Produtor, como você vem trabalhando a sustentabilidade na sua fazenda?

É inegável que o assunto está na 'boca do povo' e não tem como fugir. Inclusive, alguns especialistas no assunto, dizem que o sucesso futuro da indústria de lácteos depende da sua capacidade de contar a história sobre como o leite é produzido de forma sustentável e responsável. Segundo eles, os consumidores estão mostrando um interesse crescente pela origem de seus alimentos e estão procurando a garantia dos produtores, processadores e varejistas de que o alimento é produzido de forma responsável.

Publicado por: MilkPoint

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No último mês de julho, o MilkPoint iniciou as publicações de uma série sobre o Plano ABC, visto que assuntos relacionados à sustentabilidade e meio ambiente estão em alta. A ideia, é disponibilizar algumas perguntas e respostas extraídas de um material da Embrapa. E por que esse assunto é tão importante?

O temido ‘efeito estufa’

O fenômeno conhecido como "efeito estufa" ocorre quando a radiação solar, na forma de ondas curtas, que chega ao Planeta Terra, passa pela atmosfera, aquece a superfície terrestre e parte desta radiação é refletida novamente na forma de calor. Neste momento, este calor é bloqueado por alguns gases, e desta forma, intensifica a sua retenção nas camadas mais baixas da atmosfera.

Entretanto, aumentos recentes nas concentrações de gases com capacidade de retenção de calor, também chamados de Gases de Efeito Estufa (GEE), na atmosfera têm causado impacto no balanço de radiação solar do planeta, tendendo ao aquecimento da superfície da Terra. Os principais GEE contemplados pelo Protocolo de Quioto são: Dióxido de Carbono (CO2), Metano (CH4), Óxido Nitroso (N2O), Clorofluorcarbonos (CFCs), Hidrofluorcarbonos (HFCs), Perfluorcarbonos (PFCs), Hexafluoreto de enxofre (SF6).

Por sua vez, o termo "aquecimento global" significa que todo o planeta Terra está aquecendo, ou seja, a sua temperatura atmosférica média de superfície está aumentando ao longo dos anos como consequência do aumento do efeito estufa, o qual é devido ao incremento na concentração atmosférica de alguns GEE, em especial, o CO2, CH4 e N2O. Esse fato pode gerar alterações ou mudanças do clima.

O Brasil foi um dos países que sempre se mostrou sensível a esta questão, valorizando ações no âmbito nacional e internacional que propiciassem a mitigação das negativas consequências, pois, entende que existem elementos suficientes para concretização de mudanças do clima oriunda das atividades humanas, o que leva a preocupações em torno da qualidade de vida de toda a população.

Em 2009, o Brasil apresentou um compromisso internacional de redução de GEE. Essa redução envolve diversos setores da economia, visando, num primeiro momento, a redução do desmatamento, adoção de práticas sustentáveis na agricultura e aumento da eficiência energética.

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No caso específico da agricultura, o Brasil estruturou o Plano ABC, oficialmente denominado "Plano Setorial de Mitigação e de Adaptação às Mudanças Climáticas para a Consolidação de uma Economia de Baixa Emissão de Carbono na Agricultura", que é um dos planos setoriais estabelecidos em conformidade com a Política Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC) como parte da estratégia do Estado Brasileiro na mitigação da emissão de GEE e no combate ao aquecimento global.

Mas...quais são as consequências do aquecimento global e da mudança do clima sobre a agricultura e pecuária?

Naturalmente, a agricultura e a pecuária são dependentes das condições climáticas, uma vez que são atividades desenvolvidas em ambientes naturais transformados para produção (agroecossistemas), onde existe cultivo de plantas em solo com exposição direta a elementos meteorológicos (luz, temperatura, umidade, precipitação, ventos, gases atmosféricos, pressão atmosférica).

Portanto, a ocorrência da mudança do clima pode afetar a produção agropecuária e trazer consequências negativas e imprevisíveis para este setor, por diversos motivos, como o aumento na concentração de CO2, aumento da temperatura do ar e do solo e pelo aumento de secas e chuvas torrenciais (extremos pluviométricos).

Como consequência geral, a mudança do clima poderá ser tão intensa nas próximas décadas a ponto de mudar a geografia da produção agrícola no Brasil e no mundo. Assim, municípios que hoje são grandes produtores poderiam não ser mais, por exemplo, em 2020 ou 2050. Também existem previsões de que impactos negativos serão maiores nas regiões tropicais e subtropicais do que nas regiões temperadas.

Estudo recente mostra que o aumento de temperatura pode provocar, de um modo geral, uma diminuição no Brasil de regiões aptas para o cultivo dos grãos. Com exceção da cana-de-açúcar e da mandioca, todas as culturas sofreriam queda na área de baixo risco e, por consequência, no valor da produção, podendo provocar perdas nas safras de grãos de R$ 7,4 bilhões já em 2020 – número este que pode subir para R$ 14 bilhões em 2070.

Portanto, pode-se afirmar que existe uma sensível ligação entre as condições climáticas e a viabilidade da produção agropecuária, e destas com as concentrações atmosféricas de GEE, e que o equilíbrio entre estes fatores é influenciado pela dinâmica equilibrada de compostos de carbono na natureza.

E o que o agricultor e o pecuarista podem fazer em relação ao problema do aquecimento global?

A primeira questão é se informar. Apesar das emissões serem localizadas, o fenômeno de aquecimento é global, ou seja, afeta todo o planeta Terra. E desta forma, a sua interferência sobre o delicado sistema climático também será de forma globalizada, o que significa dizer que este problema deve ser resolvido por toda a humanidade.

Tanto a agricultura como a pecuária são atividades de extrema sensibilidade ao aumento de temperatura e às mudanças do clima. Por outro lado, estas atividades podem contribuir para mitigar os efeitos destes sérios problemas ambientais.

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De forma objetiva, o que o setor agropecuário deve fazer é reduzir ao máximo as emissões de GEE por produto agrícola produzido, e, em sentido contrário, aumentar ao máximo as remoções de GEE em biomassa e solo. Isto contribui para a redução do fenômeno do efeito estufa, proporciona a diminuição do aquecimento global e, adicionalmente, aumenta a eficiência e resiliência dos sistemas produtivos, assim promovendo a sustentabilidade agropecuária.

O que se deseja para o agricultor e o pecuarista da região tropical é que:

  • tenham acesso às tecnologias, produtos e serviços que proporcionem a adoção e/ou expansão de área com sistemas sustentáveis de produção, para que tenham melhorias ambientais; 
  • aumento na produtividade e qualidade do produto;
  • incremento na geração de renda, efetividade na conservação do solo e da água para reduzir os futuros impactos dos efeitos adversos da mudança do clima nas propriedades;
  • no futuro, sejam reconhecidos e remunerados por prestação de serviços ambientais.

Sustentabilidade na produção de leite

Nas fazendas de leite, algumas ações como tratamento de dejetos dos animais e uso de energia solar para geração de energia elétrica estão sendo adotadas para tornar o sistema ambientalmente sustentável. É inegável que o assunto está na ‘boca do povo’ e não tem como fugir. Inclusive, alguns especialistas no assunto, dizem que o sucesso futuro da indústria de lácteos depende da sua capacidade de contar a história sobre como o leite é produzido de forma sustentável e responsável. Segundo eles, os consumidores estão mostrando um interesse crescente pela origem de seus alimentos e estão procurando a garantia dos produtores, processadores e varejistas de que o alimento é produzido de forma responsável.

Gostaríamos muito de conhecer o que as propriedades leiteiras no Brasil estão fazendo para se engajarem nessa tendência.

Participe enviando a sua experiência por meio de um comentário no box abaixo, ou, se preferir, envie um e-mail para contato@milkpoint.com.br

Contamos com vocês! smileyyes

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João Nunes Cajazeira Ramos
JOÃO NUNES CAJAZEIRA RAMOS

BARRA DA ESTIVA - BAHIA - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 04/08/2018

Seria interessante citar, além da energia solar e tratamento de dejetos, o aproveitamento do biogas e do biofertilizante.
Qual a sua dúvida hoje?