarecer alguns conceitos e trazer informações importantes para o ano que entra.

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Os impactos dos fenômenos climáticos La Niña e El Niño freqüentemente trazem dúvidas para produtores e empresas de laticínios. Frente a isso e à expectativa do que está por vir em 2012, o MilkPoint entrevistou a Somar Meteorologia para esclarecer alguns conceitos e trazer informações importantes para o ano que entra, a fim de que o produtor de leite possa se preparar. A entrevista foi realizada com Cássia Beu, Meteorologista e Marco Antonio dos Santos, Eng° Agrônomo e Agrometeorologista.

01. O que é o fenômeno La Niña? E como é sua ação no território brasileiro?

O La Niña é uma variabilidade climática natural, ou seja, acontece com certa frequência e com influência em diversos pontos do mundo. O La Niña é detectado primeiramente pelo resfriamento anômalo das águas no oceano Pacífico Equatorial (costa do Peru). No Brasil, os impactos são diferentes para cada região. Nos Estados da Região Sul, o principal impacto é a redução e principalmente irregularidade da chuva. As estiagens associadas ao La Niña podem prejudicar as pastagens nos Estados do RS, SC e PR. Já em MG e GO, o impacto negativo está associado à irregularidade do início da estação chuvosa. Nestes dois Estados, os primeiros meses de chuva são muito irregulares. Já no verão, as chuvas são constantes, porém a falta de insolação pode prejudicar o desenvolvimento dos pastos.

02. E o El Niño?

Assim como o La Niña, o El Niño também é uma variabilidade climática natural de escala global. Ou seja, também tem impactos em diversos pontos do planeta. O fenômeno é detectado pelo aquecimento anômalo das águas do oceano Pacífico equatorial. No Brasil, o El Niño produz chuva em excesso nos Estados da Região Sul e muitas vezes, eventos associados à inundações. No Sudeste, os eventos de chuva forte são alternados com períodos de insolação e de forma geral a condição é boa para o desenvolvimento das pastagens, embora, tenha o risco da estação chuvosa terminar um pouco mais cedo, o que pode prejudicar as pastagens na estação seca.

03. Esses fenômenos acontecem de formas isoladas ou há interação/sinergia entre eles?

Os fenômenos são isolados. Na verdade, existem 3 cenários climáticos principais: El Niño, La Niña e neutralidade (ausência de El Niño e de La Niña).

04. Qual é o fenômeno que vai acontecer em 2012? E qual a intensidade que irá acontecer?

O La Niña já está configurado desde o início deste mês e as projeções indicam sua intensificação nos próximos meses, devendo enfraquecer somente no outono, a partir de abril/maio. É um La Niña de intensidade moderada à forte, semelhante ao que tivemos no verão de 2010/2011.

05. Como o produtor de leite pode se precaver para não ter sustos, na hora da plantação de forrageiras e demais culturas?

O produtor deverá em primeiro lugar consultar as previsões meteorológicas com o intuito de auxiliá-lo de quando as chuvas voltam, ou melhor, se normalizam na sua região. Afinal, uma das características do La Niña é que as chuvas nas regiões Centro-Oeste e Sudeste demoram mais a voltar, ou seja, as chuvas tendem a voltar somente na segunda metade da primavera, quando normalmente, em anos normais (sem a atuação de nenhum fenômeno climático) voltam já no início da primavera. Já na região Sul, as chuvas tendem a ocorrer já no final do inverno, entre o final de julho e agosto.

Dessa forma, sabendo como será o regime de chuvas na região, o produtor poderá se organizar tanto para a renovação e tratos culturais como no plantio de novas áreas de pastagens. Além disso, sabendo que as chuvas irão demorar mais para chegar, o produtor poderá adquirir rações e demais suplementos alimentares antes e assim não correr o risco de comprar com preços mais elevados.

Além disso, o La Niña provoca maiores períodos de 'invernada' (vários dias chuvosos) sobre o CO e SE durante o verão, mais isso não irá trazer problemas as pastagens, pelo contrário, irá favorecer o seu crescimento. Por outro lado, as chuvas em excesso em praticamente todas as regiões produtoras do CO, SE, N e NE, poderão prejudicar o transporte (logística), uma vez que as estradas estarão precárias e inundadas pelo excesso de chuva.

Já no Sul, principalmente no RS em anos de La Niña a tendência normal é que provoquem uma redução nos volumes de chuvas e muitas vezes períodos maiores de estiagem, com isso os pastos sentem os efeitos do déficit hídrico e com isso não conseguem dar conta de toda a demanda alimentar dos animais. Desse modo, os produtores poderão, sabendo que isso tem grandes chances de ocorrer, adquirir rações e suplementos alimentares com antecedência e assim não deixar que sua produção sofra um decréscimo.

Consequências do La Niña:

La Niña: é um fenômeno oceânico-atmosférico que ocorre nas águas do Oceano Pacífico (equatorial, central e oriental). A principal característica deste fenômeno é o resfriamento (em média de 2 a 3° C) fora do normal das águas superficiais nestas regiões do oceano Pacífico.

- produz fortes mudanças na dinâmica geral da atmosfera, alterando o comportamento climático;

- Sua intensidade é tão forte que os episódios La Niña permitem, algumas vezes, a chegada de frentes frias até à Região Nordeste notadamente no litoral da Bahia, Sergipe e Alagoas, e na Região Norte principalmente Rondônia e Acre.

Figura 1


Figura 2
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RINALDO DE PAULA CAMPOS
RINALDO DE PAULA CAMPOS

LIMA DUARTE - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 03/12/2011

EU GOSTEI DO COMENTÁRIO SOBRE O FENOMENO CLIMÁTICO.
ANTONIO ARAUJO DE SOUZA
ANTONIO ARAUJO DE SOUZA

OUROLÂNDIA - BAHIA - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 03/12/2011

Boa noite Dra. Beatriz


Mesmo não sendo produtor de leite, mas como os efeitos do la nina influenciam de forma decisiva em toda produção agropecuária nordestina, inclusive a ovinocaprinocultura de corte, seguramente a cadeia produtiva mais adaptada às adversidades climaticas regional, solicito mais detalhes quanto aos efeitos do la nina no semiárido baiano, mais precisamente na Bacia do Alto Rio Salitre, coordenadas 41X11, onde sou ovinocaprinocultor.


Na oportunidade quero parabenizá-los pelo volume de belas informações diárias que voces produzem e nos prestam.


Atenciosamente


Antonio Araujo
Maria Beatriz Tassinari Ortolani
MARIA BEATRIZ TASSINARI ORTOLANI

PIRACICABA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 02/12/2011

Prezado Creomatson,

Segundo dados do IBGE (referente a 2010), o nordeste hoje é responsável por 13% da produção brasileira de leite, e vemos que está desenvolvendo constantemente a uma taxa 5% (2010 versus 2009), acompanhando o ritmo Brasil. Entendemos que será uma região promissora e aceitaremos sua proposta de dar um maior destaque nas próximas matérias.

Obrigada por deixar sua opinião!

Atenciosamente

Bia Ortolani
creomatson bezerra de almeida
CREOMATSON BEZERRA DE ALMEIDA

RECIFE - PERNAMBUCO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 02/12/2011

Lamentavelmente, nos frusta produzir no nordeste, pois as informações obtidas numa entrevista dessa natureza  pouco esclarece, mesmo considerando que hoje já existe uma razoavel produção de leite em nossa região.

Venturosa-Pernambuco-BRASIL

creomatson
Warlem
WARLEM

SÃO LUÍS DE MONTES BELOS - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 02/12/2011

São dados coletados por pessoas , isto não pode nos preocupar pois existe Um DEUS todo poderoso que é o dentetor de tudo e de todos , precisamos é confiar mais e fazer a nossa parte, e tudo irá bem em nome de nosso Senhor JESUS CRISTO amém!
Qual a sua dúvida hoje?