Reino Unido: rede Tesco corta preço do leite para "ditar uma tendência"

A decisão da rede varejista do Reino Unido Tesco de cortar os preços do leite pagos aos produtores provavelmente ditará uma tendência, oferecendo um alívio aos processadores, mas um desapontamento aos produtores, alertou o Shore Capital.

A rede Tesco cortará a partir de 1 de abril em 0,65 pêni (1,04 centavos de dólar) por litro, para 29,56 pêni (47,32 centavos de dólar) por litro, seu pagamento do leite aos produtores, após uma revisão, que destacou menores custos dos alimentos animais, graças principalmente a uma queda nos preços do trigo de £210 (US$ 336,19) a tonelada no ano anterior para £165 (US$ 264,15) a tonelada.

O supermercado calcula seu pagamento de acordo com uma fórmula, projetada pela consultora Promar, em cima de custos na fazenda por itens como alimentos animais, combustíveis e mão-de-obra, visando estabelecer o que a Tesco chama de "verdadeiro custo da produção".

A queda deverá ditar uma tendência entre os compradores, disse o analista do Shore Capital, Clive Black. "Não há dúvidas de que outros seguirão essa medida", disse Black, questionando se essa "tendência de baixa" nos preços lácteos ao produto começou, após uma recuperação de um pouco mais de 18 pêni (28,81 centavos de dólar) por litro em 2006 para 27 pêni (43,22 centavos de dólar) por litro no ano passado.

Alguns supermercados têm espaço para cortar seus pagamentos aos produtores e continuarem competitivos com a Tesco, segundo mostram dados de janeiro. O Marks & Spencer paga o maior preço, de 32,02 pêni (51,26 centavos de dólar) por litro, enquanto o Waitrose oferece 31,49 pêni (50,41 centavos de dólar) por litro e o Sainsbury paga 30,79 pêni (49,29 centavos de dólar) por litro.

A Milk Link anunciou que manteria seus preços no próximo mês. Entretanto, o grupo já é um dos que pagam menos, com um preço de 28,13 pêni (45,03 centavos de dólar) por litro.

A medida da Tesco segue um contínuo declínio nos preços dos lácteos nos mercados internacionais, com os valores no leilão da Fonterra, globalDairyTrade, caindo nesse mês para seu menor nível desde agosto de 2010, pressionado pela grande produção em muitos países exportadores.

Na Nova Zelândia, maior exportador, a produção foi 10,3% maior em janeiro do que no ano anterior, impulsionada pelo clima favorável e certa capacidade de expansão.

Entretanto, os preços do leite no Reino Unido, que já são menores do que em alguns outros países da Europa, escaparam do declínio mundial - elevando os custos aos processadores de lácteos do país e levando a uma onda de consolidação.

"Os preços excessivos aos produtores também vieram junto com altos custos relacionados ao petróleo, como coleta de leite, distribuição e embalagem, uma combinação que reduziu as margens dos processadores de leite fluido em particular", disse Black.

A reportagem é do Agrimoney, traduzida e adaptada pela Equipe MilkPoint.