O consumo de leite dos Estados Unidos continua declinando firmemente desde o meio dos anos setenta. Por que? O especialista em commodities lácteas, responsável pelo Blog MilkPrice, John Geuss, examinou os fatores que direcionam a queda no consumo e os esforços da indústria para reverter essa tendência.
Durante as últimas quatro décadas, o consumo de leite nos Estados Unidos mudou. As tendências dos consumidores mostraram uma redução contínua no consumo per capita de leite, queda de 25% desde 1975. Essa redução deverá continuar. A competição com bebidas alternativas continuamente se intensifica com a introdução de novos produtos. As tendências indicam uma redução de 830 ml de leite por pessoa por ano.
A composição desse leite também está mudando. Em 1975, o leite integral representava a maioria do leite consumido (68%). Hoje, o leite integral representa somente 26% das vendas e o leite com 2% de gordura se tornou líder de mercado, com 33% das vendas totais.
Não há razão para esperar mudanças nessa redução de participação de mercado do leite integral. A única coisa que não se sabe é qual das três formas do leite com teor reduzido de gordura crescerá mais rápido. Dados recentes sugerem uma mudança do leite com 2% de gordura para o leite com 1% de gordura.
O preço varejista do leite não é responsável por essa perda no consumo per capita. O índice de preços ao consumidor do leite caiu comparado com o Índice de Preços ao Consumidor geral para alimentos “preparados em casa”. Desde 1975, o preço relativo do leite caiu em 20% comparado com os gastos para todos os itens alimentícios. O aumento dos preços do leite pode ser responsável pela redução na demanda, mas dados mostram que o preço não está aumentando. Dessa forma, a redução no consumo de leite é claramente uma mudança nos hábitos de compra e de consumo.
Existem também mudanças significativas no processamento do leite fluido. Existem menos plantas processadoras, mas o tamanho dessas plantas aumentou dramaticamente. Desde 1975, o número de plantas processadoras caiu em 87% e a produção dessas plantas aumentou em 500%. Menos plantas, mas maiores, são uma indicação dos esforços da indústria para reduzir os custos e aumentar a eficiência de processamento.
Ao longo do tempo, tem havido esforços para mudar a tendência de redução no consumo de leite. Leites com sabor, como o leite com chocolate e morango, estiveram disponíveis durante o tempo dessa análise. Embalagens mais modernas foram desenvolvidas para melhorar a imagem e a atratividade.
Gastos com publicidade aumentaram e tornaram a propaganda do “bigode de leite” um símbolo facilmente reconhecido dos consumidores de leite nos Estados Unidos. Entretanto, nenhuma dessas ações mudou as tendências de consumo e não há razão para pensar que essas tendências de queda não continuarão.
O foco do produtor de leite precisa mudar do volume para os componentes do leite. O crescente mercado de exportação dos Estados Unidos para produtos lácteos não inclui o leite fluido, porque é muito caro exportar esse produto. O crescimento no consumo doméstico de produtos lácteos nos Estados Unidos está vindo de produtos processados, como queijos e iogurte, não de leite fluido.
A indústria de lácteos dos Estados Unidos precisa focar na produção de componentes, não no volume de leite. Embora isso pareça óbvio, as discussões dos produtores sempre focam no volume de leite, não na produção de componentes ou nos níveis individuais de componentes.
O artigo é de John Geuss, publicado no Dairy Reporter, traduzido e adaptado pela equipe MilkPoint.
