Roberto Trigo Pires de MesquitaFormado em Economia pela FECAP e pós-graduado em Administração de Empresas pela Universidade Mackenzie. Atuou como consultor em gestão de fazendas com ênfase para sistemas de produção com máxima agregação de renda. Atualmente, explora em sua fazenda um sistema de pecuária de leite e carne, com ênfase na produção de vitelo. |
MilkPoint: Breve descrição profissional:
Roberto: Nasci em São Paulo/SP, em 1946. Sou formado em Economia pela FECAP e possuo pós-graduação em Administração de Empresas pela Universidade Mackenzie.
Fui produtor de leite em Itupeva/SP até 2002, e atuei como consultor em gestão de fazendas com ênfase para sistemas de produção com máxima agregação de renda, orientados para o acesso ao mercado com produtos de alto valor agregado.
Atualmente, explora em sua fazenda um sistema de pecuária de leite e carne, com ênfase na produção de vitelo.

MilkPoint: Como é sua propriedade leiteira?
Roberto: A Fazenda Matão hoje vive a transição do projeto de produção leiteira com processamento em microusina própria do leite e derivados, para a exploração da pecuária de leite + carne, com ênfase para a produção do vitelo.
O vitelo é um bezerro submetido a uma dieta exclusivamente láctea. Em aleitamento artificial ou ao pé da mãe, o animal está pronto para o abate entre 4 a 8 meses de idade, com aproximadamente 180 quilos de peso vivo, carne saborosa, macia e cor de rosa, e comercializável com alto valor agregado.
O manejo ideal do vitelo é associado à produção de leite, pois nos primeiros dois meses de vida ele consome aproximadamente 1/3 das produções das mães e nos terceiro e quarto meses de vida chega a um consumo próximo aos 60%. A partir daí estão terminados, desmamados, liberando então 100% das produções diárias de leite, até o décimo mês da lactação, para ordenha e posterior destinação ao mercado.

MilkPoint: Como você encara essa mudança na sua propriedade?
Roberto: Eu não tenho dúvida de que ao associarmos a produção de leite com a criação do vitelo podemos chegar a um sistema de produção com máxima agregação de renda.
Entretanto, por razões meramente regionais, principalmente a total indisponibilidade da necessária mão de obra qualificada para manejo e ordenha das matrizes leiteiras, vejo-me obrigado a me dedicar apenas à criação do vitelo, abrindo mão da lucratividade da produção do leite cru e processamento dos derivados de leite com alto valor agregado.
MilkPoint: Quais as características de seu sistema de produção?
Roberto:: Trabalhamos atualmente com uma primeira safra na produção de vitelos, obtidos a partir de um rebanho comercial composto por 135 matrizes das raças Girolando, 1/2 sangue Simental x Nelore, e 1/2 sangue Angus x Nelore, e Nelore. A seleção das matrizes para composição do rebanho consolidado está sendo gerida a partir do controle ponderal dos vitelos aos 120 dias e 240 dias, bem como os ganhos diários até essas idades.
A partir da segunda safra, as mães dos bezerros com maiores ganhos diários até os 120 dias serão manejadas com os bezerros segregados e colocados para mamarem duas vezes ao dia enquanto os demais bezerros serão criados soltos ao pé da vaca até o desmame, que deverá ocorrer também aos 120 dias. É esse o tempo ideal para acabamento do vitelo de leite que pretendemos comercializar com aproximadamente 180 kg de peso vivo e 60% de rendimento de carcaça.

MilkPoint: Quais são as principais dificuldades que você tem na atividade?
Roberto: Basicamente a falta de acesso ao mercado. Como produtor de leite B durante mais de 30 anos, só vendi o meu primeiro litro de leite em 1998 quando montei a Microusina de Processamento de Leite e Derivados da Fazenda Matão.
Sem acesso ao mercado, o produtor de leite fica esperando o final do mês para saber por quanto o seu leite foi comprado e, pior ainda, será sempre remunerado pelo volume entregue e nunca pela qualidade.
MilkPoint: O que está melhorando no setor?
Roberto: A profissionalização dos produtores e a organização dos mesmos em torno de associações e cooperativas, orientadas para o fortalecimento do poder de negociação junto aos grandes agentes compradores do mercado.
MilkPoint: O que acha que falta no setor?
Roberto: Organização, visão de marketing e capacidade de gestão dos agentes primários, independentemente da busca por maiores volumes de produções. Engana-se quem acha que a lucratividade das fazendas de leite é simplesmente uma questão de produzir em grande escala.
O fundamento primordial para o sucesso da atividade é definir os objetivos de produção a partir do mercado (on demand) e, a partir daí, definir um plano de lucro para cada safra que compatibilize os ganhos de produtividade com a lucratividade.
MilkPoint: Qual personalidade admira no setor?
Roberto: Arthur Chinelato de Camargo, da Embrapa.
MilkPoint:Qual empresa admira no setor?
Roberto: As Usinas de Leite A (Leite Fazenda, Leite Xandô, etc.)
MilkPoint: Dica de sucesso ou frase preferida:
Roberto: Leite Pasteurizado, longa vida para quem bebe...
MilkPoint: Quais os serviços do MilkPoint você utiliza mais, e como o MilkPoint lhe auxilia no dia-a-dia?
Roberto: O portal como um todo é ótimo. Nos mantém informados sobre tudo que é relevante na atividade leiteira e engajados na busca por novas tecnologias que contribuam para o atendimento pleno das exigências, sempre crescentes, dos compradores finais dos nossos produtos lácteos.
