Projeto na Bahia visa 100 mil litros/dia em 6 anos

Com crescimento anual de 25% nos últimos três anos, a Leite Verde já investiu R$ 100 milhões desde 2002. A previsão para o próximo ano é de uma receita de R$ 15 milhões, segundo o diretor da Leite Verde, Craig Bell. Hoje, a produção da Leitíssimo é de cerca de 20 mil litros de leite por dia, ou o equivalente a 7 milhões de litros por ano. O projeto é alcançar, em seis anos, uma produção de 100 mil litros por dia com 8,4 mil animais em lactação - 35 milhões de litros anuais -, segundo Bell.

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Foi em Jaborandi, uma cidade com apenas 9 mil habitantes no sudoeste da Bahia, que o neozelandês Simon Wallace, produtor de leite na Nova Zelândia, e outros seis investidores encontraram o que queriam e fundaram a Leite Verde, também chamada de fazenda Leitíssimo. Quem conta essa história é Craig Bell, atual diretor da empresa, que está há 13 anos no Brasil e trabalhou por 16 anos na Fonterra.

Com crescimento anual de 25% nos últimos três anos, a Leite Verde já investiu R$ 100 milhões desde 2002. A previsão para o próximo ano é de uma receita de R$ 15 milhões, segundo o diretor da Leite Verde.

Hoje, a produção da Leitíssimo é de cerca de 20 mil litros de leite por dia, ou o equivalente a 7 milhões de litros por ano. O projeto é alcançar, em seis anos, uma produção de 100 mil litros por dia com 8,4 mil animais em lactação - 35 milhões de litros anuais -, segundo Bell. O rebanho é de 3.200 fêmeas, sendo que 1.850 estão em lactação. A maior parte dos animais é da raça Kiwicross, um cruzamento entre as raças Jersey e a holandesa Friesian. Os demais são Jersey e Girolando.

Além de produzir leite, desde o fim de 2009 a empresa também está processando a metade de sua produção em laticínio construído na própria fazenda. O leite, integral, é envasado em embalagem pet longa vida com a marca Leitíssimo e é vendido principalmente em Salvador (BA) e em Brasília (DF). Há pouco mais de um mês o produto chegou à São Paulo.

O restante da produção de leite cru é vendido pela Leite Verde principalmente para a DPA, joint venture entre Fonterra e Nestlé na captação de leite no Brasil.

Criação a pasto reduz custo de produção

Os sócios da Leite Verde aproveitaram a experiência na Nova Zelândia para reproduzir no sudoeste da Bahia a criação de gado alimentado a pasto. Como na Nova Zelândia, o gado de Jaborandi é o Kiwicross, uma raça com mais de 100 anos de seleção no país da Oceania e adaptada para alimentar-se de pasto, conta Bell.

Além da boa conversão de pasto em leite, a produção sob sistema de pastoreio também significa menores custos. Em comparação com as 20 maiores fazendas de leite de Goiás, pesquisadas no Diagnóstico da Cadeia Produtiva do Leite do Estado, de 2009, os custos dos alimentos na Leite Verde são bem mais baixos: R$ 0,146 por quilo de matéria seca contra R$ 0,281 nas outras propriedades.

A produtividade dos animais na Leite Verde também é comparativamente maior. "Nós produzimos 4.100 litros por animal/ano. Num sistema de confinamento total, [a produtividade] é de cerca de 8.000 litros, mas a vaca tem 1,60 vezes mais peso que a nossa vaca", compara Bell.

As 3.200 fêmeas do rebanho da fazenda ocupam hoje 224 hectares da área total de 5 mil hectares da Leite Verde. Os animais estão distribuídos em quatro pivôs, onde é cultivado pasto da variedade tifton-85. Pelo projeto, o número de pivôs será ampliado para 20 em seis anos.

No centro de cada pivô de 56 hectares, há uma sala de ordenha com um sistema de banco de gelo para resfriar o leite o mais rápido possível, segundo Craig Bell. Das salas de ordenha, o leite é levado em caminhão refrigerado para o laticínio que fica na própria fazenda, a apenas quatro quilômetros dos pivôs.

O produtor afirma que a rastreabilidade do leite é total e é possível identificar o pivô de onde veio a matéria-prima. Além disso, como é engarrafado na própria fazenda, o leite tem menos perdas de nutrientes já que se gasta, em média, 60% menos tempo entre a ordenha e o envase, segundo a empresa.

A matéria é de Alda do Amaral Rocha, publicada no jornal Valor Econômico, resumida e adaptada pela Equipe MilkPoint.
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Edson Barreto Pinto Junior
EDSON BARRETO PINTO JUNIOR

OUTRO - BAHIA

EM 04/03/2015

Acho bem planejado esta técnica leiteira e gostaria de saber se voces vendem vacas descarte pois tenho interesse em comprar umas vacas  edsonbpinto@bol.com.br
RAFAEL
RAFAEL

GOIÂNIA - GOIÁS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 15/09/2011

Dentre os investimentos estão computados uma envasadora, fabrica de leite em pó, dimensionadas para a meta do projeto, sem falar que a fazenda ainda não esta sendo utilizada nem perto do potencial!
Maxon Soel
MAXON SOEL

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 20/05/2011

Eles so estao usando 224 ha dos 5000, se estou correto. oque estao cultivando nos mais de 4000 ha restantes?
Guilherme Alves de Mello Franco
GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 15/01/2011

Prezado Rodolfo: Com uma lactação média de 10,81 litros/animal/dia não há como ser viável este projeto e dificilmente se pagará em menos de trinta anos, muito tempo para arriscar num mercado extremamente instável. Além do mais, para aumentar a produção de leite para 100.000 litros/dia, os neozelandêses terão que adquirir mais 7400 vacas (isto, sem pensar em descartes, renovação de plantel, criação de bezerras), o que elevará, em muito, o preço do investimento, fora outros gastos paralelos, como aumentos de mão de obra, capacidade de ordenha, capacidade de planta de laticínio, medicamentos, inseminações artificiais, assistência técnica. Aos poucos, a cortina vai sendo suspensa e a realidade nos mostra outros lados da moeda.
Um abraço,



GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO
FAZENDA SESMARIA - OLARIA - MG
Ramon Benicio Lima da Silva
RAMON BENICIO LIMA DA SILVA

NITERÓI - RIO DE JANEIRO

EM 07/01/2011

Amigos,

Eu fiz uma conta e se meus cálculos não estão errados, considerando que 3,5 milhões de litros são vendidos para a DPA a R$ 0,70/lt e os outros 3,5 milhões de litros são envasados em usina própria e colocados no mercado por meio de distribuição própria a R$ 1,95. Considerando ainda uma margem bruta de 30% em ambos, isto significa que o investimento de 100MM só estaria pago após a produção de 125 milhões de litros ou cerca de 17 anos com a atual produção. Isto sem levar em conta o investimento necessário para manter a produção no ritmo atual e sem considerar algum tropeço de percurso. 17 anos já é longo prazo dilatado.

Ramon
Mário Sérgio Ferreira Zoni
MÁRIO SÉRGIO FERREIRA ZONI

PONTA GROSSA - PARANÁ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 06/01/2011

Boa noite Rodolfo e Roberto

Na verdade apenas parte da venda é direta, a outra parte vai para a DPA.

Ou seja o RSI não se viabilizaa nem no longo prazo.

Sugiro uma consulta aos resultados da experiência neozelandesa no Uruguai, como forma de comparativo de viabilidade.

Roberto Jank Jr.
ROBERTO JANK JR.

DESCALVADO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 05/01/2011

Rodolfo, considerando a informacao de que os 7 milhoes de litros sao comercializados a mais de R$ 2,15 por litro em media (R$ 15MM de faturamento), nao faz sentido um faturamento de apenas 15% do investimento. O RSI fica proibitivo, mesmo no prazo longo.
Adilson da Matta Andrade
ADILSON DA MATTA ANDRADE

MURIAÉ - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 04/01/2011

Boa tarde Rodolfo, mesmo após sua checagem, ainda estou curioso com o volume do investimento, mesmo projetando para os 100000 litros dia, e este custo
baixo mesmo com uma ordenha para cada pivô de 5000 litros, o custo financeiro dos R$100 milhões, mais o da mão de obra e este resfriamento do leite em cada setor, tem alguma coisa que não bate ai.
Ramon Benicio Lima da Silva
RAMON BENICIO LIMA DA SILVA

NITERÓI - RIO DE JANEIRO

EM 04/01/2011

Uma outra curiosidade.
Uma máquina de baixa produção de envase em garrafa PET pode envasar aprox. 2.000 lts/hora, então em 5 horas todo o leite do dia estaria envasado, já que a outra metade da produção é vendida para a DPA. Isto me parece uma capacidade ociosa, a não ser que a Leitissimo compre leite de outros produtores para rodar a produção pelo menos 8 horas por dia.
Ramon
Rodolfo Tramontina de Oliveira e Castro
RODOLFO TRAMONTINA DE OLIVEIRA E CASTRO

PIRACICABA - SÃO PAULO - MÍDIA ESPECIALIZADA/IMPRENSA

EM 04/01/2011

Olá Roberto,

Verifiquei a informação e os R$ 100 milhões referem-se aos investimentos da companhia em terras, animais, infra-estrutura, tecnologia, genética, fábrica, laticínio, entre outras coisas.

A alocação desse recurso, por razão comercial, não foi disponibilizada.

Roberto Jank Jr.
ROBERTO JANK JR.

DESCALVADO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 04/01/2011

R$ 100 milhões em investimentos para produzir 20 mil litros por dia? Alguma coisa esta errada nessa informação.
Qual a sua dúvida hoje?