Rabobank: setor leiteiro do Uruguai tem boas perspectivas
O Uruguai está muito bem posicionado com relação a seus principais competidores para manter e elevar sua produção de leite, em um contexto onde a demanda internacional seguirá sendo forte na maioria dos países importadores da América do Sul, China e sudeste da Ásia, disse o responsável pelos relatórios quadrimestrais e anuais da consultora internacional Rabobank, Tim Hunt.
Publicado por: MilkPoint
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Para ele, o aumento nas importações de lácteos está sendo avaliado pelas compras que estão sendo concretizadas pela China. Além disso, a Rússia teve que importar por causa da seca, a Coreia do Sul sofreu as sequelas dos focos de aftosa que surgiram no final do ano passado e a Índia não consegue cobrir sua demanda de lácteos com sua produção local. "A capacidade de resposta da produção mundial está limitada pelos altos custos de produção em todas as regiões", disse Hunt. No entanto, ele disse que esses são menores naqueles países onde se utiliza mais o pasto, como ocorre no Uruguai. Ele também citou problemas climáticos da Austrália e da Nova Zelândia, que afetaram a produção. Por esse motivo, os estoques são limitados e os preços internacionais têm evoluído para alta.
Hunt destacou algumas diferenças com relação ao "boom de preços" de commodities ocorrido em 2008 e que logo culminou com um colapso dos mesmos. Em primeiro lugar, recordou que a China em 2007 vinha reduzindo as compras de lácteos, enquanto que em 2010, esse país aumentou as mesmas em 64%. O país asiático explicou 50% da expansão do comércio de lácteos desde 2008. Além disso, os Estados Unidos é hoje um participante importante no mercado de lácteos.
O Rabobank prevê que os preços dos grãos se reduzam levemente esse ano, fato que permitirá que muitos produtores de leite possam pagar suas dívidas. De fato, no Uruguai, até o fim do ano passado e começo de 2011, alguns produtores de leite obtiveram créditos para sustentar a produção no inverno, já que a seca de verão obrigou a utilizar essas reservas de forragem.
Os representantes dos produtores que participaram do Inale concordaram que é altamente provável que o Uruguai possa cumprir com a meta de duplicar sua produção de leite em um período de dez anos. No entanto, o gerente geral da Cooperativa Nacional de Produtores de Leite do Uruguai (Conaprole), Rubén Núñez, advertiu que aparecem alguns pontos a serem considerados para o médio prazo para que esse processo culmine com êxito. Um deles é instrumentar uma estratégia para melhorar o acesso comercial aos mercados atuais. Núñez citou como exemplo o caso da Coreia do Sul, onde o Uruguai entra com uma tarifa de 33% para mussarela contra 10% pagos pela Austrália e Nova Zelândia. Algo similar ocorre na China, onde hoje a tonelada de leite em pó do Uruguai está US$ 200 mais cara que de seus principais competidores, produto de acordos tarifários e de cotas.
Por esse motivo, Núñez disse que o Governo deveria deixar de lado a "ortodoxia" comercial com a que se move dentro do Mercosul e apostar em uma "heterodoxia" que permita realizar acordos bilatérias com países como Malásia e Filipinas. "Esse é um tema de políticas públicas que não depende dos privados".
No entanto, o representante dos produtores do Inale ( Instituto Nacional do Leite), Horacio Rodríguez, disse que estão surgindo algumas "luzes amarelas" pelo aumento dos custos de produção - como advertiu Hunt -, porque o Uruguai está se aproximando aos valores dos países "confinadores". Por outro lado, o ministro da Pecuária, Tabaré Aguerre, disse que o Uruguai enfrenta um cenário muito bom, porque produz com eficiência e sem subsídios, ainda que estimulou a elevação da produtividade média.
As informações são do El País Digital, traduzidas e adaptadas pela Equipe MilkPoint.
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